O Green Monster de 1964, construído por Art Arfons, é um dos carros a jato mais lendários da história do automobilismo, projetado para quebrar recordes de velocidade terrestre em Bonneville Salt Flats, Utah. Art Arfons, um engenheiro autodidata de Akron, Ohio, começou a construir Green Monsters na década de 1950, inicialmente como dragsters, mas evoluiu para veículos a jato na década de 1960. O nome ‘Green Monster’ veio de um dragster de 1952, pintado com sobras de tinta verde de trator, mas o carro de 1964, movido por um motor a jato General Electric J79, marcou o auge da carreira de Arfons, estabelecendo recordes mundiais e consolidando sua rivalidade com Craig Breedlove.
Design e Características
O Green Monster de 1964 era descrito como um ‘foguete sobre rodas’ devido ao seu design aerodinâmico e ao rugido do motor a jato.
- Motor: Equipado com um General Electric J79 (usado em caças F-104 Starfighter), comprado por Art por apenas 600 dólares em um ferro-velho. O motor, com pós-combustor de quatro estágios, produzia 17.500 lbf (78 kN) de empuxo, gerando chamas visíveis e um som ensurdecedor.
- Chassi e Construção: Feito com tubos de aço 4130 soldados, o chassi usava peças recicladas, como eixos traseiros de um caminhão Ford 1947, eixo dianteiro de um Lincoln 1937 e direção de um Packard 1955. O custo total foi inferior a 10.000 dólares, um feito impressionante para um carro recordista.
- Aparência de Foguete: O carro tinha um corpo longo, estreito e aerodinâmico, pintado em vermelho e azul. Seu nariz afilado, entrada de ar frontal para o motor a jato e silhueta esguia davam a aparência de um míssil ou foguete.
- Inovações: Art introduziu uma asa para gerar downforce, evitando que o carro decolasse em velocidades extremas, e controles avançados, como botões no volante para desligar o motor e liberar paraquedas de frenagem.
Recordes de Velocidade em 1964
Em 1964, o Green Monster foi protagonista de uma intensa batalha por recordes de velocidade terrestre na categoria de veículos com rodas, medida na ‘flying mile’ em Bonneville:
- 5 de outubro de 1964: Art Arfons atingiu 434.02 mph (698.34 km/h), superando o recorde anterior.
- 27 de outubro de 1964: Elevou o recorde para 536.71 mph (863.56 km/h), em uma disputa acirrada com Craig Breedlove, que pilotava o Spirit of America.
Essa rivalidade com Breedlove, apoiado pela Goodyear, enquanto Arfons tinha patrocínio da Firestone, marcou 1964 como um ano de trocas frequentes do recorde. Breedlove superou Arfons dias depois, mas o Green Monster voltou a brilhar em 1965.
Desempenho e Incidentes
O Green Monster de 1964 era uma obra de engenhosidade, construído com recursos limitados, mas capaz de competir com veículos mais caros. Em 1965, Art usou uma evolução do mesmo carro para estabelecer um novo recorde de 576.55 mph (927.84 km/h) em 7 de novembro. No entanto, em 1966, o carro sofreu um acidente grave a cerca de 610 mph (976 km/h), capotando várias vezes. Art sobreviveu, marcando o acidente mais rápido já registrado por um piloto, mas o incidente o levou a focar em tratores de arrancada por algum tempo.
Legado
O Green Monster de 1964 é lembrado como um ícone da era de ouro dos recordes de velocidade terrestre. Sua construção de baixo custo e o uso criativo de um motor a jato militar destacam a genialidade de Art Arfons, que competiu com grandes fabricantes sem apoio financeiro massivo. O carro influenciou o design de futuros veículos de recorde e continua sendo celebrado em eventos históricos e museus, como o Don Garlits Museum of Drag Racing, onde um Green Monster está exposto. O filho de Art, Tim Arfons, também manteve o legado, restaurando e pilotando versões do Green Monster em eventos modernos.