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Como acontece todos os anos, os eventos da semana do automóvel na península de Monterey monopolizam as manchetes, sobretudo as peças mais raras que estão disponíveis no diferentes leilões que acontecem nesses dias. Já que nestes eventos costumam ser vendidos os exemplares mais raros e valiosos do ano, como será o caso do Ferrari F250 GTO ex-Phil Hill que será leiloado nessa edição, e que se conseguir encontrar um comprador, promete tornar-se o modelo de produção mais caro do mundo.

Outra das peças mais destacadas deste ano será outro modelo da marca italiana, também um Gran Turismo destinado à competições e aproximadamente da mesma época que o exemplar do GTO, um dos escassos Ferrari F275 GTB/C de 1966, uma rara versão destinada a competir na categoria GT do Campeonato Mundial de Resistência, da qual foram fabricados somente 12 exemplares em 1966.

Embora à primeira vista seja muito similar ao Ferrari F275 GTB do qual deriva, a verdade é que estas versões destinadas ao circuito eram tão modificadas que podemos falar que se trata de um modelo completamente novo, pois as modificações afetam inclusive o chassi completo. Devido a isso, as únicas 12 unidades fabricadas são tremendamente valorizadas pelos colecionadores e seu preço multiplica o das versões de produção regular.

Estas versões GTB/C (C de Competizione) foram criadas para suceder nada menos que o mítico e bem sucedido F250 GTO na temporada 1966, mas não estão relacionadas com os F275 GTB/C Speciale fabricados no ano anterior e que a nível exterior contam com muitas modificações em relação às versões de série regulares do F275 GTB. A versão F275 GTB/C Speciale teve uma produção ainda mais limitada, pois a Ferrari chegou a fabricar somente três unidades. Hoje em dia consideradas entre as mais caras da marca.

Assim como os GTB/C Speciale de 1965, os posteriores GTB/C de 1966 contavam com um chassi tubular criado especificamente para essa versão, com tubos de alumínio e, portanto mais leves. O esquema de suspensão derivava do utilizado no modelo de rua, mas bem revisado e o motor V12 de 3.3 litros contava com as mesmas especificações que o montado nos F275 GTB/C Speciale e F250 LM de motor central, com lubrificação por cárter seco, três carburadores Weber específicos e uma potência de 324 cv.

No nível estético, no entanto, é muito difícil distinguir os GTB/C dos GTB de rua, pois praticamente são idênticos. Na verdade, algumas das unidades que chegaram realmente à competição mais tarde foram restauradas para as especificações de rua e contam inclusive com seu interior completo.

Este exemplar foi um dos que chegou a provar o asfalto dos circuitos e tem grandes nomes associados ao seu histórico. Depois de sair de Maranello foi parar na North American Racing Team (NART), a escuderia de Luigi Chinetti, amigo pessoal de Enzo Ferrari e importador da marca italiana nos Estados Unidos.

Debaixo das cores da mítica escuderia NART competiu três vezes em Daytona e teve a vitória em sua categoria em Nassau em 1966 com Pedro Rodríguez ao volante.

Em 1992 passou às mãos do célebre colecionador Albert Orbrist, que se encarregou de restaurá-lo à sua condição original, incluindo a atraente cor vermelho ‘Rosso Rubino’. Três anos mais tarde, quando a coleção Orbrist foi praticamente toda vendida, o Ferrari caiu nas mãos de Bernie Ecclestone, na época responsável máximo pela Fórmula 1, que ficou com o carro por poucos anos. Em 2001 foi adquirido por seu atual vendedor, que o mantém em um excelente estado de conservação.

Esta será uma das peças centrais do leilão da Gooding & Company em Monterey este año e parte com estimativas que apontam para um valor entre 12 e 14 milhões de dólares. Casualmente, a mesma casa de leilões vendeu no ano passado, nesse mesmo evento, outra das unidades do F275 GTB/C, que alcançou um preço final de 14.52 milhões de dólares.