Carros com design ousados que aliam alto desempenho e praticidade para qualquer situação, tornando o ato de dirigir um enorme prazer. A CHRYSLER, uma das mais importantes montadoras do mundo, apesar do momento difícil pelo qual atravessou nos últimos anos, foi, e ainda será, uma definidora de tendências no setor automobilístico mundial. Afinal, a tradicional montadora oferece o charme e a sofisticação do design americano, tecnologia inovadora, funcionalidade e todos os recursos de segurança que uma família deseja para chegar confortavelmente ao seu destino.
A história começou em 1923 quando Walter Percy Chrysler, que havia trabalhado na GM (onde ocupou o cargo de vice-presidente), juntamente com a Willys-Overland e a Buick, proprietária das empresas de automóveis ‘Chalmers’ e ‘Maxwell’, resolveu fundar sua própria montadora de automóveis na cidade de Detroit baseada na infraestrutura da Maxwell Motor Car. No ano seguinte, redefinia o conceito de carros de passeio ao apresentar, no dia 5 de janeiro, o modelo CHRYSLER SIX, primeiro veículo de sua marca, que incluía um motor de seis cilindros, além de freios hidráulicos nas quatro rodas como equipamento de série. Este modelo foi apresentado oficialmente ao público no Hotel Commodore, durante a realização do Salão de New York.
Na realidade, W. P. Chrysler queria que seu automóvel fosse exposto no Salão do Automóvel, mas como o modelo ainda não se encontrava em produção, a organização recusou o seu pedido. A solução encontrada foi colocar o modelo, que apresentou pela primeira vez o medalhão dourado com a inscrição CHRYSLER, na entrada do Hotel Commodore, por onde passavam todos os dias muitos investidores e expositores. A sua estratégia acabou recompensada quando um banqueiro do Chase Securities assinou um acordo no valor de US$ 5 milhões com a Maxwell Motor Corporation para financiar os planos futuros. Em seu primeiro ano o modelo vendeu 32 mil unidades.
No dia 6 de junho de 1925 surgiu oficialmente a CHRYSLER CORPORATION como sucessora da Maxwell Motor Car, que começou a produzir seus carros em séries. Nesse mesmo ano lançou o CHRYSLER FOUR, cuja velocidade atingia 93 km/h, e que arrastou um milhão de pessoas em 4 dias de apresentação no showroom.
Nesta época a nova empresa havia crescido rapidamente, contando com 3.800 concessionárias somente nos Estados Unidos e alcançando um lucro impressionante de US$ 17 milhões. Pouco depois, em 1926, a montadora ingressou no segmento dos carros de luxo com o modelo IMPERIAL E-80, que na época alcançava 80 milhas por hora. No ano de 1928, a empresa comprou a montadora DODGE, empresa automotiva com uma sólida reputação na fabricação de veículos resistentes e confiáveis, e lançou as marcas DeSoto e Plymouth, com carros custando entre US$ 670 e US$ 725.
Enquanto os Estados Unidos mergulhavam na crise econômica da Grande Depressão, Walter P. Chrysler recusava-se a deixar sua jovem empresa sofrer. Sem medo de enfrentar os tempos difíceis, a CHRYSLER apresentou um dos automóveis mais inovadores de todos os tempos: o AIRFLOW de 1934. Concebido pelo engenheiro Carl Breer, este modelo foi o primeiro carro a levar o design do automóvel para o futuro, cujas características passavam pelos princípios aerodinâmicos. A ideia de Breer surgiu quando estava observando aviões de caça realizando manobras, levando-o a pensar que os automóveis também poderiam ser desenhados para ser o mais eficiente possível.
O lendário piloto americano Orville Wright foi consultado no projeto e os dois começaram a desenvolver modelos com frentes em gota de água e testaram-nos no novo túnel de vento construído na sede da CHRYSLER em Higland Park. Apesar do veículo não emplacar nas vendas, determinou alguns padrões da indústria automobilística. Em 1938 a montadora se estabeleceu no México. No começo da década de 40, introduziu no mercado a luxuosa Station Wagon TOWN & COUNTRY (lançada em 1941), e modelos conversíveis. Com o início da Segunda Guerra Mundial, a empresa dedicou-se a projetos de veículos militares. Até ao fim da guerra em 1945, as fábricas e os empregados da CHRYSLER produziam de tudo, desde motores para os aviões B-29 Superfortress, até tanques Pershing.
Entre 1947 e 1950, a montadora investiu na construção e aquisição de 11 novas fábricas. Em 1950 lançou no mercado uma grande inovação, o sistema elétrico de vidros. Um motor Hemi V8 com 300 cv, apresentado em 1951 como o mais potente destinado a carros de passageiro, acabou por propulsionar um dos modelos mais fantásticos da marca - o CHRYSLER 300C de 1955. Sendo um dos modelos mais potentes dessa época, se impôs no circuito NASCAR (categoria de automobilismo mais popular dos Estados Unidos), vencendo 20 das 40 corridas disputadas. Pouco depois, em 1957, um dos carros de maior sucesso da montadora, o DODGE DART, foi lançado no mercado. Foi também nesse mesmo ano, que, depois de uma grande expansão interna no pós-guerra, a CHRYSLER formou uma equipe de operações internacionais com sede na Suíça para vender seus modelos na Europa.
O ano seguinte foi marcado por uma grande novidade: disponibiliza em seus modelos o controle automático de velocidade. Em 1960, após 33 anos de existência, a marca DeSoto teve sua linha de montagem extinta. Porém este ano não foi marcado somente por notícias ruins: a CHRYSLER introduziu o chassi monobloco, que trouxe mais segurança aos automóveis e rapidamente viria a ser aplicado em todos os seus modelos.
O lançamento mais celebrado da CHRYSLER em meados dos anos 70 foi o NEWPORT CORDOBA HARDTOP - primeiro modelo a utilizar a designação ‘Cordoba’, que se tornou famoso pelos anúncios televisivos protagonizados pelo ator Ricardo Montalban, o misterioso senhor Roarke na série de TV ‘A Ilha da Fantasia’. A empresa passou por grandes dificuldades financeiras nesta década devido às crises petrolíferas e à mudança de linhas em seus modelos que não agradou ao mercado e principalmente aos consumidores. Além disso, com as pressões para produzir automóveis com maior autonomia, as vendas da CHRYSLER ficaram abaixo das rivais e a montadora dos carros potentes perdeu espaço para a indústria japonesa que chegava ao mercado americano.
Porém, o executivo Lee Iacoca, que assumiu a presidência em 1978, mudou o rumo trágico que a empresa poderia ter preparando o caminho para uma das histórias de sucesso mais marcantes do mundo dos negócios nos anos 80. A década seguinte foi de recuperação para a empresa, que lançou vários modelos de sucesso, incrementando assim suas vendas. No início dessa década a CHRYSLER já estava a caminho de uma recuperação com o lançamento do primeiro modelo conversível em 12 anos - o LeBaron. Com base na comprovada plataforma K-car, o modelo agradou em cheio os amantes de carros conversíveis. Os modelos baseados na plataforma K-car fizeram tanto sucesso, que a empresa começou a produzir uma limousine baseada nessa plataforma em 1985. Por US$ 26.318, podia-se ter uma verdadeira limousine com o luxo da CHRYSLER.
O presidente da empresa, Lee Iacocca, era bem conhecido do público norte-americano durante esses anos. Em anúncios televisivos e de imprensa, ele aparecia ao lado da linha de produtos da montadora, apresentando orgulhosamente a ‘THE NEW CHRYSLER’. Os consumidores apreciaram a integridade de Lee Iacocca, o que contribuiu para melhorar a imagem de toda a indústria automobilística americana. Em um desses comerciais, ele aparecia dizendo a seguinte frase ‘If you find a better car, buy it!’ (algo como, Se você encontrar um carro melhor, compre!). Um dos principais modelos da marca nesta nova fase foi lançado em 1984 com a introdução da minivan VOYAGER, que revolucionou o mercado nesse segmento. Depois de 9 anos de ausência no mercado europeu, a empresa voltou a exportar carros para o velho continente em 1987.
Apesar de lançar modelos de sucesso na década de 90 como o revolucionário CHRYSLER CIRRUS (1992), com seu designer aerodinâmico moderno e único; CHRYSLER CONCORD; a minivan PACIFICA; o CHRYSLER SEBRING CONVERTIBLE, que se tornou um grande sucesso; e o modelo LHS, que possuía como grande virtude o máximo de espaço pelo mínimo do preço, a CHRYSLER começou apresentar enormes problemas, dando início a uma crise financeira sem precedentes em sua história.
O socorro veio em maio de 1998, quando a Daimler-Benz AG e a CHRYSLER CORPORATION decidiram unir-se numa fusão, avaliada em US$ 36 bilhões. Esta fusão criou uma empresa que se encontrava entre as três maiores do setor automobilístico em termos de receitas, a DaimlerChrysler. Sob o comando da empresa alemã, novos modelos de automóveis foram lançados, entre eles o novo CHRYSLER 300M (1999), que foi eleito carro do ano; e o CHRYSLER PT CRUISER, apresentado oficialmente no dia 6 de janeiro de 2000 no Salão de Detroit.
Mesmo assim, a CHRYSLER continuava sendo deficitária, e arrastava junto a empresa alemã, que no dia 14 de maio de 2007, resolveu vendê-la para o fundo de investimento americano Cerberus Capital Management. O nome CHRYSLER LLC foi adotado após a dissolução da DaimlerChrysler. Mesmo sob nova direção, os problemas se agravaram e a montadora enfrentou diversos problemas na tentativa de driblar a grave crise. Os principais motivos para o prognóstico pessimista eram a dependência excessiva de modelos utilitários e a ausência de subsidiárias internacionais lucrativas.
No final de 2008 aconteceu uma coisa praticamente impensada anos atrás: a CHRYSLER decidiu parar suas fábricas no mundo inteiro e só reabri-las no dia 19 de janeiro. A medida foi causada, segundo a montadora, pela falta de crédito para a compra de veículos nos Estados Unidos. Nem a ajuda financeira de bilhões de dólares do Governo Americano conseguiu amenizar a situação, deixando a montadora praticamente sem saída. A única, e desesperada solução, foi o pedido de concordata no dia 30 de abril de 2009 e a assinatura de um acordo com a italiana FIAT, que passou a deter, em um primeiro momento, entre 20% e 25% da montadora americana.
Sob o comando da FIAT, que aos poucos aumentou sua participação na montadora (hoje tem aproximadamente 70%), o que parecia impossível aconteceu: a CHRYSLER saiu da concordata, enxugou sua linha de produtos, lançou motores menos poluentes e mais econômicos, apresentou novos modelos, remodelou alguns de seus clássicos, como por exemplo, o CRHYSLER 300 e a minivan Town & Country, adotou uma nova identidade visual e um novo posicionamento com o slogan ‘Imported From Detroit’, uma clara tentativa para resgatar o orgulho de uma das cidades mais devastadas pela recente crise americana. O resultado dessas ações: crescimento nas vendas, alta no faturamento, lucro e por incrível que pareça, com a crise na Europa, se tornou uma das salvações da italiana FIAT para continuar sendo lucrativa.