HONDA ZR-V 2026: O SUV MÉDIO CHEGA DISCRETO, MAS COM TOQUES DE SOFISTICAÇÃO PARA CONQUISTAR O BRASIL
Em um movimento sutil, quase como um sussurro no agitado mercado de SUVs médios brasileiros, a Honda revelou nesta semana a linha 2026 do ZR-V. Sem fanfarra ou eventos grandiosos, o modelo Touring - único disponível por aqui - surgiu no site oficial da montadora, mantendo o preço de 214.500 reais e prometendo atualizações que visam injetar um sopro de frescor em um veículo que, apesar de suas qualidades, ainda patina nas vendas.
Importado do México, onde é conhecido como HR-V em alguns mercados, o ZR-V chega para enfrentar gigantes como o Jeep Compass e o Toyota Corolla Cross, apostando em refinamentos pontuais que elevam sua presença urbana sem alterar a essência confiável da marca japonesa.
O ZR-V 2026 mede 4.570 mm de comprimento, 1.840 mm de largura e 1.610 mm de altura, com um entre-eixos generoso de 2.650 mm que garante espaço interno para cinco ocupantes sem apertos. O porta-malas, com 389 litros de capacidade (expansível para 1.306 litros ao rebater os bancos traseiros), é prático para o dia a dia de famílias modernas, enquanto o tanque de 53 litros assegura autonomia para viagens semanais sem paradas constantes. Mas o que realmente chama atenção nessa renovação é o visual mais assertivo: as antigas rodas de liga leve de 17 polegadas, calçadas com pneus 215/60, dão lugar a um conjunto diamantado de 18 polegadas, equipado com pneus 225/55 mais largos e agressivos. É uma mudança sutil, mas que confere ao ZR-V uma postura mais imponente nas ruas, especialmente nas novas opções de cores - reduzidas a três tons sóbrios: Cinza Titanium, Azul Aurora e Preto Cristal.
Por dentro, o cockpit mantém o DNA premium da Honda, com materiais de alta qualidade e um layout ergonômico que prioriza o conforto. O painel de instrumentos digital de 7 polegadas e a central multimídia de 9 polegadas continuam como pilares, agora potencializados pelo Android Auto sem fio - uma adição bem-vinda para quem vive conectado, eliminando cabos e frustrações no trânsito caótico. O ar-condicionado dual-zone, o teto solar elétrico e o carregador por indução de 15 watts para smartphones reforçam o apelo tecnológico, enquanto o rebatimento elétrico automático dos retrovisores externos facilita manobras em estacionamentos apertados. Em termos de segurança, o pacote Honda Sensing segue como trunfo: controle de cruzeiro adaptativo, assistente de permanência em faixa, frenagem autônoma de emergência e comutação automática de faróis, tudo protegido por oito airbags. Não há revoluções, mas esses toques acumulam uma sensação de evolução orgânica, como se o ZR-V estivesse se adaptando ao pulso acelerado do Brasil.
Debaixo do capô, a mecânica permanece fiel à tradição eficiente da Honda: o motor 2.0 aspirado a gasolina, com injeção direta i-VTEC, entrega 161 cv de potência a 6.500 rpm e 187 Nm de torque a 4.200 rpm. Acoplado a uma transmissão CVT com 7 velocidades simuladas, o conjunto prioriza suavidade e economia - médias de até 11 km/l na cidade e 13 km/l na estrada, segundo dados da Honda -, sem as promessas de hibridização que a marca adianta para o futuro. É uma escolha conservadora em um mercado sedento por eletrificação, mas que reflete a estratégia da marca: qualidade duradoura sobre modismos passageiros.
Lançado no Brasil em outubro de 2023, o ZR-V nunca decolou como esperado. A meta inicial de mil unidades mensais esbarrou na realidade de cerca de 300 emplacamentos por mês, totalizando modestos 1.698 no acumulado de 2025 até setembro, de acordo com a Fenabrave. Descontos agressivos, que chegam a 40.000 reais em algumas concessionárias, ajudaram a aproximá-lo do irmão menor HR-V Touring (209.900 reais), mas o novo ano-modelo busca reverter essa maré com esses upgrades acessíveis. “É um carro para quem valoriza o equilíbrio entre performance, tecnologia e confiabilidade”, comentou um porta-voz da Honda, ecoando o otimismo contido da marca.
No fim das contas, o ZR-V 2026 não reinventa a roda - ou melhor, não a aumenta além das 18 polegadas. Ele é o narrador calmo em meio ao barulho dos SUVs barulhentos, convidando condutores exigentes a redescobrirem o prazer de dirigir sem excessos. Com pré-vendas já rolando nas lojas, o modelo chega às concessionárias nas próximas semanas, pronto para provar que, às vezes, uma renovação discreta é o que basta para reacender o interesse. Em um segmento onde o Compass e o Corolla Cross dominam com volumes estratosféricos (mais de 44 mil e 51 mil unidades no ano, respectivamente), o Honda aposta no boca a boca e na lealdade de sua clientela fiel. Resta ver se essa história terá um final de sucesso nas estradas brasileiras.