CHEVROLET CORVETTE INDY CONCEPT: UMA VITRINE COM MUITA TECNOLOGIA NO SALÃO DE DETROIT 1986

Um dos protótipos mais extraordinários adiantados pela General Motors no Salão de Detroit de 1986 foi o Chevrolet Corvette Indy Concept. Esse veículo era um estudo que a Chevrolet desenvolveu conjugando toda a tecnologia e os avanços em engenharia que haviam desenvolvido até aquela data, uma espécie de laboratório rodante que pretendia testar a tecnologia do motor e a suspensão para futuros modelos Corvette, assim como outros sistemas eletrônicos que iam mais além do modelo esportivo.
Um ano antes de sua estreia em Detroit, a Chevrolet buscava uma forma de mostrar os vários projetos importantes em que estavam envolvidos. Como investidor da Lotus na época, o fabricante americano tinha um grande interesse na tecnologia Active Suspension da empresa britânica, uma tecnologia que havia sido desenvolvida originalmente para a Fórmula 1. Além disso, o novo motor V8 desenvolvido em conjunto com a Ilmor Engenineering e as tecnologias de ponta como o controle eletrônico do acelerador e os eixos direcionais, necessitavam de uma vitrine. Portanto, tomando como referência o CERV II (Chevrolet Engineering Research Vehicle 2) de 1964, o Corvette Indy de 1986 foi escolhido para equipar todos esses avanços.
Jack Schwartz e sua equipe receberam luz verde para iniciar o projeto do Corvette Indy no final de 1985, passando de um modelo de argila a um veículo de exibição em tão somente seis semanas. Equipava um motor V8 biturbo de 600 cv com 2.65 litros de capacidade, montado em disposição central e atrás do banco do condutor, telas montadas nas portas para controlar o climatizador e o sistema de áudio, eixos direcionais, uma tela para o quadro de instrumentos e um sistema de navegação que chegava anos antes que os satélites de posicionamento global (GPS) fossem legalizados para uso civil.
Também contava com um sistema de suspensão ativa derivado da Lotus, mas que não necessitava de molas nem de amortecedores, já que se baseava em um sistema hidráulico controlado por um microprocessador para posicionar com precisão as rodas em função dos valores de aceleração detectados. Outras novidades como o controle eletrônico de aceleração e de tração, a utilização de materiais como o Kevlar e a fibra de carbono, além de um chassi monocasco, também estavam presentes no Chevrolet Corvette Indy Concept anos antes que fossem padronizados na indústria automobilística.
Naquele ano de 1986 os flashes em Detroit se concentravam na vitrine tecnológica da General Motors, o que animou a empresa a desenvolver mais dois protótipos, um para fins publicitários e outro como uma plataforma de testes de engenharia para tecnologias emergentes. Além disso, o motor utilizado nestes dois protótipos era um V8 projetado pela Lotus com um duplo eixo comando de válvulas (DOHC) e quatro válvulas por cilindro que produzia 380 cv e 500 Nm de torque. Ficava consideravelmente longe dos 600 cv do protótipo original, embora tenha sido a base do Corvette ZR1 produzido entre 1990 e 1995.
Por outro lado, a velocidade máxima foi fixada em 300 km/h, enquanto acelerava de 0 a 100 km/h em menos de 5 segundos ajudado por um sistema de tração nas quatro rodas com pneus 315/35 ZR17 atrás e 275/40 ZR17 na frente. Embora não tivesse sido projetado com essa finalidade, acredita-se que suas linhas inspiraram o Corvette C4 e o Corvette C5 posteriores pela semelhança entre eles. Sua parte traseira alargada devido à inclusão de um motor central e a parte dianteira com linhas arredondadas, sem dúvidas influíram nas gerações futuras do Chevrolet Corvette.
Embora o Corvette Indy Concept nunca chegasse a se tornar um modelo de produção, foi o responsável por grandes mudanças, tanto no modelo esportivo da Chevrolet como na indústria automobilística. Seus avanços como o controle de aceleração, os freios ABS, o controle de tração, a navegação por satélite, a fibra de carbono e seu potente motor V8 biturbo de 600 cv, mostraram ao mundo o potencial da marca de Detroit, enquanto que serviu também como base para outro veículo conceitual, o CERV III que estrearia em 1990 tomando como base o mesmo motor V8 biturbo da Lotus.