ALFA ROMEO SZ: O ÚLTIMO ESPORTIVO CLÁSSICO DA MARCA DE MILÃO

Tentar definir o Alfa Romeo SZ ou Sprint Zagato, modelo comercializado pela marca italiana no início da década de 90 é uma tarefa bem complicada, pois tanto sua estranha estética como seu formato, não eram parecidos com nada que tivéssemos visto antes, nem depois.
Se olharmos sua estrutura, em princípio é um simples coupe compacto, mas sua estética tão pessoal e seu caráter exclusivo o deixavam fora desse segmento, e para muitos não passou de um simples experimento técnico e estético.
Apesar de levar o sobrenome Zagato, na verdade não foi uma obra do encarroçador de Milão, mas como se tratava de homenagear o legado esportivo da Alfa Romeo, a Fiat contou com a Zagato para a apresentação do protótipo e depois para sua fabricação, já que foi montado nas instalações da Zagato.
O SZ foi concebido pelos centros de design da Fiat e da Alfa Romeo com a colaboração da Zagato, e foi apresentado na forma de um concept no Salão de Genebra de 1989 com a denominação de ES30 (siglas de Experimental Sportscar 3.0 litros). Logo passou à produção, respeitando principalmente o desenho original e curiosamente contando com o emblema e o nome da Zagato, embora não contasse com as habituais ‘corcovas’ do teto, o icônico traço de design que a Zagato imprime a todas as suas obras.
A intenção original era a de criar um esportivo puro de tração traseira ao estilo clássico, mas curiosamente foi um dos primeiros modelos criados na Itália com o software CAD, destinado ao desenho de automóveis. O resultado estético é algo confuso, já que suas estranhas proporções e formas, combinando suaves curvas com ângulos muito marcados e superfícies redondas, são muito impactantes à primeira vista, entretanto, quanto mais tempo se olha para o carro, mais sensação de um hatchback compacto ele dá.
Tentar descrever as características estéticas do SZ é desnecessário, basta dar uma olhada nas imagens para poder comprovar a estranha mistura de elementos que se juntam na carroceria, do plástico a materiais compostos, tanto é que foi apelidado de ‘o monstro’, por sua estranha figura.
A base técnica deriva do Alfa Romeo 75, o último sedan do segmento D da marca que contava com tração traseira, até a chegada do atual Giulia. No entanto, a suspensão não deriva do modelo de rua, mas da versão de competição do sedan, e usava pneus Pirelli P Zero. Contava com o motor V6 de 3.0 litros da marca, montado em posição dianteira longitudinal com a transmissão sobre o eixo traseiro, na posição ‘transaxle’. Esse motor produzia 210 cv para um peso de pouco mais de 1.250 quilos.
Foi fabricado em edição limitada, e embora pretendessem produzir somente 1.000 carros, no final saíram 1.036 exemplares da linha de montagem das instalações da Zagato em Milão. Todos eles contavam com a mesma configuração, carroceria vermelha com pilares e teto cinza, que parecem pretos nas fotografias, com o interior de dois lugares em couro marrom. Entretanto, alguns exemplares, muito poucos, usaram configurações um pouco diferentes, como é o caso da unidade que foi destinada a Andrea Zagato, que saiu com a carroceria preta.
Depois da fabricação do SZ, a Alfa Romeo e a Zagato apresentaram uma versão conversível, o Alfa Romeo RZ, também fabricado pela Zagato, mas com inúmeras modificações na carroceria. Embora à primeira vista os dois fossem idênticos, a verdade é que não compartilhavam a maioria dos painéis da carroceria. A versão aberta foi mais exclusiva, pois foram produzidos somente 278 exemplares dos 350 planejados originalmente.
Embora por seu caráter exclusivo logo fosse considerado um veículo de coleção, o fato é que até agora os seus preços não explodiram, então hoje ainda é um grande investimento, especialmente as versões abertas, muito mais raras. Não era um veículo muito caro em sua época, por isso que seus proprietários não se preocupavam em preservá-lo, mas o utilizavam como modelo de uso diário, portanto, é muito raro encontrar peças com poucos quilômetros de uso. Mesmo assim, é difícil encontrar componentes entre os sobreviventes.
Apesar de nos últimos anos ter sido um modelo esquecido pela marca, a verdade é que passou para a história como uma das obras mais extraordinárias da Alfa Romeo e da Zagato. Será muito difícil voltarmos a ver algo parecido no mercado outra vez.