
O automóvel foi inventado na Alemanha, em 1885, por Karl Benz e Gottlieb W. Daimler. Mas foi o americano Henry Ford que popularizou o automóvel com a linha de produção e montagem que provocaria uma revolução na sociedade de consumo mundial. Ícone da sociedade de consumo, a FORD cresceu e evoluiu lado a lado com a história da indústria automobilística lançando modelos que marcaram a história do segmento como o mítico MUSTANG, o clássico THUNDERBIRD, o sofisticado TAURUS, o arrojado MODEO e as versáteis pickups F-150, F-250 e F-350.
A FORD MOTOR COMPANY foi fundada na cidade de Detroit, estado americano do Michigan, no dia 16 de junho de 1903 por Henry Ford e mais 11 investidores, que contribuíram com US$ 28.000 cada um. O mês era junho. O local era uma pequena fábrica em Michigan, com 125 funcionários, que trabalhava a todo vapor para lançar o seu primeiro veículo: o modelo A. O clima estava tenso e a discussão sobre a cor do automóvel tomava conta do local. Os engenheiros não sabiam o que fazer e perguntaram para o proprietário Henry Ford. Ele logo respondeu:“Pode ser qualquer cor desde que seja preto”. Assim nasceu o ícone da indústria automobilística, o primeiro esboço de uma linha de montagem e o primeiro carro acessível à classe média. Em menos de um mês era entregue o primeiro carro para o Dr. Pfennig, um dentista da cidade. Esse modelo vendeu 1.708 unidades em 15 meses, entusiasmando Henry Ford. Ainda neste ano, além de inaugurar a primeira distribuidora de veículos da marca na cidade de San Francisco na Califórnia, a nova empresa efetuou as primeiras exportações para o Reino Unido.
Em 1904 foi inaugurada a primeira fábrica no exterior localizada em Ontário no Canadá. Além disso, o modelo A foi exportado pela primeira vez para a Austrália. Até 1908, a FORD utilizou 19 letras do alfabeto para nomear seus modelos e criações, sendo que alguns nem chegaram a ser lançados ao público. Até esta altura, a montadora americana produzia os automóveis em pequenas quantidades numa fábrica alugada. Porém, neste ano, com a mudança para uma nova fábrica, a FORD introduziu a primeira linha de montagem de automóveis da história: uma esteira conduzia os componentes para vários operários, cada um deles especializado em apenas um único processo. O tempo de produção caía de 12 horas para apenas uma hora e meia: maior oferta, menor preço, uma grande procura e lucros extraordinários. Henry Ford enriqueceu e pôde erguer outras fábricas, inclusive em outros países.
Ainda neste ano lançou no mercado o automóvel Model T, ao custo de US$ 805 (US$ 16.500 atualmente) que durante anos foi o grande sucesso da indústria automobilística, sendo apelidado de ‘carro do século’. Henry Ford maravilhou o mundo em 1914, oferecendo o pagamento de US$ 5 por dia aos seus funcionários. O movimento foi extremamente rentável; no lugar da constante rotatividade de empregados, os melhores mecânicos de Detroit queriam trabalhar na FORD, trazendo seu capital humano e sua habilidade, aumentando assim a produtividade e reduzindo os custos de treinamento. Henry chamou isso de ‘salário de motivação’ (wage motive). O uso da integração vertical pela empresa também provou ser bem sucedido quando Henry construiu uma fábrica gigantesca, onde entravam matérias primas e de onde saiam automóveis acabados. O intenso empenho de dele para baixar os custos resultou em muitas inovações técnicas e de negócios, incluindo um sistema de franquias que instalou uma concessionária em cada cidade da América do Norte, e nas maiores cidades em seis continentes.
Em 1917, a empresa produziu seu primeiro caminhão, feito sob a carroceria do modelo T e batizado de Model TT, iniciando assim uma longa tradição da FORD no segmento de veículos de carga. Nesse mesmo ano, sendo Henry Ford filho de agricultor, compreendeu a necessidade e a utilidade de aplicar a tecnologia do automóvel ao processo da agricultura, criando juntamente com seu filho Edsel a Henry Ford & Son Corporation, destinada a conceber apenas tratores agrícolas. Ford não inventou o trator, assim como não inventara o automóvel, mas, tal como fizera com o veículo destinado a transportar pessoas, ele desenhou e produziu um trator acessível à maior parte dos agricultores, revolucionando a indústria do setor. Em 1918, o seu trator agrícola começou a ser produzido em grande escala para dar resposta às urgentes necessidades da lavoura e, a pedido do Governo Britânico, os tratores começaram a sua rota ascendente para todo o mundo. Henry Ford comercializou o seu primeiro trator com o nome Fordson (uma associação do nome Henry Ford & Son Corporation).
No dia 4 de fevereiro de 1922 a empresa comprou a Lincoln Motor, fundada por Henry Leland em 1917. No ano seguinte, Henry Ford, preocupado com a preservação do meio ambiente, autorizou a compra de uma fazenda para plantação de árvores, pois a empresa utilizava madeira na confecção de muitas peças de seus carros. Era a preocupação da FORD com a preservação do meio-ambiente. O ano de 1927 foi o último da produção do Model T, que em 20 anos vendeu 15 milhões de unidades. No ano seguinte foi lançado um novo automóvel, uma espécie de segunda geração do Model T, e batizado como Model A. Até 1931 foram produzidos 4.5 milhões de unidades desse modelo.
O primeiro carro desenvolvido especialmente para o mercado Europeu foi lançado em 1932 e introduzido no Reino Unido, chamava-se Model Y. No final desta década, em 1939, a FORD passou a disponibilizar o motor Hercules Diesel nos caminhões e chassis de ônibus. Em 1940 e 1941 os modelos FORD sofreram suas primeiras alterações significativas desde 1928. Com a Segunda Guerra Mundial, a produção de automóveis civis foi interrompida e iniciou-se a produção dos veículos chamados GP (General Propose) ou simplesmente Jeep. Mais de 250 mil Jeeps e tanques de guerra foram produzidos pela empresa nesse período. Com o fim do conflito a empresa lentamente retomou a produção de veículos e lançou seu primeiro automóvel pós-guerra, o Ford 1949, além dos caminhões e pick-ups F-Series, direcionados aos fazendeiros americanos com o slogan ‘Built Stronger to Last Longer’ (algo como ‘Construído forte para durar muito’).
A década de 60 foi marcada pelos sucessos da FORD nas competições automobilísticas, como em 1966, quando os modelos GT40 conquistaram as três primeiras colocações na tradicional prova de Le Mans. No ano seguinte a empresa se estabeleceu na Europa, e em 1972 abriu unidades no continente asiático. Nessa época a FORD começava a sedimentar as bases para ser um gigante global. O crescimento através de aquisições começou em 1979 quando a FORD comprou 25% da montadora japonesa Mazda. Nos anos seguintes as ondas de aquisições continuaram com a compra, em 1987, de 75% da tradicional montadora britânica Aston Martin; da locadora de veículos Hertz; da tradicional e aristocrática Jaguar, em 1990 por US$ 2,5 bilhões; e em 1999 da sueca Volvo por US$ 6,4 bilhões. Nesta década em cada oito modelos de carros mais vendidos dos Estados Unidos, cinco eram da FORD. Apesar de em 2002, no Salão de Detroit, ter sido lançado 15 novos modelos, a montadora começava a dar sinais de problemas internos, especialmente em questão de lucratividade. Nos anos seguintes a crise se agravou e a gigante começou a ser deficitária. Em 26 de março de 2008, a FORD vendeu à montadora indiana Tata Motors as marcas de luxo Land Rover e Jaguar por US$ 2,3 bilhões; e recentemente se desfez da sueca Volvo, adquirida pela montadora chinesa Geely por US$ 1,8 bilhões. O ápice da crise aconteceu durante este período, quando as perdas da montadora ultrapassaram os US$ 14 bilhões.
Porém, em pouco mais de três anos, medidas drásticas com as vendas das deficitárias marcas de luxo Land Rover e Jaguar; a recusa em meio à maior crise da indústria automobilística americana em aceitar o socorro do governo; e reduzir os custos em 47%; fizeram com que a empresa retomasse os lucros bilionários (pela primeira vez desde 2005) e ainda conseguisse ultrapassar a GM em vendas. Nos Estados Unidos a empresa superou, em alguns momentos, a General Motors como a número 1 em vendas, comercializando em 2010 mais de 1,9 milhões de veículos. Globalmente a FORD ocupa a posição de número cinco em relação ao número de veículos vendidos. E, embora não tenha ainda chegado próximo ao primeiro lugar da Toyota, já é mais admirada do que a rival japonesa, segundo uma pesquisa recente feita pela Bloomberg. Em 2010, a FORD descontinuou a marca Mercury, em mais uma medida para se tornar competitiva e mais lucrativa.