ACORDO ENTRE MERCEDES-BENZ E MAXIMILIAN E. HOFFMAN QUE PROPICIOU O NASCIMENTO DO SL COMPLETA 70 ANOS

No início dos anos 50, o mundo ainda estava se recuperando do desastre causado pela Segunda Guerra Mundial. Em 1951, a assinatura do Tratado de Paris deu origem ao nascimento da Comunidade Europeia do Carbono e do Aço, e a Europa começava a recuperar-se, graças também às ajudas do Plano Marshall. Em 1952, o mesmo ano que uma jovem Elizabeth II era proclamada rainha do Reino Unido, iniciou a colaboração entre a Mercedes-Benz e Maximilian E. Hoffman, que propiciaria o nascimento da saga de carros esportivos da marca alemã.
Uma grande ideia marcou o começo da história dos Mercedes-Benz SL. Em 1952, Maximilian E. Hoffman, importador da marca alemã no leste dos Estados Unidos, propôs a criação de um roadster compacto de luxo. O empresário americano, de origem austríaca, se reuniu com a direção de Stuttgart e o resultado foi a criação de dois esportivos: o Mercedes-Benz 190 SL Roadster (W121), derivado do ‘Ponton’ e o lendário Mercedes-Benz 300 SL Gullwing (W108), um esportivo de alto desempenho para clientes mais exigentes.
Ambos os carros esportivos foram revelados no Salão de New York, celebrado entre os dias 6 e 14 de fevereiro de 1954. O 300 SL Roadster, apresentado em 1957, foi também o resultado da iniciativa de Hoffman. A empresa estava aberta à ideia visionária de Hoffman, que contribuiu significativamente à lenda do Mercedes-Benz SL. Os dois carros esportivos marcaram o começo de uma tradição que se estende até hoje.
A empresa entrou em contato com Hoffman como parte de sua estratégia para fortalecer as exportações na América do Norte. Wilhelm Haspel, presidente do Conselho de Administração da então Daimler-Benz AG, impulsionou pessoalmente o posicionamento do fabricante alemão na América do Norte a partir do verão de 1948.
A Mercedes-Benz era consciente de que os Estados Unidos, com o maior mercado automobilístico do mundo naquela época, tinham um papel fundamental para o sucesso das exportações mundiais. Os veículos comerciais também foram incluídos nas considerações e seriam, inclusive, um impulsionador importante das atividades estrangeiras da empresa.
As exportações da Mercedes-Benz aos Estados Unidos tomaram forma concreta em 1952 e o papel de Hoffman foi decisivo. Em 31 de julho de 1952, a então Daimler-Benz AG assinou um contrato com o importador austríaco como distribuidor geral para todo o leste do país. As vendas começaram em dezembro de 1952. No total, 253 veículos foram exportados aos Estados Unidos naquele primeiro ano de cooperação com Hoffman.
Após o bem-sucedido início das vendas em 1952, o status de Hoffman ganhou peso para os dirigentes de Stuttgart a partir de maio de 1953. Nesse momento, o diretor de exportação Arnold Wychodil reportou um informe de Hoffman sobre a conveniência de criar um veículo esportivo para o mercado americano.
Em 2 de setembro de 1953 foram apresentados seus planos em Untertürkheim a um grupo de oito membros do conselho e funcionários seniores da empresa, com Hoffman como convidado. O importador austríaco descreveu as características especiais do mercado americano e, de acordo com as atas do conselho, solicitou “um automóvel esportivo que por si só poderia proporcionar a base para o sustento da organização de distribuidores”.
O resultado daquela reunião foi o desenvolvimento de vários protótipos para fabricar dois modelos esportivos. Hoffman havia proposto um roadster compacto e os alemães tomaram como base a plataforma do Mercedes-Benz 180 (W120), mas o austríaco rejeitou a ideia de um conversível com uma longa distância entre os eixos e a tradicional grade da frente, porque não correspondia com sua ideia de um esportivo tipicamente europeu.
Os designers alemães prestaram atenção nos argumentos de Hoffman e, de fato, o 190 SL foi projetado com uma distância entre os eixos 250 mm mais curta na plataforma do Cabriolet A previsto originalmente para o W120. Além disso, o desenho da grade mostrava a grande estrela de três pontas com uma lâmina cromada horizontal, um desenho que acabaria se convertendo no traço característico do SL.
Enquanto a Mercedes-Benz seguia adiante com o desenvolvimento do 190 SL, o 300 SL Coupe também foi desenvolvido em pouco tempo, com tecnologia baseada no carro de corridas de 1952. A estreia de ambos os modelos em fevereiro de 1954 em New York causou uma grande sensação. O 300 SL Gullwing (W 198) foi lançado no verão de 1954, seguido em 1955 pelo 190 SL (W 121), que foi apresentado em New York como um modelo de pré-série.
O roadster tornou-se o principal atrativo da Mercedes-Benz para as vendas nos Estados Unidos: entre 1955 e 1960, representou 17.75% de todos os veículos vendidos no país norte-americano. As estimativas de Hoffman se mostraram corretas.
No final de 1953, Hoffman se tornou o distribuidor geral da Mercedes-Benz para todos os Estados Unidos, dando origem à Hoffman Motor Car Co. e ampliando seu território de vendas, com centros em New York, Chicago e Los Angeles.
A colaboração entre Mercedes-Benz e Maximilian E. Hoffman a partir de 1952 foi decisiva para o futuro da marca alemã nos Estados Unidos. Várias décadas mais tarde, no ano de 2006, a empresa abriu seu próprio Centro Clássico em Irvine, na Califórnia, tornando-se um farol para a cena dos clássicos da marca da estrela.
Agora, coincidindo com o 70º aniversário de uma colaboração que mudou o rumo da marca deste lado do Atlântico, nos próximos dias 12 e 13 de agosto a Mercedes-Benz abrirá um novo Centro Clássico, desta vez em Long Beach, ao sul de Los Angeles. Além disso, no dia 21 de agosto, o fabricante alemão participará do prestigioso Pebble Beach Concours d’Elegance em Monterey, Califórnia.