Carros

Esse Ferrari F365 GTB/4 Daytona é muito especial e não só porque conta com uma configuração muito particular, uma vez que mais que provavelmente é o único exemplar do valioso modelo italiano que foi utilizado como veículo de autoescola regularmente. 

Mas a verdade é que não se tratava de uma autoescola qualquer, mas da British School of Motoring (BMS), a organização decana das escolas de condução britânicas e ainda hoje a organização de seu tipo mais importante do Reino Unido, com mais de 1.000 instrutores atualmente.

Esse exemplar do Ferrari Daytona coupe foi utilizado por essa organização britânica no início da década de 70, época em que era o esportivo de produção mais rápido do mercado, com uma velocidade máxima de 280 km/h. 

O carro estava integrado dentro do programa ‘High Performance Course’, destinado a ensinar pilotagem em alta velocidade, de modo que alcançar sua velocidade máxima era algo mais que habitual para esse Ferrari, segundo afirmavam os instrutores da época.

O objetivo desse veículo era instruir os participantes desse curso e durante 4 anos serviu à BMS como veículo de testes. Depois de sua estadia na BMS passou a mãos privadas, primeiro no Reino Unido e em seguida com um colecionador australiano onde esteve cerca de quatro décadas, até que foi repatriado ao Reino Unido pelo especialista em carros clássicos Joe Macari, que atuava como vendedor no evento ‘The Bond Street Sale’ da Bonhams.

Lamentavelmente, não encontrou comprador nesse evento, onde também foi leiloado o Jaguar XJ220 C Competition que mostramos há algumas semanas, que é célebre porque foi desqualificado das 24 Horas de Le Mans 1993, onde havia conseguido a vitória de classe. 

O Jaguar também não conseguiu encontrar comprador nesse leilão, onde as estimativas apontavam ao Ferrari Daytona um valor entre 580.000 e 640.000 euros, números até que comedidos para um modelo desse tipo, sobretudo tendo em conta seu grande estado, histórico e particular configuração. O estado de conservação desse exemplar é magnífico e conta com a certificação Ferrari Classiche.

Não é muito habitual encontrarmos um Ferrari F365 GTB/4 Daytona como modelo de autoescola, mas tampouco é encontrar um exemplar com o volante à direita, pois só foram fabricados 158 exemplares com essa configuração. 

Além disso, é preciso somar uma combinação de cores bastante rara para esse modelo, pois não é habitual ver um Daytona nesse tom de azul combinando com o couro branco do interior, que nesse caso conta com as inserções ‘Daytona’ nos bancos pretos.

Essa unidade corresponde à primeira série fabricada do modelo, que se caracterizava por contar com os faróis cobertos por uma tampa de plexiglas. Na época essa configuração não agradou muito os clientes da marca, daí que em Maranello decidiram substituir essa frente por faróis retráteis mais atrativos. De modo que essas primeiras unidades fabricadas são denominadas ‘Plexi’ ou ‘Plexiglas’ e são bastante desejadas pelos colecionadores.