Requintados, elegantes, confortáveis, mas nunca excessivos. Estas são as características que os amantes de um bom automóvel sempre atribuíram aos carros da marca italiana LANCIA, que ao longo de sua história conservou a ambição de querer ser a alternativa italiana à Mercedes-Benz.
Tudo começou no dia 29 de novembro de 1906, em pleno outono, na cidade de Turin quando Vicenzo Lancia, piloto de testes da Fiat e filho de um rico industrial da área de alimentos, juntou 50 mil liras para fundar a sua própria fábrica em conjunto com o colega Cláudio Fogolin. Imediatamente a LANCIA se estabeleceu como uma empresa inovadora.
O primeiro modelo, o ‘Alpha’, apresentado em 1907, encantava pela sua elevada potência, chegando a atingir impressionantes 90 km/hora na época. O segundo automóvel, batizado de DiAlfa, foi lançado já em 1908. Foram produzidas 23 unidades. Nos anos seguintes, a LANCIA se dedicou a fabricar carros para a classe média italiana, caracterizando-se pelas inovações técnicas.
Uma das tradições da marca foi o uso de letras do alfabeto grego para designar seus carros. Essa ideia, dada pelo irmão do fundador, Giovanni (estudioso de línguas clássicas e professor de literatura), se firmou já nos primeiros anos, com o lançamento do Beta em 1909, seguido pelo Gamma em 1910 e o Delta em 1911. A montadora italiana começou a fabricar caminhões em 1911, utilizando o chassi de um dos modelos produzidos por ela própria. A receita para o sucesso da LANCIA nestes primeiros anos era a classe, o luxo, o desempenho e uma boa fatia de inovação. Em 1913, o modelo Theta foi o primeiro carro europeu com partida elétrica. E as inovações não pararam por aí. Em 1919, após a Primeira Guerra Mundial, apresentou o Kappa, com motor V12, logo seguido pelo DiKappa e pelo TriKappa, já com motor V8 com comando de válvulas nos cabeçotes.
Em 1922, ao lançar no mercado o modelo Lambda, a LANCIA apresentou o primeiro automóvel com suspensão dianteira independente, freios nas quatro rodas, chassi monobloco e túnel de transmissão, que permitia rebaixar em muito a carroceria. Rápido, seguro, ágil e sofisticado, o carro personificava todos os atributos que hoje definem o ‘Gran Turismo’ (palavra que significa prazer de viajar ao volante de um automóvel potente, confortável, elegante e com ‘classe’), e se tornou um enorme sucesso na Itália.
Em 1933, o modelo Augusta foi introduzido no mercado com estrutura monobloco, e já no ano de 1937, aparecia o Aprilia, um automóvel compacto de 4 portas cujo sucesso se deveu em grande parte ao preço competitivo, concebido e testado em túnel de vento, que inaugurou uma nova fase para a montadora italiana. Nesse mesmo ano, Vincenzo Lancia morreu precocemente de ataque cardíaco aos 56 anos. Com o início da Segunda Guerra Mundial, a montadora reduziu muito a produção de automóveis civis para se dedicar a produção de equipamentos e materiais bélicos. Com o fim do conflito, aos poucos, a LANCIA retomou a produção. Em 1950, a LANCIA apresentou o Aurelia, um automóvel inovador equipado com motor V6 dianteiro e transmissão com câmbio e tração traseira.
No ano seguinte foi lançado o Aurelia GT, que foi considerado o primeiro veículo Gran Turismo, tornando-se num autêntico sucesso de vendas. Apesar dos vários modelos inovadores, nos anos 60 e 70, como o Flavia, primeiro automóvel da marca com tração dianteira, e que ganharia injeção eletrônica em 1965; o Fulvia (1966), um coupe que agradou ao gosto do público, sobretudo jovem; e o Stratos (1972), um automóvel de linhas irreverentes. A LANCIA ficou mais conhecida por seu sucesso nas pistas de rally com o Fulvia e o Stratos - equipado com um motor V6 Ferrari e considerado até hoje um dos melhores carros já construídos para provas de rally.
A LANCIA em uma tentativa de produzir automóveis de elevada qualidade começou a ter problemas financeiros o que culminou com sua venda para o Grupo FIAT em 1969, iniciando assim uma nova fase destinada a fabricar automóveis inovadores. Uma década mais tarde, em setembro de 1979, a LANCIA apresentou no Salão de Frankfurt um modelo de pequeno/médio porte chamado Delta. O desenho do mestre Giorgio Giugiaro combinava-se à plataforma e à mecânica do Fiat Ritmo/Strada, com as devidas alterações para melhor desempenho e comportamento dinâmico. O modelo Delta foi um dos maiores sucessos da LANCIA em sua história. Em 1982, sua linha de automóveis crescia ainda mais com a apresentação do Prisma, um carro três volumes, e o Thema, que representou o relançamento da indústria italiana no segmento dos sedans luxuosos.
O LANCIA Y, um pequeno utilitário de linhas originais apresentado em 1995, foi o primeiro veículo produzido em grande escala disponível em mais de cem cores de carroceria, resultado que foi possível devido a alguns fatores de excelência industrial da marca italiana. Ainda nesse ano, a marca italiana começou a exportar seus automóveis para os Estado Unidos. A LANCIA sofreu muito com a grave situação financeira que o Grupo FIAT atravessou entre 2000 e 2004, e à luz do seu prestigioso passado merecia esforços e investimentos mais consideráveis.
Em 2006, para comemorar seu centenário de vida, a LANCIA encomendou um protótipo ao estúdio Fumia Design. Apresentando em 2006 na cidade de Tokyo, o protótipo batizado de LANCIA FUMIA, a montadora italiana pretendeu mostrar o objetivo que sempre teve ao construir seus automóveis: estilo e funcionalidade.
Atualmente, o modelo mais refinado da marca é o Thesis. Os outros modelos são o Ypsilon (mais de 200 mil unidades vendidas na Itália desde seu lançamento em 2003); o monovolume Musa (derivado do Fiat Idea), o Phedra, modelo que compartilha a plataforma com o Fiat Ulysse, e o recém-lançado Delta.