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Na última edição do SEMA Show de Las Vegas foi exposto o Shelby GT500 EXP ‘Green Hornet’ após ter sido submetido a um novo e trabalhoso processo de restauração. Este raro e valioso protótipo da primeira geração do Mustang foi desenvolvido para testar o que naquele momento eram tecnologias inovadoras, como um esquema de suspensão traseira independente, injeção mecânica e os freios a disco nas 4 rodas.

Embora a verdadeira novidade da Shelby American na última edição do SEMA Show de Las Vegas tenha sido o Shelby GT500 Dragon Snake 2020, a verdade é que um outro Shelby GT500 também chamou muita atenção no Convention Center de Las Vegas, o exemplar único do Shelby GT500 EXP de 1968, o protótipo conhecido como ‘Green Hornet’.

Este exemplar pertenceu a uma curta série formada por somente dois protótipos que foram desenvolvidos por Shelby em colaboração com a Ford sobre o Shelby GT500 ‘68. Em princípio, seu propósito era o de criar uma nova versão do modelo de produção, mas logo foram destinados a servir como banco de testes rodante de novas tecnologias, de modo que contaram com uma configuração mecânica e de chassi muito diferente ao do resto de unidades regulares do GT500.

Entre estas novidades havia um novo esquema de suspensão com um elaborado eixo traseiro multibraço, freios a disco nas 4 rodas e um sistema de alimentação por injeção. Elementos que hoje em dia são habituais para qualquer modelo de rua, mas que naquela época eram uma novidade. Na verdade, algumas dessas inovações levaram mais de 20 anos para serem comuns em todos os segmentos do mercado.

Estes protótipos não só eram especiais por sua inovadora configuração mecânica e de chassi, como foram as duas únicas unidades fabricadas do Shelby GT500 com carroceria notchback, do tipo coupe de 3 volumes no lugar da habitual carroceria fastback. Um dos exemplares foi pintado na cor verde e por isso recebeu o apelido de ‘Green Hornet’, enquanto que o outro contava com a carroceria na cor vermelho Red Candy, sendo apelidado de ‘Little Red’.

Infelizmente, nem a Ford nem a Shelby conservaram os protótipos, de modo que ambos acabaram sendo vítimas do tempo e só a sorte impediu que desaparecessem. Do protótipo ‘Little Red’ se perdeu o rastro quase que imediatamente, pois não há registros do modelo desde o início da década de 70, até que milagrosamente apareceu abandonado e quase despedaçado em um campo em 2018 (veja aqui).

O protótipo verde foi despojado de sua configuração única e reconstruído como um exemplar a mais do Shelby GT500 para ser vendido a um funcionário da Ford. Depois de passar por várias mãos, acabou na garagem do proprietário de um concessionário da Ford em Michigan, que desconhecia completamente a origem do modelo. Foi seu filho que, na década de 80 e graças a um livro, descobriu que o Shelby de seu pai era uma unidade muito especial do modelo. A essas alturas e devido ao desconhecimento de sua verdadeira natureza, o modelo havia recebido várias modificações.

O Shelby GT500 ‘Green Hornet’ foi restaurado e devolvido à sua condição original em 1993, mas agora foi restaurado de novo por seus atuais proprietários, a casa de leilões Barrett-Jackson, que também foi responsável pelo descobrimento do protótipo ‘Little Red’, em colaboração com Shell e Pennzoil.

Há alguns anos, muito antes desta nova restauração, o ‘Green Hornet’ alcançou um lance de 1.8 milhões de dólares em um leilão, o mais alto da história para qualquer versão do Mustang, no entanto, esta impressionante cifra não foi suficiente para alcançar o seu elevado preço de reserva, daí que não seja oficialmente o Ford Mustang mais caro da história, apesar de sê-lo.

Depois de sua apresentação no SEMA Show 2019, o ‘Green Hornet’ será o protagonista de um documentário que contará a história destes únicos e raros protótipos. Neste momento, o ‘Little Red’ também está sendo submetido a uma extensa restauração, já que muitos de seus elementos desapareceram, incluindo a sua mecânica de 8 cilindros.