ESTE VENTURI 400 TROPHY DE 1992 SERÁ VENDIDO AMANHÃ NOS ESTADOS UNIDOS

O Venturi 400 Trophy foi criado para competir em um campeonato monomarca francês no início dos anos 90, e está equipado com uma carroceria em Kevlar e conta com um motor V6 de 3.0 litros montado em posição central. Esta unidade tem modificações para circular nas ruas e está sendo leiloado online na Florida, EUA. Amanhã, 1º de agosto, encerram-se os lances. Nesse momento o lance mais alto já alcança os 115.000 dólares.
O Ferrari F40 jamais esteve ao alcance de qualquer colecionador, embora nos últimos anos sua cotação tenha disparado para cifras multimilionárias. Como alternativa, para quem estiver buscando um carro exótico nascido nas corridas, com duplo turbo, com motor central e uma carroceria em Kevlar, mas com um orçamento abaixo dos sete dígitos, esta pode ser uma combinação interessante e tentadora do espírito de corrida francês e a era dourada das preparações japonesas.
O site de leilões online Bring a Trailer apresenta um exemplar bastante modificado de um Venturi 400 Trophy. O carro exibe uma carroceria sintética espetacular, além de peças de alto desempenho assinadas por BBS, Brembo, Öhlins, HKS e Recaro. Um capô traseiro que se abre e revela um motor V6 biturbo com 414 cv de série que, neste caso, eleva-se até os 500 cv. Nota-se as janelas deslizantes em Lexan e o painel cheio de fusíveis expostos.
A Venturi foi fundada em meados dos anos 80 por dois engenheiros franceses, antigos empregados do encarroçador também francês Heuliez. Para a estrada o melhor modelo da Venturi foi o 400 GT, um esportivo de limitadíssima produção.
O 400 GT era a versão de rua de um carro de corridas: o 400 Trophy. Um dos primeiros êxitos do promotor francês Stéphane Ratel, artífice da criação das categorias GT2 e GT3, o torneio 400 Trophy era um campeonato para ‘gentleman drivers’ à francesa, inspirado nos próprios da Porsche e Ferrari. Foram construídos pouco mais de 70 carros, mas o troféu foi um sucesso e durou quatro temporadas.
O exemplar que aparece nas imagens é o de chassi número 50, embora tenha vivido muito desde os tempos daquele troféu. Participou nas temporadas de 1992 e 1993, e depois foi enviado ao Japão e reconvertido para ser usado na estrada. O processo não implicou em uma redução do seu desempenho, muito pelo contrário, a preparação conseguiu espremê-lo ainda mais.
O carro foi enviado a Tokyo para uma preparação com turbos HKS GT-SS e um sistema de gestão do motor MoTeC. A capital do Japão é, aliás, um paraíso para os supercarros, onde o estacionamento de Daikoku, em Yokohama, se converte em um templo da supervelocidade aos domingos pela manhã. Este carro, no entanto, foi preparado para passar os finais de semana nos túneis e estradas montanhosas de Hiroshima, rugindo em alta velocidade pelas relativamente vazias estradas. Sem rádio, sem distrações, apenas o silvo dos dois turbocompressores e o surpreendente chute de um motor 3.0 PRV V6 bem modificado que entra sobre a zona vermelha.
O 400 GT de rua já é raro por si só, com somente 15 unidades construídas. A experiência de conduzi-los não é, segundo se diz, a melhor, com algumas falhas de qualidade inapeláveis e freios de carbono difíceis de gerenciar.
Em comparação, este 400 Trophy primeiro foi lançado e reconstruído por uma equipe de corridas ao longo de várias temporadas, depois renasceu como carro de rua graças a um especialista de Tokyo naqueles tempos em que o Mid Night Racing Team estava em seu apogeu. É a mescla de dois mundos aparentemente separados, combinando o melhor de ambos.
Avistar um F40 no trânsito é um marco vital, mas a Ferrari construiu mais de 1.300 exemplares. Há apenas um punhado de Venturis nos Estados Unidos, e provavelmente apenas um deles é assim. Faltando algumas horas para o encerramento do leilão, o lance mais alto está nos 115.000 dólares. Talvez seja melhor não pensar neste 400 Trophy como um F40 ‘para pobres’, mas como algo ainda mais especial de possuir e conduzir do que um Ferrari.