CITROËN MÉHARI 2-SEATER 1974: O ESPÍRITO LIVRE SOBRE QUATRO RODAS
No início dos anos 1970, a França vivia um período de transição, entre a modernidade que avançava e a nostalgia de uma vida mais simples, ligada ao campo, às praias e às estradas secundárias que cortavam vilarejos adormecidos. Foi nesse cenário que o Citroën Méhari consolidou sua fama: um carro que parecia ter nascido para não se levar tão a sério.
Lançado originalmente em 1968, o Méhari era, em essência, um automóvel utilitário, mas também um convite à liberdade. O modelo de 1974, na configuração 2-Seater, preservava a leveza e o espírito despretensioso que o tornaram um ícone. Sua carroceria feita de plástico ABS colorido - algo incomum e ousado na época - não enferrujava e podia ser lavada com mangueira, um verdadeiro deleite para quem o usava nas praias do Atlântico ou nas estradas poeirentas da Provença.
Sob o capô, o pequeno motor bicilíndrico de 602 cm³, herdado do lendário 2CV, entregava apenas 28 cv de potência. Pouco? Talvez. Mas o Méhari nunca pretendeu correr: sua vocação era outra. Era o companheiro ideal para transportar pranchas de surfe, cestas de piquenique e risadas sem pressa. A transmissão de 4 velocidades, a tração dianteira e a suspensão macia garantiam uma condução confortável, mesmo nos caminhos mais irregulares.
O interior era espartano, quase rústico - bancos simples, painel minimalista e um para-brisa que podia ser rebatido, transformando o pequeno Citroën em algo entre um jipe e um brinquedo. Era um carro feito para o vento no rosto e o sol na pele, muito mais próximo de uma filosofia de vida do que de um simples meio de transporte.
Ao longo dos anos, o Méhari se tornou um símbolo do ‘art de vivre’ francês. Foi usado por militares, agricultores, artistas e aventureiros, sempre com o mesmo charme despreocupado. Em 1974, sua versão de dois lugares reforçava essa identidade essencial: leve, simples e alegre - uma celebração de tudo o que o automóvel pode representar quando deixa de ser apenas uma máquina e se torna uma extensão da liberdade.
Hoje, o Méhari é lembrado com um sorriso. Um carro que não se curva à pressa do mundo moderno, e que nos lembra que, às vezes, a melhor viagem é aquela feita devagar, sentindo o caminho e o tempo passar - como nas estradas ensolaradas da França de 1974.