A ALIANÇA RENAULT-NISSAN PODERÁ SUPERAR A VOLKSWAGEN E A TOYOTA ESTE ANO
Quando Carlos Ghosn tomou as rédeas da Nissan em 1999, ninguém poderia imaginar que acabaria algum dia comandando um dos maiores grupos fabricantes de automóveis do mundo. Na época, a General Motors era o grande líder, como ocorria desde antes da Segunda Guerra Mundial, e tudo indicava que seguiria assim.
A Renault e a Nissan firmaram uma aliança estratégica que deu muitos bons frutos. Ambas as marcas se complementaram e se beneficiaram mutuamente. Com o tempo foram acrescentadas várias marcas à sua carteira e atualmente contam com a Dacia, Datsun, Infiniti, Lada, Mitsubishi, Samsung Motors e Venucia. Desde a saída de Carlos Tavares (agora na PSA) da Renault, Ghosn comanda ambos os fabricantes.
As marcas do grupo estão crescendo de uma forma geral. Ghosn deu um grande golpe de sorte quando foram descobertas as manipulações de emissões da Mitsubishi no Japão. A crise desencadeada permitiu a Ghosn controlar outro fabricante de quase um milhão de veículos ao ano por relativamente pouco dinheiro, já que as ações haviam despencado. Com as sinergias que existem, o dinheiro será recuperado rapidamente.
Hoje em dia, se forem combinadas todas as vendas de suas diferentes marcas, a Aliança Renault-Nissan está entre os três fabricantes mais importantes do mundo. Em 2015 havia marcado esse objetivo com vistas a 2018. E parece ter conseguido, e com um ano de antecedência. A Volkswagen também tinha o objetivo de chegar ao número 1 em 2018, mas isso começou a ser planejado em 2008.
Analisando os dados globais de vendas, de acordo com a consultoria JATO Dynamics, de janeiro a abril (inclusive) o Grupo Volkswagen colocou no mercado 3,32 milhões de unidades, a Toyota e suas marcas 3,06 milhões e a Renault-Nissan 3,02 milhões. Por enquanto a Aliança coloca-se em terceiro, mas é preciso olhar mais adiante.
Considerando o mesmo período contra janeiro-abril de 2016, a Aliança cresceu 8%, enquanto que a Toyota subiu 6% e a Volkswagen caiu 1%. Ou seja, se a tendência continuar, a Renault-Nissan poderá chegar ao topo sem que haja um grande desastre que afete os seus dois rivais nesse momento. Somente seguindo o caminho natural.
O Grupo Volkswagen parece ter superado em termos de imagem e prestígio o escândalo das emissões dos motores diesel. Inclusive 2016 foi o melhor ano de resultados para o fabricante alemão, mesmo descontando os custos judiciais, de recalls e vendas perdidas. E mais, conseguiram um recorde histórico de vendas.
Por outro lado, a Toyota em 2011 teve um desastre logístico devido ao terremoto e o tsunami em seu país natal, que colocou em cheque a eficácia de seu sistema just-in-time. Mas está sempre brigando pelo primeiro lugar na lista.
Em relação à General Motors, hoje ocupando o quarto lugar, por enquanto não parece ser uma séria ameaça. O gigante americano está se reestruturando nos mercados que lhe são mais rentáveis, fundamentalmente Estados Unidos e China. A Europa foi abandonada quase por completo (Opel e Vauxhall foram para o guarda-chuva da PSA), assim como a Índia, África do Sul e Quênia. Parece que a GM quer ser menor para ser mais forte.
A Aliança Renault-Nissan tem uma posição muito forte no segmento mais importante do mercado, o dos SUV/crossovers, que inclusive deve crescer ainda mais nos próximos anos. É líder mundial em vendas de carros elétricos, que também estão crescendo. O volume mundial dos elétricos deverá dobrar antes de 2020, para cerca de quatro milhões de unidades.
Um grande volume de vendas significa também vantagens na hora de negociar com os fornecedores, pressionando os preços para baixo. Por outro lado, as sinergias de plataformas, motores e componentes pode baratear o projeto de veículos para todo o Grupo, desde os mais básicos para o mundo emergente até os mais sofisticados. Os custos se reduzem e são otimizados, proporcionando maior vantagem competitiva.
Até hoje, Carlos Ghosn se mostrou como um dos melhores dirigentes que a indústria automobilística conheceu. Tirou a Nissan da falência e poderá liderar o mundo em menos de 20 anos. Mas a Volkswagen não deixa por menos, este ano estreará vários SUVs e crossovers que animarão as vendas. Em relação à Toyota, se conseguir mais modelos bem sucedidos como o C-HR, tampouco se dará por vencida.