A história da Hudson Motor Car Company está repleta de inovações em automoção, muitas das quais foram adotadas por outros membros da indústria. O impressionante volume de produção de mais de 3.000.000 de carros fabricados, é um fiel reflexo de sua capacidade e importância.
A história começou em 24 de fevereiro de 1909, quando oito homens de negócios de Detroit se uniram para criar uma corporação para produzir um automóvel que seria vendido por menos de 1.000 dólares.
Os oito visionários eram Roy D Chapin, que organizou o grupo, J L Hudson, magnata da época que deu sua permissão para que a empresa levasse seu nome, R B Jackson, Huch Chalmers, Harold E Coffin, F O Bezner, J J Brady e Howard. Lembrando que: Chapin, Vencer, Brady e Howard eram antigos sócios de Ransom E Olds.
O automóvel que todos haviam decidido produzir se chamou Hudson ‘Twenty’, tinha 4 cilindros e o motor era refrigerado a água. Foi um dos primeiros carros de baixo preço no mercado americano, vendido a 900 dólares em Detroit.
A empresa começou a produção em uma fábrica pequena de Detroit, e o primeiro carro saiu da fábrica em 3 de julho de 1909.
Foram vendidas mais de 4.000 unidades no primeiro ano, conseguindo em seu primeiro ano um dos maiores volumes de negócios da história da indústria automobilística de todos os tempos.
As vendas líquidas dos 16 primeiros meses chegaram aos 3.980.999 dólares da época, fato que animou a empresa a adquirir alguns terrenos nas avenidas Jefferson e Conner, o que constituía um passo importante na cidade de Detroit. Ali foi construída uma nova e maior fábrica, com 16.000 metros quadrados.
Roy D Chapin foi eleito presidente, e em seguida fez uma grande e extensa viagem pelas fábricas europeias de automóveis. Ficou impressionado o quanto estavam avançados em relação aos fabricantes americanos que utilizavam processos e métodos muito pesados para o design e a fabricação de automóveis. Muitas das observações feitas durante a viagem de Chapin foram refletidas posteriormente na planta de produção da Hudson.
Por exemplo, Chapin ficou impressionado pela superioridade dos motores de 6 cilindros que havia visto nas fábricas europeias. Colocou seus engenheiros a trabalharem para que desenvolvessem um carro com motor de 6 cilindros para ser vendido a um preço médio. O primeiro Hudson novo com motor de 6 cilindros surgiu em julho de 1912, e foi sucedido por um roadster, o primeiro carro de baixo preço que alcançava 100 km/h.
Chapin também havia ficado impressionado com o fato de que, embora os carros europeus fossem fabricados com carroceria de aço, eram automóveis mais leves e mais fortes que os americanos com carroceria de madeira. Começou a trabalhar com os projetistas e engenheiros da Hudson para criar um carro que causasse sensação no mundo automobilístico americano, e o resultado foi o ‘Six-Forty’, o primeiro carro de 6 cilindros americano com um peso moderado. Pesava menos de 1.200 kg e era equipado com uma transmissão de 4 velocidades. Este coche tinha a dupla vantagem de alcançar maior velocidade, com um consumo mais baixo de combustível.
Outros avanços importantes foram a colocação do volante à esquerda, a alavanca de câmbios na parte central interior e o sistema de partida no interior do carro.
Em 1916, enquanto a Europa atravessava a 1ª guerra e outra de menor importância acontecia no México, Hudson introduziu seu ‘Super-Six’, que tinha o primeiro virabrequim completamente equilibrado, com um motor com coeficiente de compressão de 5:1, considerado como um grande avanço na época. Este tipo de virabrequim foi copiado por outros fabricantes e foi utilizado universalmente.
Todo este esforço na melhoria da compressão dos motores representado pelo ‘Super-Six’, levou a motores com coeficientes de compressão de até 12,5:1. Uma prova do que significou esse aumento na compressão dos motores da Hudson em 1916 se demonstra com o fato de que o ‘Super-Six’ desenvolvia 76 cv, enquanto que o motor de 6 cilindros do ano anterior produzia somente 48 cv.
Em 1916, um Hudson ‘Super-Six’ demonstrou sua enorme potência alcançando os 165 km/h nas areias brancas de Daytona Beach. Este foi o primeiro de muitos testes de potência e de funcionamento que os carros da Hudson foram submetidos durante décadas.
O funcionamento excepcional do ‘Super-Six’ foi responsável para que a Hudson vendesse 26.393 carros em 1916, número excepcional para essa época, e permitiu o aumento do espaço da fábrica até os 23.000 metros quadrados.
Em 1917, Chapin introduziu os motores Essex para a criação de um carro subsidiário da Hudson, que deveria ser o ‘carro ideal’, o tipo de carro que ele havia visto na Europa e que iria revolucionar a indústria automobilística americana, o carro fechado.
Até essa época, a maioria dos carros americanos eram abertos e com capota, e seu uso ficava restrito obviamente em função do tempo.
Os carros fechados custavam por volta de 1.000 dólares a mais que os carros abertos, ficando assim ao alcance do comprador médio. Os engenheiros da Hudson melhoraram seus métodos de produção até o ponto em que conseguiram colocar à venda carros fechados a um preço de somente 100 dólares superior ao de um carro aberto comparável.
Em 1919 foram introduzidos os Essex sedan e coupe fechados com carroceria de aço e a Hudson causou novamente sensação ao vendê-los por muito pouco a mais que os Ford. Foram vendidas 41.000 unidades no primeiro ano. O automóvel fechado transformou-se em um dos marcos mais importantes da história automobilística americana e transformou essa indústria. O automóvel deixou de ser um elemento utilizado de dia e durante 6 meses do ano passando a ser um elemento de uso contínuo durante todo o ano. As vendas do Essex da Hudson subiram e antes de chegar a 1922 já eram vendidos em 50 países.
Os anos 20
A Essex transforma-se então em uma corporação separada da Hudson.
Um ano mais tarde, Chapin, satisfeito com a situação da empresa, estava impaciente par dedicar a maior parte de seu tempo aos assuntos públicos, particularmente com sua campanha pessoal para melhorar as estradas e demitiu-se da presidência da Hudson. Foi secretário de comercio dos Estados Unidos no mandato do Presidente Coolidge.
Antes de 1926, a Hudson fabricava todas as suas carrocerias sobre a base de produção que possuía nas plantas. Os métodos da linha de montagem que Chapin havia estudado na Europa, foram executados.
A empresa celebrou seu vigésimo aniversário em 1929, com o resultado de 1.779.360 carros fabricados desde que iniciou sua produção. O Hudson de 1929 oferecia inovações como um sistema de óleo do motor melhorado.
Embora a Grande Depressão que começou em 1929 tivesse atrasado o avanço da engenharia em muitas indústrias, os engenheiros da Hudson seguiram trabalhando.
Os anos 30
Em 21 de julho de 1932, a Hudson introduziu outro nome na história do automobilismo, o Terraplane, com motores Essex de 6 e 8 cilindros.
O sistema de produção introduzido com o Terraplane foi a chave do sucesso fenomenal da Hudson, que contava com mais de 120 concessionários americanos oficiais entre 1932 e 1940.
O teste que a empresa se sentia mais orgulhosa era a marca de 24 horas absoluta, conseguida com um Hudson Eight em 10 de outubro de 1936, nas planícies salgadas de Bonneville. O Eight percorreu 3.400 km em 24 horas com uma assombrosa média de quase 140 km/h.
Em 1933 Chapin voltou novamente à empresa como presidente da Hudson, que como todos os grupos automobilísticos e a maioria das indústrias da época, começavam a experimentar perdas pesadas. Durante os três anos seguintes, com a dinamização da fábrica e o refinanciamento, a empresa superou suas dificuldades e começou a gerar lucros outra vez no início de 1936.
Quando Chapin faleceu, A E Barit, que havia sido concessionário oficial da Hudson Company e tesoureiro da motores Essex, foi eleito presidente.
Sob o comando de Barit, a Hudson continuou desenvolvendo melhorias. O Hudson de 1936 era equipado com um sistema patenteado de freios hidráulicos. O Hudson de 1937 foi o primeiro carro americano que apresentava a bateria debaixo do capô e outros avanços como estabilizadores nas rodas dianteiras.
Os anos 40
Durante esses anos, a Hudson se preparou para uma grande mudança em seu modelo de produção de automóveis. Em 1945 começaram a acumularem-se carros em suas fábricas. Em 1947 se chegou ao número de 3.000.000 de unidades vendidas.
Em 19 de setembro de 1947, a empresa parou a produção dos modelos de 1947 para preparar-se para fabricar um carro totalmente novo para 1948. O custo dessa operação foi de 16.000.000 de dólares. A Hudson apresentou o modelo de 1948 como ‘o carro que você no irá querer descer’, ‘o primeiro automóvel americano com perfil baixo, combinando maior beleza, estabilidade e segurança na estrada, com espaço livre no interior e muito mais confortável’.
Os carros da Hudson mantiveram desde então essa silhueta baixa, agora tão comum na indústria, enquanto seus motores melhoravam e o perfil dianteiro se arredondava, chegando a oferecer uma linha de até sete motores.
A empresa ampliou suas operações no campo internacional, comprando plantas na Bélgica, Canadá e Reino Unido, e estabelecendo concessionários e instalações de serviço em mais de 100 países. A organização dos concessionários e das instalações de serviço foi crescendo gradualmente até chegar a contar uma rede de 3.000 pontos em todo o mundo.
Os anos 50
Em 1951, a empresa melhorou seus esforços anteriores aumentando a potência do motor de 6 cilindros no novo Hornet para 145 cv. Os Hornet obtiveram inúmeras vitórias em competições na época.
Em 1951, a Hudson também voltou a produzir para o Departamento de Defesa americano. Recebeu contratos para fabricar o motor do Wright R-3350, partes da fuselagem do bombardeiro noturno, gêmeo do B-57 Canberra, e partes da fuselagem do bombardeiro B-47.
As condições da indústria automobilística no final de 1953 e a consequente queda das vendas fizeram com que A E Barit e o Conselho Diretor da Hudson decidissem que se a empresa quisesse continuar dando contribuições notáveis para o setor automobilístico, sua posição teria que consolidar-se. Por isso, estiveram propensos a escutar e aceitar a sugestão de George W Mason para fundir a Hudson com a Nash-Kelvinator Corporation, e dessa forma obter vantagens mútuas para ambos.
O resultado dessa fusão foi a criação em 1954 da AMC American Motors Corporation.