2023 - ISOTTA FRASCHINI TYPE 6

Além das marcas com experiência mais que reconhecida nas corridas de resistência, o novo regulamento LMDh conseguiu atrair um número significativo de construtores de estilo mais ‘artesanal’ à categoria máxima da WEC. Nessa linha, a pioneira, sem dúvidas, foi a norte-americana Scuderia Cameron Glickenhaus.
Recentemente este exemplo foi seguido por velhos nomes que pareciam apagados do mapa como a Vanwall, a decana marca britânica que voltou e terminou de dar forma ao hipercarro Vandervell de Colin Kolles. E agora, pelo mesmo caminho, outro emblema ilustre de tempos pretéritos quer unir-se ao jogo: a Isotta Fraschini.
Talvez desconhecida para a maioria dos aficionados do automóvel de hoje em dia, a história da Isotta Fraschini representa uma parte essencial da evolução da indústria automobilística italiana. Fundada em Milão no princípio do século XX, conseguiu posicionar-se durante a década dos ‘felizes anos 20’ como um dos grandes fabricantes de automóveis de luxo na Europa, lado a lado com Rolls-Royce, Bentley, Hispano-Suiza e Bugatti.
Por seu quadro de colaboradores chegaram a passar personagens destacados como Alfieri Maserati e Enzo Ferrari. Caracterizados por seus enormes motores de 8, 10 e 12 cilindros, seus carros chegaram inclusive a converter-se no transporte oficial dos Sumos Pontífices, como o Papa Pio XI. No entanto, a marca não conseguiu recompor-se após o final da Segunda Guerra Mundial, e em 1948 fechou as suas portas.
Agora, 74 anos depois, a empresa milanesa pretende regressar à competição automobilística pela porta da frente com o Tipo 6. Trata-se de um protótipo que, de acordo com a regulamentação LMDh, conta com um motor V6 biturbo com 3.0 litros de deslocamento. Junto a ele há um propulsor elétrico que atua sobre o eixo dianteiro, com o sistema híbrido sendo capaz de entregar 700 cv de potência conjunta enviando essa força às quatro rodas.
O design exterior, que segundo a própria Isotta Fraschini foi executado com a ajuda do túnel de vento da equipe Williams de F1, se parece bastante em seus traços principais aos hipercarros atuais. Tanto na mecânica como na aerodinâmica do Tipo 6 encontramos componentes de fornecedores reconhecidos como Brembo, Xtrac e Multimatic, formando um conjunto interessante à espera de ver como se desenvolve em competição.
Aí reside o principal obstáculo para a Isotta Fraschini: para poder receber a homologação LMDh, primeiro devem construir 50 exemplares de rua. A solução dos italianos consistirá no lançamento de duas versões civis do Tipo 6, a ‘Strada’ para circular em estrada aberta e uma muito radical chamada ‘Pista’, cujo uso será limitado aos ‘trackdays’. A marca estima que cada exemplar destes modelos custará aproximadamente 3 milhões de euros.
O objetivo final da Isotta Fraschini é tentar entrar o quanto antes no campeonato WEC, e se possível chegar a tempo de disputar alguma prova ainda este ano, como por exemplo as 6 Horas de Monza. Um pouco mais distante fica sua grande ambição, a de triunfar em Le Mans 2024 na frente de Porsche, Toyota, Peugeot, BMW e, sobretudo, de suas paisanas Lamborghini e Ferrari.