DETROIT ELECTRIC MODEL 97B BROUGHAM 1932: O ELÉTRICO CLÁSSICO QUE DESAFIOU O TEMPO
Quando se fala em carros elétricos, muitos pensam que se trata de uma invenção recente. No entanto, já no início do século XX, marcas como a Detroit Electric ofereciam automóveis movidos a baterias, voltados sobretudo ao público urbano. Em plena era dominada pelos motores a combustão, a empresa manteve viva a chama da mobilidade elétrica até os anos 1930, tendo no Model 97B Brougham de 1932 um de seus derradeiros exemplares.
O modelo refletia a filosofia que sustentou a marca por décadas: oferecer veículos silenciosos, de operação simples e sem as complicações dos carros a gasolina da época, que exigiam força para dar partida na manivela e demandavam manutenção frequente. Equipado com um motor elétrico alimentado por um conjunto de baterias de chumbo-ácido, o 97B era capaz de percorrer cerca de 120 a 130 km com uma única carga, dependendo das condições de uso - números notáveis para seu tempo.
O design do Brougham de 1932 seguia a estética conservadora da década: linhas retas, carroceria fechada e acabamento sóbrio, que transmitiam elegância discreta. Internamente, o espaço era pensado para o conforto, com assentos largos e posição de condução elevada, privilegiando sobretudo o público feminino, considerado o principal comprador dos Detroit Electric. Para muitas mulheres da época, o fato de não precisar lidar com manivelas ou trocas de marchas tornava o carro elétrico uma opção ideal.
Embora tecnicamente inovador, o Detroit Electric Model 97B já surgia em um período de declínio inevitável. O advento do motor de arranque elétrico nos carros a combustão, inventado em 1912, eliminou grande parte das vantagens práticas que os elétricos ofereciam. Além disso, a infraestrutura de combustíveis fósseis se expandia rapidamente, enquanto a autonomia e o tempo de recarga dos elétricos ainda eram limitados.
Mesmo assim, a Detroit Electric resistiu mais do que muitos imaginam: produziu automóveis até 1939, atendendo a uma clientela fiel, e realizou pequenas encomendas especiais até o início dos anos 1940. O 97B Brougham de 1932, portanto, é um marco dessa resistência, lembrado como símbolo de uma alternativa tecnológica que, embora não tenha vingado na sua época, viria a ressurgir com força no século XXI.
Hoje, exemplares sobreviventes do Detroit Electric são tesouros de museus e colecionadores, peças que comprovam que a história da eletrificação nos automóveis é muito mais antiga - e fascinante - do que se costuma imaginar.