ERMINI SEIOTTOSEI: O RENASCIMENTO DA ALMA FLORENTINA
Em Florença, a cidade que transformou o Renascimento em arte eterna, também o automóvel encontrou sua segunda vida. Entre as colinas da Toscana, berço de geniais escultores e engenheiros visionários, um nome adormecido desde os anos 1950 voltou a despertar: Ermini.
Sessenta anos após o silêncio de sua oficina, o espírito de Pasquale Ermini renasceu em 2014 com o Ermini Seiottosei, um carro que é, ao mesmo tempo, homenagem e provocação - uma ode à leveza e à condução pura, em um mundo dominado por eletrônica e potência excessiva.
O nome ‘Seiottosei’, que remete ao antigo motor de 606 cm³ do primeiro carro da marca e o peso do atual, agora simboliza um elo entre passado e futuro. O novo modelo mantém a filosofia original: pouco peso, engenharia refinada e sensações diretas ao volante. Produzido de forma quase artesanal pela Ermini Automobili Italia, o Seiottosei foi concebido para reviver a essência dos esportivos italianos clássicos - só que com a precisão da tecnologia contemporânea.
Construído sobre um chassi tubular em alumínio e revestido por uma leve carroceria de fibra de vidro e fibra de carbono, o Seiottosei pesa apenas 686 quilos. É um número que parece impossível em tempos de carros cada vez mais complexos e pesados - mas era exatamente isso que os engenheiros florentinos buscavam: uma experiência visceral, quase mecânica, em que cada vibração do motor chega direto ao coração do condutor.
No centro desse conjunto está um motor de origem Renault - um 2.0 turboalimentado preparado pela Lotti Motorsport, capaz de entregar 320 cv de potência. A relação peso-potência é simplesmente brutal: mais de 460 cv por tonelada, colocando o pequeno florentino em território de superesportivos. A aceleração de 0 a 100 km/h ocorre em 3.5 segundos, e a velocidade máxima ultrapassa 270 km/h. Tudo isso sem o auxílio de controles eletrônicos intrusivos - aqui, o piloto é o único responsável pela dança entre potência e aderência.
O design do Seiottosei é um espetáculo à parte. As linhas lembram as barchettas clássicas dos anos 1950, com proporções puras, cockpit aberto e detalhes minimalistas. A frente baixa, os faróis redondos e os para-lamas salientes evocam uma elegância quase nostálgica, enquanto os elementos em fibra de carbono e as rodas modernas anunciam que este não é um simples tributo - é uma releitura viva. Dentro, o ambiente é espartano e funcional, feito para o prazer de pilotar: bancos concha, cintos de competição e um painel de alumínio escovado.
O Ermini Seiottosei não foi criado para o mercado em massa, mas para os verdadeiros puristas - aqueles que veem o automóvel como uma extensão da alma. Sua produção é extremamente limitada, feita sob encomenda, e cada unidade é montada com o mesmo cuidado artesanal que Pasquale Ermini dedicava às suas máquinas de corrida há mais de meio século.
Mais do que um carro, o Seiottosei é um manifesto. Ele representa a resistência do espírito italiano diante da padronização tecnológica - a lembrança de que a emoção ainda pode ser medida em rotações por minuto e não em linhas de código.
Em Florença, onde arte e paixão caminham lado a lado, o Ermini Seiottosei prova que o renascimento não pertence apenas à história: às vezes, ele acontece de novo - e com motor turbo.