
Emile Claveau destacou-se na engenharia criativa do anos 20 e 30, e expôs seu primeiro protótipo no Salão de Paris de 1926.
Claveau não havia se formado como engenheiro de automóveis, mas havia aprendido pintura na ‘Ecole des Beaux Arts’ de Tours. Suas ideias eram sempre acertadas, mas definitivamente muito avançadas para sua época. Projetou carros muito avançados, mas nunca vendeu nenhum.
Seu primeiro protótipo apresentado no Salão de Paris de 1926 era um carro com carroceria aerodinâmica. O projeto era muito racional já que evitou a utilização de um motor traseiro que provocava muito desequilíbrio na repartição do peso entre a parte dianteira e o eixo traseiro. Na verdade, esse projeto em 1926 era muito melhor que o do Volkswagen de 1934 ou dos Mercedes-Benz 130 e 170 H que surgiram entre 1934 e 1936. Pode-se afirmar que estava muito mais próximo do Rambler do início dos anos 20.
Durante três anos seguiu expondo no Salão de Paris com os mesmos princípios básicos, mas com melhorias constantes.
Em 1930, quando outros engenheiros apostavam em motores de tração traseira, Claveau afirmava que a tração dianteira era a melhor solução.
Para melhorar o comportamento do carro com tração dianteira e motor traseiro, era necessário avançar o motor, o que ia a detrimento do espaço para a bagagem e os passageiros. Hoje em dia os motores centrais são utilizados para carros de corridas ou esportivos, geralmente de dois lugares.
Era uma decisão difícil de tomar, mas Emile Claveau era um homem muito honesto e fiel a suas ideias.
As carrocerias eram sempre aerodinâmicas. O nome do novo carro de tração dianteira era ‘Auto-Bloc’.
Quando as primeiras empresas começaram a incorporar a suspensão independente para as rodas dianteiras, Claveau já era um especialista em suspensão independente para as quatro rodas.
Além de projetar avançados protótipos, Claveau dava conferências e escrevia em revistas automobilísticas sem nenhuma concessão aos sistemas tradicionais. As relações públicas não eram seu forte.
Em 1948, Claveau se apresentou no Salão de Paris com outro carro de tração dianteira. Tratava-se de um Sedan para 6 passageiros. A carroceria era de alumínio, o motor era um V8 situado diante das rodas dianteiras. O nome do carro era ‘Descartes’ em referência à Lógica Cartesiana.
Este protótipo não tinha mais chances que o mostrado antes da Guerra. Todo o mundo admirava o carro, mas ninguém esteve interessado em sua fabricação e comercialização.
A partir desse momento, Emile Claveau desaparece de cena e todos os seus protótipos são esquecidos, exceto o último que foi mostrado no Salão de Paris de 1956.
Tratava-se de um carro de tração dianteira com um motor DKW de 3 cilindros e 2 tempos, com transmissão de 4 velocidades. A carroceria era muito aerodinâmica, mas era feita de aço. O alumínio era muito caro para Emile Claveau que durante trinta anos financiou todos os seus protótipos. A suspensão, independente sobre as quatro rodas, era obra de ‘Anneaux Neiman’, cujo sistema foi utilizado em scooters, bicicletas e alguns carros leves nos anos 40 e 50. O protótipo nunca foi dotado de um tanque de combustível, e o seu atual proprietário teve que instalar um durante sua restauração.