A HISTÓRIA MODERNA DA BUGATTI SE RESUME NESTAS IMAGENS

A Bugatti é um caso à parte nas páginas da história do automobilismo. Embora a empresa estivesse ativa somente alguns poucos anos na primeira metade do século XX, o eco de seus triunfos esportivos chegou até os dias de hoje, mais de 100 anos depois da fundação da empresa. Da mesma maneira, alguns de seus primeiros modelos continuam sendo considerados dos mais valiosos da história, sendo alguns de seus desenhos, autênticos ícones da época.
A própria nacionalidade da empresa merece um capítulo à parte, pois apesar de ser italiano e de ter vivido na França, Ettore Bugatti estabeleceu sua empresa na Alsácia, um território que no início do século XX se encontrava no que hoje conhecemos como Alemanha e que depois da Segunda Guerra Mundial foi anexado à França. Portanto, um italiano fundou uma empresa alemã que logo e involuntariamente se tornou francesa. Tal e como a conhecemos hoje.
O êxito de seus primeiros anos foi o que propiciou que alguns poucos aficionados, encabeçados pelo empresário Romano Artioli, decidissem ressuscitar a marca com uma fábrica futurista em Campogalliano, Modena. Desse projeto não só nasceu o primeiro Bugatti da era moderna, como foram estabelecidas as pautas sobre as quais se fundamentaram os modelos criados sob a batuta da Volkswagen, uma vez que o grupo alemão ficou com a marca.
O projeto inicial da Bugatti Automobili (que é como se chamava a empresa italiana que ressuscitou a marca francesa) era desenvolver um modelo esportivo. Mas não um qualquer, mas o modelo mais avançado tecnologicamente falando e de maior desempenho do mercado, sem se preocupar com os gastos. E não só deveria ser o mais potente e rápido, como teria que ser fácil de conduzir no dia a dia por qualquer usuário.
Embora essa premissa seja dada como feita hoje em dia, quando começou o desenvolvimento do modelo no final dos anos 80 era algo bastante difícil de pôr em prática. Naquela época o habitual era encontrar esportivos com comandos muito duros e comportamentos muito bruscos, somente aptos para pessoas com certas habilidades ao volante. Embora seus sucessores sejam modelos bastante dóceis, a verdade é que muitos dos Lamborghini e Ferrari da época eram modelos bastante incômodos para o uso diário.
E esse foi o primeiro êxito da ressurreição da Bugatti, criar um esportivo que não só se tornasse referência do segmento em termos de rendimento, como também um modelo pioneiro em vários aspectos tecnológicos e que fosse simples e confortável de ser conduzido pela grande maioria dos usuários.
O Bugatti EB-110 foi o primeiro Bugatti da era moderna, embora fosse também considerado por muitos como o primeiro superesportivo moderno, mas a verdade é que houveram vários antes. Apresentado em 1991, o EB-110 deve seu nome às siglas de Ettore Bugatti e seu aniversário, pois foi apresentado 110 anos depois do nascimento do italiano.
Entre os diversos avanços deste modelo, descobrimos que foi o primeiro superesportivo de produção que contou com um chassi monocasco de fibra de carbono, motor alimentado por 4 turbos e um sistema de tração total. Embora algumas destas novidades já estivessem disponíveis, a verdade é que o EB-110 foi o primeiro esportivo de produção em série que as levou à rua. De modo que todos aqueles esportivos e homologações especiais que contavam com tração total (como o Porsche 959 nas versões de rua do grupo B) não entram dentro destes parâmetros, pois foram simples edições limitadas que, além disso, foram desenvolvidas sem um condicionante tão claro como o de ter que gerar lucros.
O desenvolvimento do extraordinário Bugatti EB-110 foi realizado por alguns dos nomes mais importantes da indústria na época, como os italianos Paolo Stanzani e Nicola Materazzi. Este esportivo baixo de fibra de carbono contava com um motor V12 de baixa cilindrada, somente 3.5 litros, embora contasse com cabeçotes de 5 válvulas por cilindro e fosse alimentado por 4 turbos IHI. A versão básica entregava 560 cv e 611 Nm de torque máximo, embora pouco depois fosse apresentada uma versão mais leve e potenciada, o Bugatti EB-110 Super Sport, que alcançava 612 cv e 650 Nm de torque máximo.
Após a falência da Bugatti em meados da década de 90, Ferdinand Piëch, o então todo-poderoso do grupo VAG, que havia ficado muito impressionado com o rendimento do Bugatti EB-110, quis adquirir os direitos da marca. Depois disso, contou com um dos maiores desafios tecnológicos já enfrentados por qualquer fabricante de veículos, o desenvolvimento do Bugatti Veyron. Este contava com especificações muito similares às do seu antecessor italiano, sendo o modelo mais extremo do mercado em todos os aspectos, mas também teria que ser confortável como qualquer Gran Turismo.
O resultado é bem conhecido por todos, a Bugatti lançou o impressionante Veyron em 2005, o primeiro modelo que chegou ao mercado com 1.000 cv de potência e capaz de superar os 400 km/h. A primeira versão comercializada foi o Veyron EB-16/4, que contava com um motor de 16 cilindros em W e 4 turbos que entregava 1.000 cv e 1.250 Nm de torque máximo. Assim como o seu antecessor, também contava com um rígido e leve chassi de fibra de carbono e tração total.
Depois do Veyron chegou o Veyron Super Sport e as versões conversíveis de ambos, os Veyron Grand Sport e Veyron Grand Sport Vitesse, que em sua versão mecânica mais potente entregava 1.200 cv e 1.500 Nm de torque máximo.
Após fabricar as 500 unidades do Bugatti Veyron, a marca apresentou o seu sucessor, o Bugatti Chiron. Ambos com nomes de antigos pilotos da época dourada da marca. Embora em princípio o modelo deveria ser a versão de produção do Bugatti 16C Galibier, o desenvolvimento do sedan se desvirtuou tanto que o modelo acabou se tornando tremendamente feio, razão pela qual a empresa decidiu eliminar este projeto e desenvolver uma evolução do seu esportivo de 16 cilindros.
Por isso não surpreende que o Bugatti Chiron seja tão parecido com seu antecessor, pois é mais que evidente que seu chassi monocasco de carbono e sua mecânica de 16 cilindros sobrealimentada eram uma evolução direta dos utilizados no Veyron. O novo modelo também será fabricado em uma edição limitada de somente 500 unidades, e por enquanto só experimentou versões mecânicas com 1.500 e 1.600 cv de potência. Mas alguns relatos apontam a possível chegada de uma versão aberta, mas até agora a empresa tem negado o desenvolvimento de um Chiron conversível. O que temos visto sim é o nascimento de inúmeras versões reencarroçadas do modelo, como as que aparecem nesta foto de família da Bugatti em Molsheim, uma imagem que vale mais de 33 milhões de euros.
Recordes
Embora todos os modelos fossem utilizados de alguma maneira ou outra para estabelecer novos recordes de velocidade, a verdade é que somente o Bugatti Veyron chegou a encabeçar a lista de veículos de produção mais rápidos do mundo. Primeiro com um exemplar do Veyron EB-16/4 que alcançou 408.74 km/h em 2005 e depois com o brutal Veyron 16/4 Super Sport em 2010, momento em que alcançou 431,07 km/h.
As tentativas anteriores do Bugatti EB-110, tanto com a versão base como a versão Super Sport, ficaram muito próximas do recorde vigente na época, embora tivessem conseguido romper marcas de velocidade em outras categorias.
O caso do Bugatti Chiron é um pouco diferente, pois embora conseguisse romper pela primeira vez a barreira psicológica das 300 milhas por hora (304.77 mph - 490.84 km/h), conseguido com um protótipo do Chiron Super Sport 300+ e com a supervisão do respeitado Instituto TÜV alemão, a verdade é que este feito só foi realizado em uma passagem na pista, sendo necessário realizar duas passagens em sentidos opostos para poder calcular a média de ambas as passagens. Caso contrário não se pode homologar o recorde.