ITALDESIGN QUARANTA: O FUTURO SEGUNDO GIUGIARO
Mergulhar no universo dos concept cars é como olhar para o futuro através da lente da imaginação automotiva. E se há um nome que simboliza essa visão audaciosa, é o de Giorgetto Giugiaro e sua casa de design Italdesign. O conceito de 2008, batizado de Quaranta, não foi apenas um exercício de estilo - foi uma verdadeira declaração sobre como o desempenho e a sustentabilidade poderiam coexistir sem comprometer a emoção.
Apresentado no Salão de Genebra de 2008, o Italdesign Quaranta (que significa ‘quarenta’ em italiano) foi criado para celebrar os 40 anos de história do estúdio fundado por Giorgetto Giugiaro. Longe de ser uma simples homenagem, o modelo representava a essência da filosofia da empresa: unir estética futurista, engenharia avançada e funcionalidade em um só corpo.
Giugiaro descreveu o Quaranta como uma ‘monocápsula multifuncional’, um veículo pensado para o novo milênio, onde luxo e consciência ambiental poderiam andar lado a lado. O design era uma homenagem moderna aos supercarros clássicos dos anos 1970, especialmente o Bizzarrini Manta de 1968, primeiro carro assinado por Giugiaro sob a marca Italdesign. O Quaranta reinterpretava aquelas linhas baixas, geométricas e aerodinâmicas, agora em um formato ainda mais puro e afiado.
O corpo monolítico, com apenas 1.2 metros de altura, exibia superfícies contínuas e proporções futuristas. As portas do tipo asa de borboleta abriam-se verticalmente, revelando um interior minimalista, projetado para quatro ocupantes - algo incomum em supercarros. A carroceria em fibra de carbono, a ausência de frisos e a iluminação totalmente em LEDs criavam uma silhueta limpa e tecnológica, como se o Quaranta tivesse saído diretamente de um estúdio de ficção científica.
Mas a ousadia do Italdesign Quaranta ia muito além da aparência. Sob sua pele esculpida, batia um coração híbrido: o mesmo sistema do Toyota Hybrid Synergy Drive, proveniente do Lexus RX 400h. A combinação de um motor V6 a gasolina de 3.3 litros e motores elétricos proporcionava tração integral e uma potência combinada de cerca de 268 cv. O carro era capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em pouco mais de 4 segundos, mas o dado mais impressionante era sua eficiência energética - consumo e emissões equivalentes aos de um sedan médio híbrido.
Para reforçar o caráter ecológico, o Quaranta foi equipado com painéis solares no teto e no capô, que alimentavam os sistemas auxiliares e ajudavam a carregar as baterias. Giugiaro via o projeto como uma vitrine do que seria possível ao unir o design italiano à tecnologia japonesa - uma cooperação que ele chamou de “aliança da razão com a emoção”.
No interior, o painel digital e o sistema de infotainment eram futuristas para 2008, com telas integradas e comandos tácteis. O ambiente combinava luxo e simplicidade, com o uso de materiais recicláveis e iluminação ambiente ajustável.
O Italdesign Quaranta nunca chegou a ser produzido, mas deixou uma marca indelével como manifesto de inovação. Representava a visão de Giugiaro sobre o futuro do automóvel: um objeto de desejo, mas também de responsabilidade. Seu legado ecoa até hoje nos conceitos que buscam conciliar desempenho e sustentabilidade - algo que, em 2008, ainda parecia um sonho distante.