FORD GT90: UMA HOMENAGEM AO GT40 QUE NUNCA CHEGOU A SE TORNAR REALIDADE
No Salão de Detroit em janeiro de 1995, a Ford revelou um impressionante protótipo de superesportivo, o Ford GT90, que como seu próprio nome indica, tomou inspiração de um mito da marca, o Ford GT40 dos anos 60, que enfrentou a Ferrari e colheu grandes êxitos nas 24 Horas de Le Mans.
Pensado como um supercarro de motor central, o Ford GT90 foi concebido em cerca de seis meses por um pequeno grupo de especialistas da Ford SVT, utilizando componentes disponíveis de outros modelos, muitos deles do Jaguar XJ220, outro revolucionário superesportivo da época, uma vez que a marca britânica na época pertencia à Ford.
A nível estético, estreou o que a marca denominou a filosofia de design ‘Edge’, com formas angulares e triângulos em diversos elementos, na qual foram baseados produtos posteriores como o Ford KA e o Ford Cougar, por exemplo. O modelo foi decorado nas cores branco e azul brilhantes (rodas e interior, por exemplo) e exibia una curiosa cúpula de vidro escurecido e laminado para o habitáculo.
O GT90 era baseado em um chassi monocasco de alumínio, com painéis de carroceria em fibra de carbono, e escondia um poderoso motor 6.0 litros V12 com quatro turbos Garrett, capaz de oferecer nada menos que uma potência de 730 cv e um torque máximo de 895 Nm.
O motor foi criado utilizando componentes de dois motores V8 da Lincoln, embora tenham sido removidos os dois últimos cilindros de um dos blocos e os dois primeiros do outro. Uma vez soldados ambos os blocos, chegou-se a um V12 a 90 graus, com um diâmetro de 90.2 milímetros e um curso de 77.3.
O motor V12 era acoplado a uma transmissão FFD-Ricardo manual e de 5 velocidades, a mesma do XJ220, e a suspensão de duplos triângulos também foi herdada diretamente do avançado modelo da Jaguar. Graças à potência do bloco de 12 cilindros, o modelo anunciava uma velocidade máxima de 407 km/h, uma cifra que o teria convertido na época no carro mais rápido do mundo.
O habitáculo deste GT90, de cor azul escuro e estofado em camurça e couro, parecia inspirado no cockpit de uma aeronave, com um console central de fibra de carbono, diversas molduras de alumínio polido, alavanca de câmbios com o mecanismo à vista e uma instrumentação específica, projetada na medida e retroiluminada (também em azul).
Após sua apresentação, o protótipo da Ford percorreu eventos de meio mundo, desde salões do automóvel até eventos como o Goodwood Festival of Speed e concentrações de modelos Ford. Embora a marca o tenha conservado em perfeito estado de revista, finalmente acabou sendo leiloado em 2010, indo parar nas mãos de um colecionador privado.