HOLDEN TORANA GTR-X 1970: O ESPORTIVO AUSTRALIANO QUE SONHOU COM O IMPOSSÍVEL
A Austrália dos anos 1970 vivia um momento vibrante na cultura automotiva, e o Holden Torana GTR-X foi a ousada tentativa da indústria local de criar um esportivo capaz de rivalizar com os grandes nomes europeus - uma história fascinante de ambição, estilo e frustração.
Na virada da década de 1970, a Austrália respirava gasolina e liberdade. As longas estradas do outback, o crescimento econômico e o espírito de independência nacional criavam o cenário ideal para uma indústria automotiva confiante. Nesse contexto, a Holden, então braço australiano da General Motors, buscava se firmar não apenas como fabricante de carros familiares robustos, mas também como criador de um verdadeiro esportivo de prestígio internacional. E foi assim que nasceu um dos projetos mais audaciosos de sua história: o Holden Torana GTR-X.
A Holden já vinha colhendo sucesso com o Torana GTR XU-1, um sedan compacto e potente que se destacava nas pistas e nas estradas australianas. Em 1970, os engenheiros decidiram ir além: desenvolver um carro completamente diferente - mais leve, mais aerodinâmico e com um visual futurista que lembrava os GTs europeus. O resultado foi um coupé de linhas fluidas, com carroceria em fibra de vidro e perfil extremamente baixo, algo nunca antes visto no país.
O GTR-X chamava atenção à primeira vista. Seu design, de traços limpos e proporções equilibradas, trazia faróis retráteis, janelas envolventes e uma traseira afilada com lanternas embutidas, lembrando um pouco o Corvette americano, mas com personalidade própria. O interior era minimalista e funcional, com bancos esportivos, console central e instrumentos voltados para o condutor - um cockpit digno de um carro de corrida adaptado para as ruas.
Debaixo da carroceria leve, o GTR-X escondia o mesmo motor do lendário Torana GTR XU-1: um bloco de 6 cilindros em linha de 3.0 litros com carburadores triplo Stromberg, capaz de gerar cerca de 160 cv de potência. Pesando pouco mais de 1.000 kg, o protótipo prometia desempenho digno dos melhores esportivos de sua época, com aceleração de 0 a 100 km/h em menos de 8 segundos - números impressionantes para um carro australiano.
A Holden chegou a construir três protótipos funcionais, todos totalmente operacionais, e iniciou uma campanha de marketing discreta, apresentando o carro em feiras e revistas especializadas. O público reagiu com entusiasmo. O GTR-X parecia pronto para colocar a Austrália no mapa dos esportivos globais.
Mas a realidade econômica foi implacável. A produção do GTR-X exigiria investimentos altos e um preço final que o colocaria acima do alcance do consumidor médio australiano. Além disso, havia dúvidas internas sobre a viabilidade de competir com os esportivos importados da Europa e do Japão. Em 1971, o projeto foi oficialmente cancelado, e o GTR-X nunca passou do estágio de protótipo.
Mesmo assim, o Holden Torana GTR-X tornou-se uma lenda. Seu design ousado e seu desempenho promissor simbolizam a ambição e o talento dos engenheiros australianos, que por um breve momento acreditaram que poderiam criar um esportivo digno de desafiar Ferrari, Lotus e Porsche.
Curiosidade: um dos protótipos originais do GTR-X foi preservado e hoje faz parte do acervo histórico da própria Holden, exibido ocasionalmente em eventos e museus na Austrália. Seu design ainda é lembrado como uma das criações mais belas e visionárias da indústria automotiva australiana - o supercarro que quase foi.