Carros

As grifes de luxo em moda e o automóvel já acumulam algumas décadas de boas sinergias. Trazendo um pouco a memória, fica fácil lembrar alguns dos muitos modelos que chegaram a ter uma ou várias edições especiais assinadas por designers de moda de renome.

No entanto, para a Rolls-Royce mudar um par de guarnições e adicionar um emblema distintivo não é suficiente. A marca britânica, fiel como sempre ao seu ideal de perfeccionismo, nesta ocasião optou por deixar que uma especialista da alta costura aplicasse sua visão particular da moda sobre um Phantom, sem limites além do que pudesse impor sua criatividade.

Assim, pelas mãos da estilista holandesa Iris van Herpen somos apresentados ao Rolls-Royce Phantom Syntopia, a última criação da divisão ‘Bespoke’ da marca. Este ‘one-off’ tão discreto e imponente por fora guarda, por outro lado, um micro mundo único em seu interior onde a atração principal pode ser contemplada elevando a visão.

O exterior do Phantom Syntopia, coisa atípica em um Rolls-Royce, Rolls-Royce, deixa os elementos cromado restritos a uma mínima expressão limitada à grade frontal, as maçanetas das portas, os emblemas e a clássica estatueta do ‘Espírito do Êxtase’.

Todo o resto envolve uma variante da pintura ‘Liquid Noir’ formulada especialmente para a ocasião. Um tom preto iridescente que, ao contato com uma determinada quantidade de luz, revela os tons em roxo, azul, magenta e dourado que oculta sob sua camada mais superficial e escura.

Inclusive o verniz contém parte desta pigmentação, em um árduo processo que levou vários meses e mais de 3.000 horas de testes. Aproximando-se do capô este revela, por sua parte, um acabamento com um padrão de linhas onduladas em roxo que já nos antecipa a tônica que encontraremos no interior.

Uma vez acessando o habitáculo, o trabalho artesanal de Iris van Herpen aparece já no painel, na forma de ‘correntes de ondas’ que recorrem as guarnições como se tratasse de uma espécie de ‘serpente marinha’. Uma ilusão que pode ser sentida como vista, já que cada onda parece estar representada em relevo.

Através de uma técnica desenvolvida pela própria designer, o couro da guarnição em questão é cortado à mão, criando as aberturas onduladas sob as quais se coloca um tecido de nylon cinza como contraste. O efeito tridimensional se arremata adicionando a cada onda uma pétala feita de seda.

Com esta técnica, e após quase 700 horas de trabalho, o tecido do teto do Phantom Syntopia é uma obra de arte que inspira sensação de movimento. A este último contribui a iluminação ambiental em fibra óptica que a Rolls-Royce costuma acrescentar em forma de estrelas brilhantes. Ao contrário do modelo padrão, neste caso 187 luzinhas são iluminadas em sequência, de trás para frente, para potenciar a sensação de que algo ‘se move’ sobre nossas cabeças. Depois de uma coisa assim, quem quer telas para se distrair?