Emile Delahaye nasceu em Tours (França) em 1843. Engenheiro especializado em máquinas (Angers 1869), depois de trabalhar em Cail (Bruxelas), voltou a sua cidade natal e se casou em 1873. Em 1879 comprou a empresa de Julien Bretón, fabricante de materiais e de fornos para ceramistas.
Emile Delahaye transformou rapidamente a empresa reorientando-a para a fabricação de mecanismos, essencialmente bombas e motores. As novidades do momento que lhe interessavam eram os motores a gás e apostou na evolução dessa tecnologia, apresentando diferentes patentes.
Depois de um primeiro motor de combustão interna criado em 1888 para a navegação, pensou já em 1890 em sua aplicação em automóveis e fabricou seu primeiro carro em 1894 apresentando-o nesse mesmo ano na primeira exposição automobilística no Salão de Cycle de Paris. Nessa época 75 funcionários trabalhavam na fábrica da Delahaye na 34, Rue Du Gazomètre (Tours).
Com a finalidade de mostrar sua marca, Emile Delahaye começa a colocar com grande sucesso seus carros dentro das grandes corridas onde ele mesmo participava, como a Paris-Marselha-Paris em 1896.
A qualidade e o desempenho de seus carros, de concepção inteiramente Delahaye - com um motor incomum para a época - atraíram numerosos clientes, geralmente de muito prestígio. Um de seus primeiros clientes foi a Duquesa d’Uzès.
Em 1897, Delahaye percebeu que não poderia mais estar à frente de sua empresa devido a sua frágil saúde, o que o obriga a buscar uma solução.
Falou com algumas pessoas, uma das quais era um cliente seu, Georges Morane, que havia participado em competições com seu carro Delahaye.
A coincidência favorável no momento foi que Georges Morane e seu irmão Léon Desmarais haviam herdado de seu pai Paul Morane uma empresa mecânica situada em Paris na 10, Rue Banquier, e buscavam novas linhas de fabricação.
O acordo foi fechado rapidamente, a empresa se mudou para Paris em 1898 e cresceu rapidamente. Associado a MM Desmarais e Morane, Emile Delahaye abandonou a empresa e se aposentou em Côte d’Azur onde morreu em 1905.
A fábrica de automóveis Delahaye até 1933 fabricou carros elogiados por sua solidez, mas também caminhões, motores para a indústria e pneus para automóveis de competição.
Especializou-se também na construção de equipamentos para a luta contra incêndios e fabricou uma das maiores máquinas agrícolas denominada ‘Charrue Tournesol’.
De 1927 a 1933, Delahaye, em colaboração com Chenard e Walker, fabricou pequenas series de carros para a classe média, mas valorizadas por sua robustez. Em 1933 Delahaye compra o fabricante Chaigneau-Brasier.
É a partir de 1933 que conservando a fabricação de veículos utilitários e de materiais de incêndio, a família Morane orienta a marca Delahaye para a fabricação de veículos de prestígio e muito competitivos. A chegada da marca Delage em 1935 contribuiu para esta reorientação que foi coroada com sucesso.
Ao longo de sua história de 1898 a 1954 a empresa foi dirigida pela família Morane: MM Léon Demarais e Georges Morane, depois François Demarais, filho de Léon e Pierre Peigney sobrinho de Georges Morane e de Léon Desmarais. O sucesso da marca é em grande parte relacionada com Amédéé Varlet e Jean François, os responsáveis pelos projetos que se sucederam para a concepção de todos os modelos e ao incansável Charles Weiffenbach ‘Sir Charles’, diretor de fabricação e responsável pelos programas de competição.
O modelo que mais contribuiu para a reputação da marca foi o famoso tipo 135 (e seus derivados). Criado em 1934 era conhecido por sua participação em todas as competições antes da 2ª Guerra Mundial: vitórias nas 24 horas de Le Mans, no Rally de Monte-Carlo, na Paris-San Rafael, entre outras.
Seus chassis eram montados pelos maiores encarroçadores da época, vencendo numerosos concursos de elegância e assim, a Delahaye foi adquirindo um reconhecimento mundial, conseguindo ser fornecedor de numerosos reis e de personagens do mundo do espetáculo.
Depois da 2ª Guerra Mundial, a empresa decidiu sobreviver em uma conjuntura difícil para os fabricantes de veículos de luxo, graças sobretudo à fabricação de veículos utilitários e de incêndio e graças também ao mercado militar pelos veículos leves de reconhecimento (VLR). Os modelos 135 e derivados, figuraram todos os anos no Salão do Gran Palais no stand da Delahaye. O modelo 175, embora vitorioso no Grand Prix de l’ACF em Compiègne em 1949 e no Rally de Monte-Carlo em 1951 não encontrou o sucesso esperado da clientela.
O último suspiro: Delahaye lança o modelo 235 em 1951. Derivado do tipo 135 de antes da guerra, muito caro e de uma arquitetura geral que começava a caducar, seu sucesso foi de curta duração. O Delahaye 235 estabeleceu o recorde da corrida no continente Africano de Cap a Alger.
Delahaye não escapou das dificuldades que durante os anos 50 afetaram as atividades dos fabricantes de veículos de luxo na França. Em 1954 as conversações iniciadas há algum tempo com a Hotchkiss para acordos de fabricação foram paralisadas para se realizar uma fusão e acabaram se fundindo para a constituição da nova Hotchkiss-Delahaye. Esta empresa fabricou automóveis de turismo até 1955.
A localização das fábricas da Delahaye é hoje em dia ocupada pela Escola Nacional de Biologia e de Química de Paris. Em 1981, o clube Delahaye colocou uma placa comemorativa onde se pode ler:
Aqui estiveram de 1898 a 1954, as fábricas DELAHAYE de reputação mundial. Com um histórico brilhante em competições, a DELAHAYE contribuiu para o prestígio do automóvel francês.
20 de Junho de 1981