ALFA ROMEO 156: TRATA-SE REALMENTE DE UM FUTURO CLÁSSICO

O Alfa Romeo 156 é um dos modelos mais bem-sucedidos da história da marca italiana. Entre os anos 1997 e 2005 foram vendidos nada menos que 680.000 exemplares do modelo e, além disso, em 1998 foi o primeiro modelo da Alfa Romeo a receber o prêmio ‘Carro do Ano na Europa’. Hoje vamos dar uma olhada em sua história.
Foi no final do outono europeu de 1997 que a Alfa Romeo lançou seu novo sedan de tração dianteira, e fez isso com um dia de portas abertas em seus concessionários, que foram visitados por quase um milhão de pessoas. E parece que o que viram lhes convenceu, porque em poucos meses a marca recebeu mais de 100.000 pedidos.
O Alfa Romeo 156 foi apresentado à imprensa internacional na capital portuguesa, Lisboa. A mensagem era clara: combina um estilo dinâmico com um equilíbrio perfeito de desempenho e comportamento esportivo. O resultado foi um dos melhores sedans de tamanho médio e tração dianteira.
Desde 1933, a Alfa Romeo era propriedade da holding estatal italiana IRI (Istituto per la Ricostruzione Industriale), que vendeu a marca ao Grupo Fiat em 1986. Como em quase todos os processos de integração industrial, os primeiros anos sob a nova propriedade foram dedicados principalmente para racionalizar a produção e as cadeias de fornecimento.
Nos anos 80, o tema dominante para os fabricantes de automóveis era ‘criar sinergias’. Os processos de fabricação e os produtos se padronizaram cada vez mais. Muitos componentes foram compartilhados em vários modelos por razões de custo. Os designers eram obrigados a cumprir requisitos muito restritos, como reutilizar componentes para diferentes modelos, como as próprias portas, o que limitava a criatividade.
Essa tendência de peças idênticas para diversos modelos tampouco foi bem recebida pelo público. Muitas partes interessadas voltaram a exigir modelos mais diferenciados. Como resultado, os fabricantes relaxaram suas normas de design e, paralelamente, a importância da identidade da marca voltou a aumentar. Este ponto de inflexão teve uma forte influência no design dos carros na transição do século XX para o XXI.
Na planta de Arese, também sede do Centro Stile, mudaram as tecnologias, as pessoas e o processo de produção. Foram introduzidos novos sistemas informatizados de design e criação de protótipos, a equipe do Centro Stile foi integrada no processo de projeto das plataformas dos veículos e também participou nas decisões tecnológicas. A estratégia era: o que é funcional deve também ser bonito, e vice-versa. O estilo e a função andam de mãos dadas: na Alfa Romeo se falava de ‘beleza necessária’.
O Centro Stile não foi responsável pelo design de apenas um único modelo, mas de séries inteiras. Em 1995, por exemplo, a Alfa Romeo introduziu o modelo 145 com tampa traseira e, um ano mais tarde, o 146 com tampa traseira curta complementando a linha da marca no segmento C.
O verdadeiro ponto de virada foi o Alfa Romeo 156. A característica grade do radiador, o Scudetto, dominava o design da parte frontal do veículo. Os inconfundíveis para-lamas dianteiros irradiavam potência e firmeza na estrada, enquanto que a linha do teto e a relação entre as superfícies de vidro e metal se assemelhavam mais a um coupe que a um sedan.
Este efeito foi acentuado com as maçanetas das portas traseiras, integradas de forma quase invisível nos pilares das portas. Um truque que mais tarde foi adotado por muitas empresas, como a Renault com o Clio. As laterais limpas enfatizavam o perfil delgado e dinâmico do Alfa Romeo 156. “Parece que se move, inclusive quando está parado”, comentou Walter de Silva, na época chefe do Centro Stile Alfa Romeo.
A paleta de cores do Alfa Romeo 156 incluía esquemas de pintura experimentais já vistos de forma similar no concept car Carabo (1968) e no Alfa Romeo Montreal (1970). Os designers do Centro Stile se inspiraram no museu da fábrica vizinha, que na época se encontrava no mesmo edifício que hoje. Inspirando-se na cor do Alfa Romeo 8C 2900 B de 1938 exposto, inventaram o Azul Nuvola, uma pintura multicamada com efeito mica que fazia o carro brilhar.
O Alfa Romeo 156 era também um carro excepcional do ponto de vista técnico. A tarefa dos desenvolvedores neste caso era conciliar a esportividade e a tração dianteira. Para atingir este objetivo foram utilizados materiais inovadores na produção, como lâminas de magnésio e aço com diferentes espessuras, os chamados ‘blocos sob medida’.
O eixo dianteiro, de elaborado projeto, apresentava uma geometria denominada Ackermann, que proporcionava uma sensação de direção direta. Também foi dada uma atenção especial no ajuste mecânico do chassi, que garantia uma condução precisa. A versão de corridas do 156 também celebrou numerosos êxitos em competição, ganhando 13 títulos internacionais em dez anos.
No lançamento do Alfa Romeo 156 foram oferecidas seis versões de motorização. A estrela era o motor V6 a gasolina ‘Twin Spark’ de dupla vela de ignição, solução característica de uma série de motores lendários da marca ao longo dos anos. No 156 foram combinadas pela primeira vez duas velas por cilindro com quatro válvulas.
Os motores a gasolina de 4 cilindros tinham uma cilindrada entre 1.6 e 2.0 litros, assim como uma potência entre 120 e 166 cv. Por cima deles estava o 2.5 V6 com 190 cv (mais tarde 192). Em 2002, lhe seguiu o 3.2 GTA com o lendário ‘Arese V6’, que alcançava 250 cv e 300 Nm de torque, e acelerava de 0 a 100 km/h em 6.3 segundos.
O 156 foi um dos primeiros carros de produção em série do mundo a utilizar motores diesel com injeção direta baseados na tecnologia Common Rail, amplamente utilizada atualmente. Os turbodiesel de 1.9 e 2.4 litros (de 105 a 175 cv), reconhecíveis pela sigla JTD, assombraram os especialistas e o público. Pela primeira vez, os motores diesel ofereciam um desempenho, uma redução do ruído e um conforto à altura dos motores a gasolina.
No ano de 2000 foi apresentado o 156 com carroceria perua, denominado Sportswagon. Em combinação com a tração total Q4, mais tarde chegou um 156 Crosswagon com 6.5 cm a mais de altura livre em relação ao solo. No verão europeu de 2003 surgiu o 156 redesenhado por Giugiaro, reconhecível por sua enorme grade do radiador, mas a partir de setembro de 2005, o 156 foi sendo substituído gradualmente pelo 159.