Notícias

No início do século XX, a França liderava a indústria automobilística mundial, tanto em produção quanto em prestígio técnico. Entre os nomes mais respeitados do período estava a De Dion-Bouton, fundada em 1883, responsável por inovações que ajudaram a moldar os primeiros automóveis. Em 1908, a marca já consolidada oferecia modelos de grande elegância e confiabilidade, como o Double Phaeton, um automóvel que unia sofisticação, espaço e mecânica avançada para a época.

O estilo phaeton era um dos mais apreciados nos primeiros anos do automóvel. Tratava-se de uma carroceria aberta, de linhas leves e elegantes, com dois pares de bancos, permitindo transportar até quatro passageiros. No caso do Double Phaeton da De Dion-Bouton, o design refletia a tradição francesa em unir refinamento e funcionalidade, sendo ideal tanto para passeios urbanos quanto para viagens em estradas de terra, ainda precárias naqueles tempos.

Sob o capô, o modelo de 1908 podia receber motores de 1 ou 4 cilindros, dependendo da versão, já que a marca oferecia uma ampla gama de potências e configurações. Os motores da De Dion-Bouton eram célebres por sua robustez e simplicidade de manutenção, sendo adotados inclusive por outros fabricantes europeus e até americanos, tamanha sua reputação. O desempenho era modesto para os padrões atuais, mas suficiente para proporcionar deslocamentos confiáveis e prazerosos em uma era em que o automóvel ainda competia com carruagens e bondes.

A De Dion-Bouton tinha também outro trunfo: sua inovação técnica. A marca foi pioneira em diversas soluções, como o eixo traseiro De Dion, que melhorava a estabilidade, e no desenvolvimento de motores de alta rotação, revolucionando a engenharia automobilística no final do século XIX. O Double Phaeton de 1908 refletia esse espírito inovador, oferecendo aos clientes um carro moderno e confiável, sem perder a elegância típica da Belle Époque.

Seu público era formado pela elite urbana e rural, que via no automóvel não apenas um meio de transporte, mas também um símbolo de distinção social. Possuir um De Dion-Bouton era, portanto, afirmar-se como parte de uma nova era tecnológica e cultural.

Hoje, o De Dion-Bouton Double Phaeton de 1908 é lembrado como um clássico absoluto da era pioneira do automóvel, um carro que traduz o charme francês, a inovação mecânica e o requinte social que marcaram os primeiros anos da motorização. Um testemunho vivo do momento em que o automóvel deixou de ser curiosidade para se tornar parte essencial da vida moderna.