
Já em 1992 a General Motors anunciava sua intenção de concentrar a produção. Isto significava o desaparecimento de algumas de suas marcas, e na época a Oldsmobile foi a escolhida, embora isso não viesse a acontecer posteriormente. O protótipo Aurora, convertido em um automóvel de série, foi o motor da ressurreição, mas isso de pouco serviu. Uma premente falta de rentabilidade motivou o fechamento da empresa e o fim de uma bela história centenária.
A Oldsmobile era a marca mais antiga dos Estados Unidos, pois iniciou suas atividades em 1897, e contribuiu na formação do grupo General Motors.
O declínio da Oldsmobile teve início em 1992, quando aterrissou em Detroit um executivo espanhol, José Ignacio López de Arriortúa, que iniciou uma luta implacável para concentrar a produção da General Motors, o que significava livrar-se das marcas menos rentáveis do grupo. E estas eram Oldsmobile e Buick.
De pouco servia o seu passado glorioso e que tenha sido a primeira que formou, junto com a Stewart, a holding General Motors em 1908. A sorte estava lançada para a primeira delas, cujas vendas haviam despencado de modo alarmante e contava com uma linha de modelos pouco atrativa. Porém, um ano mais tarde a situação mudou de forma radical, os presságios de Arriortúa não se cumpriram e um protótipo apresentado no Salão de Detroit, o Aurora, serviu de balão de oxigênio para a marca.
Mas vamos às origens da Oldsmobile, nome que, como veremos, correspondia a um modelo de carro e não ao seu fabricante. Suas origens remontam a 1887, quando Ransom Eli Olds fazia experiências com motores a vapor desenvolvidos para mover as carruagens puxadas por cavalos. Olds trabalhava na oficina que seu pai tinha na localidade de Lansing, no estado de Michigan, a mesma onde sempre foram fabricados os automóveis Oldsmobile.
Ransom Eli Olds nasceu em 1864 em Geneva (Ohio), e com 16 anos se transferiu com sua família a Lansing, onde trabalhou na oficina de seu pai, que passou a dirigir em 1885. Ali construiu o seu primeiro veículo completo dois anos mais tarde, equipado com um motor a vapor de 2 cv de potência. Mas Olds se interessava pelas experiências com mecânicas a explosão alimentadas por gasolina que estavam sendo realizadas por Otto e Daimler na Europa e Brayton nos Estados Unidos.
O primeiro carro
Em 1897 Olds construiu um veículo a explosão equipado com um motor monocilíndrico a gasolina de 5 cv de potência e capaz de circular na tremenda velocidade de 30 km/h. Ao mesmo tempo, constituiu a Olds Vehicle Motor Company, que se uniu à sociedade de seu pai, a P.F. Olds & Son que no final desse mesmo ano mudou sua razão social, que passou a chamar-se Olds Gasoline Engine Works.
Mas estas empresas não eram rentáveis e seu passivo crescia sem cessar. Olds não se rendeu e encontrou o sócio perfeito em Samuel Smith, com quem criou em 1899 a sociedade Olds Motor Works, que passou a englobar as duas empresas já existentes.
O capital social inicial foi de meio milhão de dólares e a presidência foi assumida por Smith, que nomeou seu filho Frederick como tesoureiro e secretário da presidência, enquanto Olds assumia as funções de vice-presidente e diretor geral.
A primeira ação da nova empresa foi construir uma fábrica em Detroit, que em seus dois primeiros anos fabricou 11 veículos a gasolina e elétricos que seriam colocados à venda em 1901. No entanto, em 9 de março daquele ano aconteceu um violento incêndio que destruiu a fábrica quase completamente e com ela 10 dos 11 carros fabricados. Só se salvou um runabout fabricado no final de 1900, que recebeu a denominação Oldsmobile e que construiu a base da futura produção da empresa.
Assim nasceu o carro mais famoso da história da Oldsmobile, o Curved Dash, o primeiro carro norte-americano fabricado em série através de uma linha de montagem rudimentar. Era um carro simples, barato e funcional, mais próximo a uma carruagem que a um automóvel, equipado com um motor monocilíndrico de 7 cv acoplado a uma transmissão de 2 velocidades à frente e uma ré. A direção era uma alavanca do tipo timão. Chegaram a ser produzidas mais de 5.500 unidades em 1904, o que contribuiu no desenvolvimento da indústria automobilística nos Estados Unidos.
Naquele ano a produção de automóveis foi transferida a Lansing e Ransom Olds demitiu-se de seu cargo por divergências com Smith. Olds defendia os utilitários como o Curved Dash, enquanto que Smith preferia carros maiores, luxuosos e caros, o que foi um fracasso.
Segunda época
Mas então surgiu em cena William C. Durant, que em 1908 fundou a General Motors com Buick, Stewart e a própria Olds, que nesse ano produziu somente 1.055 carros. Antes disso, Ransom Olds participou da fundação de uma nova marca de automóveis, a REO, nome formado com as iniciais de seu nome.
Após duas décadas de mudanças contínuas de métodos de produção, a marca encontrou nos anos 30 e 40 o melhor caminho para o seu desenvolvimento: a inovação tecnológica. Já antes, em 1925 havia introduzido o uso das peças cromadas, e em 1927 todos os seus carros levavam freios nas quatro rodas. O modelo mais popular dessa época foi o Série F.
Em 1937 criou uma transmissão semiautomática, e três anos mais tarde todos os seus modelos eram equipados com uma transmissão totalmente automática denominada ‘Hydramatic’.
Em 1942 desapareceu a razão social Olds Motor Works, para passar a chamar-se Oldsmobile.
Em 1949 desenvolveu novos motores de 8 cilindros em V, 5.0 litros de capacidade e uma potência de 135 cv que eram denominados Futuramatic Rocket, e que se tornaram muito populares por serem utilizados nos carros de competição da NASCAR, campeonato que dominou durante anos.
Chega o Toronado
Dos primeiros 1.005 carros de 1908, passou a 36.072 em 1933 e a 310.795 em 1958. Nessa época, os motores Rocket do modelo SS alcançavam uma potência de 300 cv. O Cutlass e o Delta eram os carros mais populares da Oldsmobile. Porém o mais importante chegou em meados dos anos 60. Foi o Toronado.
Stan Wilen, chefe de design, pediu a seus empregados que fizessem o carro que quisessem para si próprios. Assim nasceu um coupe de 2 portas e 5 lugares equipado com um motor V8 de 7.0 litros e 385 cv. Mas sua principal característica era que sua tração era nas rodas dianteiras, algo que não se via nos Estados Unidos desde o Cord dos anos 30.
Com o Toronado foram conseguidos novos recordes de produção, ao serem superadas as 650.000 unidades em 1965, ano de sua comercialização. Sua última versão foi fabricada em 1978.
O milhão de carros fabricados foi conseguido em 1979, mas depois disso a Oldsmobile começou a apagar-se. A produção caiu e a linha de modelos se empobreceu. No final a linha era composta de cinco carros, sendo que dois deles eram versões de outros veículos da General Motors. O protótipo Aurora, fabricado em série, despertou expectativas a partir de 1993, mas pouco depois a rentabilidade voltou a retroceder, de modo que finalmente a sentença de Arriortúa se cumpria, embora com 7 anos de atraso.