ALFA ROMEO 33 STRADALE, O ÍCONE QUE FASCINOU OS ESTADOS UNIDOS

“Nasci em um hospital, em uma base da força aérea, de modo que talvez seja daí que vem a minha paixão pela velocidade e pela máxima performance”. Foi assim que o texano Glynn Bloomquist se apresentou há algumas semanas à equipe da Alfa Romeo, para finalizar pessoalmente a configuração única do seu Alfa Romeo 33 Stradale. O encontro aconteceu no Museu da Alfa Romeo em Arese, local icônico onde estão guardados alguns dos mais belos automóveis do mundo, incluindo o fascinante 33 Stradale histórico que inspirou este novo automóvel personalizado.
Após uma visita exclusiva ao museu, a equipe recebeu Glynn Bloomquist calorosamente na ‘Sala del Consiglio’ do Museu em Arese, onde o design do 33 Stradale foi aprovado em 1967 e que agora é a sede da ‘Bottega Alfa Romeo’. Foi neste local simbólico que designers, engenheiros e historiadores da marca se reuniram e ouviram os 33 proprietários, criando em conjunto com os mesmos o que se tornou uma obra de arte única e um autêntico manifesto das capacidades da marca italiana - agora e no futuro - em termos de estilo e experiência de condução.
Produzido em apenas 33 unidades exclusivas, para 33 fãs da marca, o novo coupé de dois lugares combina herança e futuro e será produzido de acordo com um processo artesanal único, com os mais elevados padrões de qualidade e uma atenção obsessiva aos detalhes, exatamente da mesma forma seguida nas boutiques artesanais da Renaissance e nas oficinas dos anos 60, de reputados encarroçadores italianos. Um deles foi a célebre Carrozzeria Touring Superleggera, que deixou a sua marca em alguns dos mais belos modelos Alfa Romeo de todos os tempos e que agora desempenha um papel de liderança na produção do novo 33 Stradale.
Dentro das históricas e gloriosas paredes da ‘Bottega Alfa Romeo’, o empresário norte-americano contou a sua história com total naturalidade e com grande envolvimento emocional, demonstrando sentir-se à vontade na ‘Tribo’ Alfa Romeo e, mais ainda, no pequeno círculo de proprietários do novo 33 Stradale, verdadeiros embaixadores da marca italiana e dos seus valores nos quatro cantos do mundo.
Paixão pelas corridas americanas e descoberta dos esportes motorizados italianos
Tendo crescido com um pai apaixonado pelas corridas americanas e pelos muscle cars, Glynn Bloomquist apaixonou-se rapidamente pelo esporte automobilístico local, uma paixão que o levou a mudar-se para Indianapolis para trabalhar, onde investiu em marketing para a sua empresa de fotografia na lendária Indianapolis 500, a maior prova de corridas de automóveis de open wheelers dos EUA. Glynn Bloomquist recordou-o: “Passei 10 anos viajando pelo mundo patrocinando o IndyCar. Algumas das minhas melhores recordações dessa época são do nosso primeiro piloto, Jimmy Vasser. Em 1992, como estreante, subiu ao pódio em Indianapolis depois de estabelecer o recorde de velocidade para um estreante na história da Indy 500: mais de 357 km/h”.
Com base nestas experiências nas corridas, que o atraíam cada vez mais, o empresário americano começou a concentrar-se no estrangeiro, para descobrir o patrimônio esportivo das marcas europeias, especialmente na Itália. As que mais o impressionaram foram a Alfa Romeo e a Ferrari, duas marcas únicas no mundo pelo seu legado esportivo, pelo design ‘Made in Italy’ e pela tecnologia de ponta. Ao ler um livro sobre Enzo Ferrari, Glynn Bloomquist descobriu a ligação inquebrável entre o famoso empresário e a marca Alfa Romeo, uma relação de vinte anos em que Drake atuou como piloto de testes, piloto de corridas, colaborador comercial e, finalmente, diretor do lendário departamento de corridas da Alfa Romeo.
A partir desse momento, o seu interesse pelo esporte automobilístico italiano transformou-se numa verdadeira paixão que resultou na compra de joias italianas. Uma recente adição à sua coleção é um magnífico Alfa Romeo Giulia Quadrifoglio, em edição 100º Aniversário, que teve o privilégio de conduzir na pista de F1 do Circuito das Américas, em Austin, como convidado da equipe Alfa Romeo, em 2023. Foi então que conheceu Cristiano Fiorio, responsável pelo projeto 33 Stradale, que lhe ofereceu uma oportunidade imperdível. “Não demorei muito tempo a aceitar a ideia de me tornar um dos 33 clientes do novo automóvel personalizado da Alfa Romeo, desde que fosse vermelho e só vermelho”, afirmou, com um sorriso. O próprio Cristiano Fiorio lembra: “Desde a primeira vez que nos encontramos em Austin, tivemos uma relação especial com o Glynn. O envolvimento humano que ele trouxe para o projeto e a paixão com que ele e a equipe abordaram o processo de configuração são verdadeiramente únicos. Não menos único é o maravilhoso modelo que ele configurou apaixonadamente para a marca e para a história do esporte automobilístico mundial”.
Configuração inspirada no seu antecessor, com um toque contemporâneo
De acordo com o seu pedido, o novo 33 Stradale de Glynn Bloomquist ostenta uma pintura Rosso Villa d’Este, de várias camadas, embelezada com uma faixa branca horizontal na frente, um elemento de design bastante raro nos supercarros. Revisita, com um toque contemporâneo, a combinação de cores vermelha e branca do Tipo 33, referência no esporte automobilístico mundial nos anos 60 e precursor do 33 Stradale de 1967. Da mesma forma, decidiu a posição dos lendários logotipos ‘Quadrifoglio’ e ‘Autodelta’, nas entradas de ar traseiras especiais e nas novas rodas de liga leve Progressive de 20 polegadas, em preto com acabamento e inserções em fibra de carbono.
Com um olho no icônico 33 Stradale de 1967 exposto no Museu de Arese, para o interior, Glynn Bloomquist optou pela configuração Tributo, em dois tons de ardósia e biscuit com acabamentos em alumínio, acrescentando estofamentos em Alcantara ardósia para o painel de instrumentos e parte dos bancos, painéis das portas e túnel central, combinados com um couro específico e muito fino de cor biscuit. O empreendedor texano também solicitou a inclusão do número ‘14’ no exterior das portas e no interior, bordado nos apoios de cabeça, em homenagem a dois pilotos excepcionais que o utilizaram nos seus automóveis de corrida: Enzo Ferrari, no seu Alfa Romeo de 1920; e Anthony Joseph ‘A.J.’ Foyt, no seu Foyt Coyote. A escolha do número ‘14’ é, portanto, um tributo tanto à herança esportiva da Alfa Romeo como ao múltiplo campeão dos EUA, vencedor por quatro vezes das 500 Milhas de Indianapolis e de sete campeonatos USAC.
Em suma, a configuração do 33 Stradale de Glynn Bloomquist traduz-se num verdadeiro manual de esportivismo automobilístico italiano e americano. “Mal posso esperar para pôr as mãos no volante do meu 33 Stradale e ouvir o som do seu motor 3.0 litros ‘twin-turbo’ V6 com mais de 620 cv. Claro que não vai ficar fechado na garagem. No centro do Texas e nos arredores, onde vivo, há muitas ruas e circuitos fantásticos onde corro com todos os meus automóveis e o meu Alfa Romeo personalizado não será exceção”, concluiu.
As façanhas esportivas da Alfa Romeo em solo americano
Existe uma ligação sólida entre os fãs do esporte automobilístico dos EUA e a Alfa Romeo, em uma longa história repleta de feitos esportivos, modelos lendários e grandes pilotos. A marca fez a sua primeira aparição no estrangeiro com a histórica vitória de Tazio Nuvolari, em 1936, na Vanderbilt Cup - sendo a única marca europeia a vencer esta corrida - na pista de Roosevelt Field, em New York, a bordo do GP Tipo C 12C. Nas décadas de 1930 e 1940, muitos automóveis Alfa Romeo continuaram correndo nos Estados Unidos.
A ligação seria reforçada ainda mais após a 2ª Guerra Mundial, com a criação de um Giulietta Spider de Pininfarina, de 1955, a pedido de Max Hoffman, famoso importador de automóveis esportivos europeus, destinado sobretudo aos gentlemen drivers americanos. Assim, o pequeno spider tornou-se um símbolo de um modo de vida diferente.
Durante mais de uma década, a partir de meados dos anos 60, os automóveis de Arese fizeram sentir fortemente a sua presença nos circuitos dos EUA. Por exemplo, as vitórias do Giulia TZ e do Giulia Sprint GTA, os 33 que viram a bandeira da Alfa Romeo ser hasteada nos mais altos mastros em circuitos como Sebring, Watkins Glen e Daytona, no hot-trick de 1968, que daria mesmo o seu nome à versão de 1968 do Tipo 33/2, ponto de partida para o 33 Stradale.
Naqueles anos, Horts Kweck, num GTA, tornou-se campeão dos EUA na classe Touring, enquanto Mario Andretti, campeão americano com raízes italianas, competia num 33 e na Fórmula 1 em 1981, reforçando uma tradição de pilotos americanos ao volante de automóveis Alfa Romeo, que remonta a 1924, quando Peter de Paolo correu no lendário GP Tipo P2.