BMW M5 E60: O SEDAN COM CORAÇÃO DE FÓRMULA 1

Provavelmente a geração E60 não seja a mais agraciada da história da Série 5 da BMW. Quando o carro foi apresentado em 2003, recebeu numerosas críticas porque o design, obra do então jovem Davide Arcangeli, se distanciava do que era habitual na marca. No entanto, o novo Série 5 parecia dar continuidade a uma nova etapa na marca bávara, iniciada com o também polêmico Série 7 dois anos antes. No entanto, o M5 se converteu rapidamente em um objeto de desejo para muitos aficionados, graças ao seu incrível motor V10 aspirado.
Quando surgiu a nova geração E60, a BMW estava na Fórmula 1, produzindo motores para a Williams. Concretamente, os alemães forneciam um V10 de 3.0 litros aspirado que rondava os 1.000 cv de potência e era capaz de girar a mais de 18.000 rpm. Um propulsor considerado como um dos melhores e mais potentes do grid.
Os engenheiros de Munich partiram deste bloco para desenvolver o motor que movia o M5 E60 (e também o M6 que chegou mais tarde). Esse motor foi desenvolvido especificamente para este modelo, utilizando a mesma arquitetura V10 do Williams. Os blocos de cilindros procediam da mesma fundição de liga leve que a marca tinha em Landshut, onde eram fabricados os motores para F1.
O motor utilizava o código S85 B50 e tinha dez corpos de borboleta individuais, um por cada cilindro, quatro válvulas por cilindro, um sistema M Duplo Vanos de sincronização variável de válvulas e um sistema de lubrificação composto por quatro bombas de óleo e dois cárters. Aspirado e com 5.0 litros de deslocamento, entregava 507 cv de potência a 7.500 rpm e 520 Nm de torque a 6.100 rpm.
Para mais emoção, tal mecânica podia ser acoplada a uma transmissão manual de 6 velocidades, mas apenas nos Estados Unidos, onde os clientes exigiram a transmissão manual em vez do pobre desempenho da automática. Somente 1.364 exemplares saíram da linha de montagem com caixa manual, o que explica que hoje essas poucas unidades sejam muito cotadas.
Na Europa o carro só podia ser escolhido com câmbio automático. Precisamente, a principal desvantagem que o M5 E60 tinha era a transmissão. Tratava-se de uma caixa robotizada SMG III de 7 velocidades e uma só embreagem, que enviava a potência às rodas traseiras, através de um diferencial M de deslizamento limitado. Esta transmissão reportou muitas falhas e avarias e, sem dúvida, reduzia o potencial do V10.
Naqueles anos, a carga eletrônica já começava a ser importante em modelos de luxo como o BMW M5. A marca bávara se encontrava desenvolvendo numerosos dispositivos avançados e muito complexos que permitiam ao condutor configurar o carro ao seu gosto. Só a mencionada transmissão SMG III podia ser configurada em até 11 maneiras. Os parâmetros eram gerenciados a partir do famoso comando giratório localizado no console central.
Se deixarmos de lado a estética e o mau funcionamento do câmbio automático, o BMW M5 E60 é um dos modelos mais especiais da casa alemã, graças ao seu motor V10 procedente da F1, um prodígio da engenharia automobilística. Sem esquecer detalhes como suas espetaculares rodas de 18 polegadas, seus para-choques alargados e as duplas saídas de escape reais que lhe conferiam uma traseira realmente esportiva.