1964 - FERRARI F275 GTB PROTOTIPO MONTECARLO

Em 1964 a Ferrari fabricou aquela que seria a primeira unidade e o único protótipo do novo Ferrari F275 GTB, um exemplar que levava o número de chassi 06003, que contava com inúmeros elementos experimentais e a primeira configuração estética do modelo, com a parte frontal ‘short-nose’, que depois de fabricadas cerca de 250 unidades do modelo foi modificada para a posterior configuração ‘long-nose’.
O Ferrari F275 GTB foi o primeiro modelo de rua da história da marca italiana a contar com uma transmissão do tipo transaxle, separada da mecânica e montada sobre o eixo traseiro para conseguir uma melhor divisão de pesos, de modo que o protótipo #06003 passava a ser o primeiro exemplar de rua da marca a contar com essa distribuição, embora essa unidade passasse para a história por um fato um pouco mais curioso. Acontece que a marca colocou o carro em teste fazendo-o competir no mítico Rally de Montecarlo.
Depois de ser montado, o exemplar #06003 permaneceu um tempo nas mãos da marca italiana, que o utilizou extensamente para testes de desenvolvimento e também para eventos e fotografias promocionais, até que em maio de 1965 passou às mãos privadas pela primeira vez. Curiosamente, foi nesse momento que o carro foi inscrito no Rally de Montecarlo.
Não se sabe muito bem como ou por que chegaram a fazê-lo, mas a verdade é que o fizeram e ainda com o apoio da fábrica, que enviou dois furgões de suporte ao rally, sendo um deles conduzido por nada menos que Lorenzo Bandini.
Se comenta que a ideia original vinha de Eugenio Dragoni e Ugo Gobbato, executivos da Ferrari na época, que queriam ver o comportamento do novo modelo transaxle em uma prova tão difícil como Montecarlo. No caso de Dragoni, ele era também fundador e proprietário da Scuderia Sant'Ambroeus com sede em Milão, que foi a que inscreveu oficialmente o protótipo na prova monegasca.
Segundo os registros, o veículo retornou à Ferrari em novembro de 1965 para um serviço e foi nesse momento que foi extensamente preparado para essa prova.
Foram realizados até 12.000 km de testes com o piloto da Scuderia Ferrari, Mike Parkes, e foram reforçados os vidros, o capô e o sistema de refrigeração. Foram adicionadas as luzes auxiliares dianteiras, um terceiro limpador de para-brisas e um novo diferencial. Não há evidências de que o modelo recebeu grandes modificações no chassi ou na mecânica, de modo que podemos considerar que o veículo chegou a Montecarlo com uma configuração muito próxima à de série.
O veículo participou da edição 1966 do Rally de Montecarlo com os pilotos Roberto Lippi e Giorgio Pianta, sendo este último o que esteve por trás do volante. Lamentavelmente, o Ferrari amarelo equipado com o número 43 teve que retirar-se logo e depois desse estranho teste nunca mais voltou a competir, pelo menos não em uma prova oficial.