DO 301 AO NOVO 308: DEZ GERAÇÕES DA SÉRIE MAIS COMPLETA DA HISTÓRIA DA PEUGEOT
Moderno e elegante, o novo Peugeot 308 chegou ao mercado no final de 2021, dando continuidade à ‘Série 300’, a mais rica da história da marca francesa, que foi inaugurada em 1932 com o Peugeot 301. Do Peugeot 301 ao novo Peugeot 308 passaram dez gerações e 90 anos de história automobilística e de progresso técnico.
A única geração que nunca existiu foi a do Peugeot 303 e o único desfasamento na lógica temporal da série foi o 309, que apareceu entre o 305 e 306. Desde o ano 2000, a série 300 somou dois títulos de ‘Car of the Year’, além de participações notáveis em rallys.
Os automóveis da ‘Série 300’ da Peugeot são modelos compactos, posicionados entre os pequenos utilitários e os modelos de estilo mais familiar. Ao longo de 90 anos, toda ou parte da sua produção saiu da fábrica histórica da Peugeot em Sochaux, com exceção do Peugeot 309, cuja produção foi deslocada para a fábrica de Poissy, e da atual nova geração, que é fabricada em Mulhouse.
No início da década de 1930, e em plena crise econômica, a Peugeot respondeu à procura dos clientes mais exigentes, lançando o Peugeot 301, modelo que foi comercializado entre 1932 e 1936 como sedan, limousine, coupe, cabriolet e roadster. Animado por um motor de 1.465 cm3 de 35 cv, o 301 viria a totalizar uma produção de 70.500 unidades.
Sucedeu-lhe, em 1936, o Peugeot 302 do qual foram produzidos 25.100 exemplares até 1938. Este foi o período em que a indústria automobilística começava a descobrir a aerodinâmica, e, nesse aspecto, o 302 traduziu-se num exemplo de referência: com os seus faróis integrados, situados atrás da grade do radiador, tinha uma parte dianteira muito aerodinâmica, que retomou o estilo conhecido como ‘Fuseau Sochaux’, que havia sido estreado no Peugeot 402. Após o enorme sucesso deste último, a marca decidiu utilizar essa mesma linha de estilo na sua linha intermediária, materializando-a no Peugeot 302, modelo que podia atingir a incrível velocidade máxima para a época de 100 km/h.
As repercussões da Grande Guerra interromperam a carreira da Série 300 e o Peugeot 303 nunca chegou a ser lançado. A série esteve, depois, ausente do mercado durante três décadas até à chegada do Peugeot 304, apresentado em 1969 no Salão de Paris. Estava disponível como sedan, coupe, cabriolet, perua e perua comercial, com vidros laterais. O Peugeot 304 visava ocupar o segmento médio, tendo mantido a base técnica do Peugeot 204. As maiores diferenças estavam na grade dianteira vertical e no comprimento 15 cm superior na versão sedan (4.14 m em vez de 3.99 m - mas apenas 2 cm mais longo na versão perua, com um comprimento de 3.99 m em comparação com os 3.97 m do 204). Do 204, o Peugeot 304 manteve a distância entre os eixos e a parte central da carroceria. É a parte traseira que é mais comprida, sendo a frente alongada e modernizada com faróis trapezoidais, que fazem lembrar o Peugeot 504. Com um espaço a bordo notável, o modelo cumpria eficazmente um dos principais requisitos de um sedan familiar.
Entre 1969 e 1979 foram produzidos perto de 1.200.000 unidades do 304, tornando-se num grande sucesso comercial. Entre 1970 e 1972, a Peugeot também viria a comercializar o 304 nos Estados Unidos. Muito pequeno para o mercado norte-americano, apenas foram vendidas 4.000 unidades. Em 1973 foi renovado e em 1975 desapareceram do catálogo as versões coupe e cabriolet, mantendo-se o sedan no mercado até 1979.
O Peugeot 305 foi lançado na Europa em 1977, como sucessor do Peugeot 304, com dois estilos de carroceria disponíveis: um sedan de quatro portas e uma perua de cinco portas, que tinha a particularidade de oferecer um banco traseiro rebatível em duas metades. Projetada em cooperação com a Pininfarina, esta perua estava também disponível numa versão comercial. O Peugeot 305 utilizava uma evolução da plataforma do 304, bem como o seu motor a gasolina de 1.3 litros, sendo particularmente diferente dos seus concorrentes devido à sua tração nas rodas dianteiras, motor transversal e suspensão de rodas independentes nos dois eixos. Com o seu comportamento dinâmico de referência, o seu generoso interior e o seu conforto digno de modelos de segmentos superiores, o Peugeot 305 estabeleceu-se rapidamente no mercado. Englobando todas as versões de carroceria, a produção do 305 superou a faixa de 1.6 milhões de unidades.
O sedan Peugeot 305 serviu de base ao programa experimental VERA, concebido para melhorar a eficiência de combustível dos modelos das futuras gerações. O primeiro protótipo VERA 01, revelado em 1981, trouxe consigo uma redução de 20% no peso e de 30% em resistência aerodinâmica. Prolongando-se durante cinco anos, com trabalhos que incluíram o desenvolvimento de motores, o programa VERA teve uma influência considerável no desenvolvimento dos modelos 205, 405, e até do 605, da marca francesa.
A chegada do Peugeot 309 em 1985 fez abrandar a vendas do 305, cuja carreira viria a terminar em 1989. O seu sucessor foi, de fato, o Peugeot 405, lançado em 1987, e não o 309.
Produzido entre 1985 e 1994 em Poissy (França), mas também na Espanha e no Reino Unido, o Peugeot 309 foi o primeiro verdadeiro modelo compacto da marca, no sentido mais moderno do conceito: já não se tratava de um clássico três volumes de quatro portas, como os 304 e 305, mas sim de um dois volumes (vulgo hatchback). Com um comprimento de 4.05 metros, era 19 centímetros mais compacto que um 305 (4.24 metros na sua versão sedan). Inspirado no Talbot Horizon, mas dotado de um estilo próprio, o modelo recorria à plataforma e portas do Peugeot 205, com partes alongadas na frente e atrás, e um formato de ‘bolha de vidro’ que caracteriza a sua tampa traseira.
Lançado numa versão de cinco portas, o 309 surgiu também, dois anos depois, em 1987, numa versão de três portas. Nessa ocasião é também lançado o Peugeot 309 GTI, animado pelo motor de 1.9 litros de 130 cv do 205 GTI. Acelerava de 0 a 100 km/h em 8 segundos e atingia uma velocidade máxima de 205 km/h. Em 1989, o 309 GTI viria a receber o motor MI16 de 160 cv do Peugeot 405, tornando-se no 309 GTI 16, um fenomenal modelo esportivo compacto, respeitado pela concorrência. A carreira do 309 terminaria em 1994, com mais de 1.6 milhões de unidades vendidas.
Em fevereiro de 1993 era lançado o Peugeot 306, substituindo as versões topo de linha do Peugeot 205 e 309. Produzido e montado até 2002 em nada menos que nove fábricas espalhadas pelo mundo, tornou-se num best-seller na sua categoria. Disponível em 1993 em versões de três e cinco portas, a sua linha foi depois enriquecida, em 1994, por uma versão de quatro portas e por um elegante conversível. Projetado e construído pela Pininfarina, este último foi eleito o ‘Mais Belo Conversível do Ano” no âmbito do Salão de Genebra de 1994, e “Conversível do Ano” quatro anos depois.
Uma vez mais, o excepcional comportamento dinâmico do Peugeot 306 tornou-se uma referência, assumindo particular destaque nas versões esportivas da linha, os Peugeot 306 XSI e Peugeot 306 S16. A espetacular e inesquecível versão MAXI, de 285 cv, marcou o grande regresso da Peugeot aos rallys em 1996, após um hiato de uma década.
O 306 MAXI venceu o muito disputado Campeonato Francês de Rallys com Gilles Panizzi, em 1996 e 1997, e saiu vitorioso em diversas provas de asfalto do Campeonato do Mundo de Rallys, enfrentando modelos concorrentes muito mais potentes, como aconteceu na Córsega em 1997 e 1998.
O 306 foi alvo de um restyling em 1997, ano em foi também lançada a versão perua. A produção das versões 306 de três e cinco portas terminou em 2001 com o lançamento do seu substituto, o Peugeot 307. Por sua vez, a perua viu a sua carreira estender-se até 2002, tendo o conversível sido mantido em produção na Pininfarina até 2003.
Lançado em 2001 e eleito ‘Carro do Ano’ em 2002, o Peugeot 307 traduziu-se num enorme sucesso, com mais de 3.5 milhões de unidades produzidas em todo o mundo. Inaugurou uma nova arquitetura semi-elevada, favorável a uma melhor habitabilidade, e surpreendeu com o seu grande para-brisa de forte inclinação. Disponível em versões de três e cinco portas e em perua, recebeu uma carroceria adicional no verão europeu de 2003: o Coupe Cabriolet (CC), o qual transferiu para o segmento compacto o conceito inovador introduzido com sucesso no 206 CC. Com o seu hardtop retrátil e os seus quatro lugares confortáveis, o 307 CC era um dos mais espaçosos conversíveis na época. Foi também a base para a versão esportiva que a Peugeot inscreveu, oficialmente, no Campeonato do Mundo de Rallys em 2004 e 2005, garantindo três vitórias na geral e registando 26 presenças nos lugares do pódio.
Em 2007, surgia uma primeira geração do Peugeot 308, como sucessor do Peugeot 307, para depois ser substituída por uma segunda geração em 2013 e por uma terceira, a atual geração 308 lançada em 2021.
O Peugeot 308 I foi comercializado em versões de três portas, cinco portas e SW, sendo reforçado, a partir de março de 2009, por uma nova geração Coupe Cabriolet (CC). A versão Coupe 308 RCZ foi revelada no Salão de Frankfurt de 2007, sendo logo depois confirmada a sua aprovação para passagem à produção no Salão de Lisboa, dando origem ao Peugeot RCZ, um atraente coupe 2 2, com 68.000 unidades produzidas entre 2010 e 2015, e cuja última versão oferecia 270 cv e uma aceleração de 0 a 100 km/h em 5.9 segundos.
O Peugeot 308 II foi lançado em 2013. Tal como aconteceu com o 307, doze anos antes, o 308 foi eleito ‘Carro do Ano’ em 2014, modelo marcado por uma evolução em termos de estilo, apresentando linhas sóbrias e elegantes, uma vivacidade dinâmica e um prazer de condução unanimemente aclamados, bem como dimensões e pesos contidos (4.27 metros de comprimento e 1.200 kg na versão base).
Foi, também, um modelo inovador no que diz respeito ao habitáculo graças ao seu Peugeot i-Cockpit, já conhecido no Peugeot 208, e que se tornou numa referência, especificamente pelo seu volante compacto, que reduzia a amplitude dos movimentos, proporcionando sensações de condução inigualáveis, ao mesmo tempo que facilitava as manobras na cidade. A versão GTi reforçou, ainda mais, as qualidades de condução e a dinâmica deste 308, transportando a Peugeot para uma nova era de sucessos.
Seguindo-se a sete milhões de unidades vendidas no conjunto das suas duas primeiras gerações, o novo Peugeot 308 III é agora a estrela da família. Produzido na fábrica francesa de Mulhouse, ostenta o novo logotipo Peugeot, que foi revelado quando foi revelada a nova identidade da marca, em fevereiro de 2021. Cativante, tecnológico e eficiente, é um dos finalistas para a eleição do ‘Carro do Ano 2022’, cujo resultado será conhecido no final deste mês de fevereiro.