CITROËN BX 4TC 1987: A APOSTA RADICAL DA MARCA FRANCESA NOS RALLYS
Em meados da década de 1980, o mundo do automobilismo vivia a febre do Grupo B, categoria que levou os rallys ao auge da espetacularidade e da ousadia técnica. Foi nesse cenário que a Citroën, conhecida por sua tradição de inovação e design excêntrico, decidiu ousar: em 1986, apresentou o BX 4TC, versão profundamente modificada de seu sedan familiar, destinada tanto às competições quanto à homologação nas ruas.
À primeira vista, o carro chamava atenção pelo visual agressivo. Partindo da base do Citroën BX, a marca incorporou um kit de carroceria robusto, para-lamas alargados, grandes entradas de ar e um porte musculoso que contrastava com a imagem mais sóbria do modelo de série. Sob o capô, o motor era um bloco de 4 cilindros de 2.1 litros, turboalimentado, capaz de entregar cerca de 200 cv na versão de rua e ultrapassar os 380 cv na versão de rally. A tração integral e a suspensão hidropneumática - marca registrada da Citroën - completavam o conjunto técnico ousado.
O BX 4TC de rua foi produzido em série limitadíssima: apenas 200 unidades, exigência mínima da FIA para homologação no Grupo B. Porém, a história do carro nas pistas foi breve e frustrante. Pesado, difícil de pilotar e pouco competitivo frente a rivais como o Peugeot 205 T16, o Lancia Delta S4 e o Audi Quattro, o Citroën não conseguiu conquistar resultados expressivos. O fim abrupto do Grupo B em 1986, após uma série de acidentes fatais, encerrou de vez a carreira esportiva do modelo.
Nas ruas, a recepção também foi fria. O alto preço, aliado ao comportamento peculiar e ao visual nada convencional, afastou potenciais compradores. Muitos exemplares chegaram a ser destruídos pela própria Citroën para evitar custos de manutenção e responsabilidade futura. Estima-se que pouco mais de 80 unidades tenham sobrevivido, tornando-se hoje raridades valiosas para colecionadores que apreciam histórias de ousadia e fracasso em igual medida.
O Citroën BX 4TC permanece como um símbolo de uma época em que as marcas se permitiam sonhar alto, mesmo quando a realidade mostrou-se implacável. Um carro que mistura audácia, extravagância e a típica ousadia francesa - ingredientes que, mesmo sem vitórias, lhe garantiram um lugar de destaque na memória do automobilismo.