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Em apenas uma década, a General Motors está irreconhecível. Já perdeu a posição de liderança mundial mantida durante décadas, foi resgatada pelo Governo dos Estados Unidos e do Canadá, sofreu uma reestruturação enorme, foi se retirando de vários mercados mundiais e agora se declara ‘Zero Emissões’ para 2040, em toda sua linha.

Agora que o inquilino da Casa Branca, o democrata Joe Biden, volta aos trilhos com os Acordos de Paris, o fabricante já pode declarar-se abertamente como meio ambientalmente sustentável a longo prazo. Não é o primeiro grande fabricante que anuncia modelos 100% elétricos antes de terminar a primeira metade do século, nem será o último.

Para 2040, todos os veículos da General Motors a nível mundial serão propulsionados por motores elétricos, seja com baterias ou com célula de combustível de hidrogênio. Isso acontecerá 35 anos após o fim trágico do GM EV-1, o primeiro carro elétrico razoável que houve em décadas, e muito adiantado para sua época.

Em 2035 todos os light duty serão elétricos, ou seja, isso incluirá qualquer turismo e as pick-ups 1500. Não está indicado o que acontecerá com os modelos genuinamente industriais, os heavy duty, mas é de se supor que seguirão o mesmo caminho antes de 2040. A GM já está trabalhando na transição para eliminar a gasolina e o diesel dos modelos maiores.

As fábricas americanas se alimentarão exclusivamente de energias renováveis para 2030, e no resto do mundo em 2035. Com relação às tecnologias de transição, trabalharão na fabricação de modelos mais eficientes com motores turbo alimentados, transmissões mais eficientes, Start/Stop e melhorias aerodinâmicas.

A empresa também recorrerá à compra de créditos de emissões e a investir em tecnologias de captura de carbono para conseguir o objetivo de emissões líquidas zero. É verdade que alguns processos geram emissões de forma inevitável, mas estas serão compensadas capturando mais carbono do que emitido.

Essa estratégia se choca com o que é atualmente a General Motors. Depois de se retirar de vários mercados mundiais e ter diminuído o ‘atrito’ entre as marcas, o típico veículo que fabrica hoje é um SUV e uma pick-up com motor a gasolina e elevadas emissões de carbono.

A General Motors baseou sua estratégia nos últimos anos em reduzir seu tamanho, concentrar-se no mais rentável, e especialmente nos Estados Unidos e na China. Partindo dessa situação, terão que avançar para um futuro relativamente próximo (faltam 14 anos) com uma renovação total de sua linha de produtos.

Paradoxalmente, um dos modelos que encaixarão na nova visão da GM é o GMC Hummer EV, a reedição do polêmico todo-terreno, que será totalmente elétrico, desde já um avanço com relação ao Hummer clássico.

A transformação da General Motors será total nesses 14 anos, ou como geralmente se diz, darão um giro de 180 graus, e seu logotipo renovado já é uma declaração de intenções. Todas as linhas serão redesenhadas para ser elétricas. Apostam todas as fichas na mesma tecnologia de base, só mudará a forma de dar a energia aos motores elétricos. A nível industrial, faz sentido.

É muito bom que um fabricante tão importante decida dar esse passo, porque assim acelera a transição à eletromobilidade e torna a bola de neve maior. Isso estimulará o crescimento de todo o ecossistema que envolve esse modelo: carregadores, redes eléctricas inteligentes, manutenção, etc.

A General Motors declarou que investirá 27 bilhões de dólares nos próximos anos para o desenvolvimento da eletromobilidade e a condução autônoma, 7 bilhões a mais do que foi planejado antes da pandemia do COVID-19. De hoje a 2025 lançarão no mercado 30 modelos totalmente elétricos em diferentes segmentos e preços. Além disso, promoverão o crescimento de redes de recarga para estimular os clientes a pendurar para sempre as mangueiras dos postos de combustível.