Notícias

Em 1990 a Chevrolet voltava a utilizar as siglas ZR1 depois de quase 20 anos sem usá-la, e o motivo era significativo, pois foram destinadas à versão mais potente, de maior desempenho e mais avançada nos anos do Corvette. O projeto foi batizado de ‘The King of the Hill’.

O objetivo era desenvolver uma versão capaz de enfrentar os melhores esportivos europeus do segmento, já que faltava na linha regular do Corvette uma versão mais apimentada. Para isso, a General Motors utilizou, pela primeira e única vez até esta data, um consultor externo, a Lotus. A marca britânica, que tinha uma merecida fama nesse campo, acabava de ser adquirida pela GM e lhe foi encomendada a tarefa de evoluir tanto com o motor como com o chassi dessa nova versão.

O exemplar com a vibrante cor Medium Blue Metallic das imagens é precisamente um dos protótipos utilizados pela Lotus para seu desenvolvimento em Hethel, embora logo fosse também testado pela Chevrolet na pista de testes da GM em Milford (Michigan). Este é um dos dois únicos protótipos do C4 ZR1 que se acredita que tenham sobrevivido até nossos dias, e sua história, como não poderia ser de outra maneira, é bem interessante.

Esse protótipo pertencia a uma série de 25 unidades fabricadas em julho de 1987 e era identificado com o código EX5023. Naquela ocasião, somente se conhecia essa versão pelo nome de ‘The King of the Hill’, já que a marca ainda não havia decidido utilizar as clássicas siglas ZR1, empregadas somente uma vez e durante muito pouco tempo, para denominar um pacote opcional que era configurado no Corvette C3 com especificações mais próprias de competição.

Seu primeiro destino foi a Lotus em Hethel (Reino Unido), onde serviu como banco de provas do modelo e de calibração do motor, assim como das emissões. Após sua passagem pelo Reino Unido, retornou aos Estados Unidos, onde a Chevrolet utilizou o carro durante um tempo no complexo de testes da General Motors em Milford.

Por sorte alguém o descobriu e não só o resgatou como nos últimos anos conseguiu devolver esse protótipo esquecido ao seu melhor estado, mas não sem antes submetê-lo a significativas reparações, que incluíram buscar algumas poucas peças do modelo que já haviam desaparecido.

Felizmente, no momento em que foi descoberto ainda conservava o chassi, motor e transmissão originais, assim como contava com seu esquema de suspensão intacto e grande parte dos painéis da carroceria. Foi necessário somente reparar o teto e trocar alguns elementos na parte traseira, que foram tomados de um Corvette de pré-produção.

Como se pode apreciar nas imagens, encontra-se em um excelente estado de conservação, tanto a nível estético como mecânico, e o interior está simplesmente impecável, já que este ano de 2017 recebeu uma completa restauração. O que lhe confere uma imagem muito chamativa, totalmente em azul, tanto no exterior como no interior.

Graças à sua condição de protótipo inicial conta com algumas peculiaridades únicas, próprias dos protótipos de desenvolvimento, mas que não chegaram às unidades de produção em série. Seu interior é muito similar ao das unidades definitivas, e também recebeu vários tratamentos que incluíram novos elementos, mas conserva seu painel de comandos original, idêntico ao do resto das versões do Corvette da época, com suas formas quadradas e separadas por blocos, mas com o conta-giros que chega até as 8.000 rpm, no lugar das 6.000 rpm que marcam as outras versões.

Seu motor V8 LT5 é o original e se trata do bloco número 43 fabricado dessa versão. Desenvolvido também pela Lotus, é uma evolução do motor V8 L98 de 5.7 litros, mas agora com 32 válvulas e 380 cv. A transmissão é uma manual da ZF com 6 velocidades, idêntica às utilizadas pelos ZR1 de produção.

As rodas de alumínio também são protótipos das rodas ZR1 que seriam utilizadas mais tarde pelo modelo de produção, que eram idênticas às estreadas no Corvette 35th Anniversary Edition de 1988 e que desde então foram utilizadas pelo resto das versões, mas tinha uma largura maior no caso da traseira. Os pneus que ainda utiliza este protótipo azul são os raríssimos Goodyear Gatorback experimentais que contam com o aviso ‘Not For Sale’ em suas laterais. 

Este exemplar será leiloado no próximo mês de janeiro em Kissimmee, Florida, onde as estimativas indicam um valor de venda entre 190.000 e 225.000 dólares. Um preço muito superior inclusive ao da nova geração do ZR1, mas que não parece caro tendo em conta que se trata de uma verdadeira peça histórica praticamente única.