A BORDO DO LAMBORGHINI HURACÁN GT3 EVO2: AS DAMAS DE FERRO, UMA TRIPULAÇÃO EXCLUSIVAMENTE FEMININA

“Competimos para inspirar as mulheres a seguir os seus sonhos e dar o primeiro passo no esporte automobilístico, porque provamos que tudo é possível”.
Criado em 2018 por Deborah Mayer - empresária, piloto de corridas, e presidente da FIA’s Women in Motorsport Commission (WIM) - o ‘Iron Dames’ é um projeto destinado a apoiar as mulheres no esporte automobilístico em todos os níveis: pilotos, mecânicas, engenheiras e gestoras. Esta equipe formidável é composta por quatro mulheres muito determinadas: “Provamos que somos capazes de vencer qualquer um”, dizem em uníssono. “Somos fortes e somos lutadoras. E lenta, mas seguramente, estamos mudando a mentalidade deste esporte”.
Desde a mais nova, Doriane Pin (19), até a mais velha, Rahel Frey (36), todas partilham a mesma visão: “Usamos uma roupa cor-de-rosa, é verdade. Mas quando colocamos os nossos capacetes, somos pilotos que querem ganhar. E nada mais”.
Competindo diretamente com os seus colegas homens, depois da estreia em janeiro em Daytona ao volante do #83 Huracán GT3 EVO2, em março as ‘Iron Dames’ irão competir na IMSA Endurance Cup, em Sebring, para a segunda etapa do campeonato depois de Daytona.
Os quatro membros da equipe, Rahel Frey, Michelle Gatting, Sarah Bovy e Doriane Pin trocam de lugar no cockpit do carro durante as longas horas das provas de resistência. “Somos como irmãs de mães diferentes”, dizem, enfatizando a estreita harmonia da equipe.
Quatro histórias, uma só voz
Rahel Frey tem 36 anos e foi a primeira mulher a vencer uma prova de Fórmula 3, na Alemanha. Piloto profissional desde 2011, é considerada entre as mais fortes da pista, com 71 pódios, 19 vitórias, 7 pole positions, e 22 recordes de volta mais rápida. Descreve-se como “uma trabalhadora silenciosa”, empenhada em utilizar os seus 20 anos de experiência “para fazer crescer o papel das mulheres no esporte automobilístico”. Ela não é apenas piloto, é também gestora do projeto das ‘Iron Dames’, supervisionando o seu crescimento, o seu treino físico e mental e o seu programa de testes. “No mundo das corridas, não gosto de pensar no dualismo ‘homem-mulher’. Entramos no automóvel e queremos ser as mais rápidas, assim como os outros”, sustenta Frey.
Michelle Gatting nasceu na Dinamarca há vinte e nove anos e já conta com uma riqueza de conquistas tanto em karts como em monolugares: até agora, na sua carreira, 14 vitórias em corridas, 61 pódios e 8 pole positions. Ama profundamente a sua terra natal, onde regressa sempre que pode para caminhadas na natureza com o seu cão Lasso. E é um “orgulhoso e teimoso” (as suas palavras) relâmpago na pista. “Desde os meus primórdios, as coisas mudaram. Agora chego ao paddock, cumprimento os meus adversários masculinos, e sinto o seu respeito. Provamos que sabemos como vencer”.
Sarah Bovy nasceu na Bélgica há trinta e três anos, adora comida ao ponto de chamar a si própria ‘gourmand’, e na pista inspira-se nos grandes pilotos de corrida. “Quando eu tinha 13 anos, já estava em um kart e disse ao meu pai a caminho de casa, um dia vou ser piloto de corrida”. Trata-se de uma paixão visceral e abrangente pelas corridas. “Adoro tudo neste ambiente: o cheiro, o barulho, a estratégia. E acima de tudo, adoro a batalha”. Como campeã do Touring Car em 2013 e primeira mulher no pódio da World Series, está na sua terceira temporada com as ‘Iron Dames’. “Uma desvantagem de ser uma mulher na pista? O fato de certos colegas, quando estão no processo de ultrapassagem, nos pressionarem com as suas manobras. Penso que para alguns, ser vencido por uma mulher ainda é visto como uma contusão no ego”.
Doriane Pin é uma promessa para o futuro: francesa, 19 anos, e muitas vezes no pódio da taça GT3 Michelin Le Mans. Das 30 corridas da sua carreira, alcançou seis vitórias, 12 pódios e 4 pole positions. “Comecei quando tinha nove anos de idade, graças ao meu pai. Em 2019, já era campeã na França”, conta. Adora passar o seu tempo livre tocando piano, praticando o ciclismo e tênis. “Os valores importantes da minha vida? Acreditar em mim mesmo, aprender sempre, e desfrutar de cada momento”.