FIAT CROMA: O ÚLTIMO VERDADEIRO CARRO-CHEFE DA MARCA ITALIANA

Para muitos, o Fiat Croma original de 1985 foi o último verdadeiro carro-chefe do fabricante italiano. Uma alternativa aos modelos alemães, que não se destacava por um design emocional, elegante e exótico, especialmente em relação aos seus contemporâneos, como o Alfa Romeo 164, o Lancia Thema e o Saab 9000.
Três modelos que não são mencionados casualmente, já que todos eles, incluindo o Croma, foram o resultado de um projeto conjunto. Embora as sinergias entre grupos automobilísticos sejam vistas como algo atual, na realidade não são algo tão novo.
O então novo Fiat Croma chegou para suceder um modelo que não teve muito sucesso a nível comercial, o Fiat Argenta, entre outras coisas por sua abordagem, decididamente antigo tanto a partir do ponto de vista técnico como em relação ao estilo e a tecnologia.
O ponto forte do Croma foi, sem dúvida, sua habitabilidade e capacidade de carga, especialmente graças à sua grande tampa traseira. Estamos falando de um modelo que media 4.5 metros de comprimento, 1.76 de largura e 1.43 de altura, com uma distância entre os eixos de 2.66 metros.
O design da carroceria, de dois volumes e meio (hoje os chamados fastback), esteve a cargo de Giugiaro, que conseguiu um aspecto bastante diferenciado em relação aos outros três modelos mencionados, com os quais compartilhava a base técnica, começando por distanciar-se do sedan clássico de três volumes.
Enquanto que hoje em dia a implantação tecnológica se mede pela quantidade de telas e zonas tácteis distribuídas pelo painel, e por uma instrumentação digital, há mais de três décadas, o grau de modernidade parecia ser dado pela quantidade de luzes coloridas do quadro de instrumentos.
Nesse sentido, o Croma não era especialmente interessante, com um design interior bem mais simples, como podemos apreciar nas imagens.
Como já comentamos antes, o espaço disponível era a principal vantagem do Croma, já que era incrível a quantidade de espaço para ocupantes e para bagagem que os engenheiros italianos conseguiram ‘espremer’ em apenas 4.5 metros (4.495 mm) de carroceria.
Além disso, a parte traseira não tinha túnel de transmissão e contava com um solo plano, o que significava que podiam viajar cinco pessoas melhor que em alguns carros modernos. Dito isso, há que acrescentar que a norma de segurança vigente hoje em dia impõe muito mais obrigações aos projetistas.
O Croma não contava com os melhores acabamentos, e na verdade alguns plásticos eram inaceitáveis para o segmento de mercado que ocupava o modelo. De qualquer forma, o equipamento que oferecia não era nada mal para a época.
De série estavam incluídos os vidros elétricos dianteiros, fecho centralizado, faróis halogêneos, vidro vigia traseiro térmico, apoios de cabeça dianteiros, cintos de segurança dianteiros, volante regulável em altura e, nas versões diesel (devido ao peso do motor), também havia direção assistida.
Entre os opcionais mais interessantes encontramos o ABS, o banco traseiro bipartido, os cintos de segurança traseiros, o teto solar, o espelho retrovisor direito e, apenas nos modelos de gama alta, o ar-condicionado, os bancos de couro, os espelhos térmicos e de ajuste elétrico, e a suspensão autonivelante.
A linha de motores contava com seis opções, quatro a gasolina e dois diesel. O mais interessante dos seis era o 2.0 CHT (90 cv e 169 Nm de torque, para uma velocidade máxima de 180 km/h e 11.8 segundos de 0 a 100 km/h), que contava com o sistema Controlled High Turbolence (CHT) da Yamaha, um dos primeiros sistemas de admissão de geometria variável produzidos em série, que oferecia um menor consumo de combustível em condução urbana e um funcionamento mais suave em baixas rotações.
Em relação aos diesel, em junho de 1988 estreou um motor destinado a fazer história: tratava-se do Croma Turbo D i.d., de 4 cilindros e 1.929 cm3, o primeiro turbodiesel produzido em série para automóveis com injeção direta de diesel (da Bosch).
Sem pré-câmara e com o diesel injetado diretamente nos cilindros, consumia 20% a menos que um motor comparável com injeção indireta. O principal inconveniente desta inovação era o elevado ruído de funcionamento, especialmente no frio.
Após várias atualizações leves, o primeiro grande restyling do Croma estreou em fevereiro de 1991. No exterior, o trabalho mais importante foi realizado na parte frontal, inspirado em modelos mais recentes como o Uno, o Tempra e o Tipo, enquanto que no interior havia um painel redesenhado.
Os motores também foram ajustados, todos ligeiramente mais potentes e eficientes. O Croma V6, por sua parte, data de 1993 e contava com um motor Alfa Romeo de 2.5 litros e 159 cv de potência, disponível opcionalmente com uma transmissão automática de 4 velocidades. Aquela versão era capaz de alcançar os 215 km/h e acelerar de 0 a 100 km/h em 8.3 segundos.
Em 1995, a Lancia substitui o Thema pelo Kappa, enquanto que a Alfa Romeo se preparava para substituir o 164 (que atrasou até 1998, ano que foi lançado o 166). E a Fiat acabou saindo de cena para evitar a canibalização dentro do Grupo.
É uma pena, mas o Fiat Croma desapareceu do catálogo no início de 1997, para voltar no ano de 2005, com uma fórmula completamente diferente: metade monovolume, metade perua. Mas essa é uma outra história...