JAGUAR XJR-15: O ESPORTIVO MAIS RADICAL QUE JÁ OSTENTOU O EMBLEMA DA MARCA BRITÂNICA
Em um primeiro momento, lembrar-se de um esportivo de motor central da Jaguar é basicamente mencionar o XJ220. O célebre projeto criado a partir de alguns funcionários da marca que decidiram dedicar seu tempo livre aproveitando um pouco da tecnologia e projetos descartados pela marca, e que passou para a história como ‘o hiperesportivo’ da marca britânica.
No entanto, a realidade é que o XJ220 foi fabricado por uma empresa criada especificamente entre a Jaguar e a Tom Walkinshaw Racing (TWR): a Jaguar Sport. E o fato mais importante é que antes do XJ220 existiu o XJR-15, mais radical que o próprio XJ220, nascido com o mesmo DNA daqueles ‘dois lugares’ do Grupo C da marca britânica, desenvolvido pela Jaguar Sport.
Entretanto, o Jaguar XJR-15 é praticamente um desconhecido, e são muito poucos que o conhecem. O exemplar de cor azul que aparece nas fotografias é uma unidade que acaba de virar notícia, já que saiu finalmente de seu esconderijo depois de muitos anos. Na verdade, o carro rodou apenas 846 milhas - cerca de 1.362 km - e está basicamente novo, como se estivesse guardado e conservado em uma cápsula do tempo.
O modelo está à venda nas instalações do especialista britânico Jeremy Cottingham, que o colocou à venda por um preço de 400.000 libras esterlinas (1.6 milhões de reais).
É uma unidade de 1991 (chassi número 21), sendo um dos somente 27 exemplares que foram fabricados com especificações de estrada, de um total de 50 XJR-15 fabricados. Os outros serviram para criar uma copa monomarca de circuitos.
Seu projeto foi muito simples, tomaram como base a mesma plataforma monocasco de fibra de carbono do XJR-9 que competia na categoria Grupo C do Mundial de Construtores, o antigo World Sportscars Championship, e o motor V12 de 6.0 litros. Gerava 450 cv e contava com uma transmissão manual de 5 velocidades e a plataforma herdada diretamente do XJR-9 praticamente só tratava de suavizar o seu radical comportamento, já que era um veículo de corridas homologado para as ruas.
Sua origem é muito simples. Após as vitórias da Jaguar em parceria com a TWR e o XJR-9 nos anos 80, vários clientes solicitaram a Tom Walkinshaw para que desenvolvesse uma versão de rua. Entre estes havia personalidades como o piloto Derek Warwick e o Sultão de Brunei.
O estilo de sua carroceria é assinado por Peter Stevens, mas o seu aerodinâmico design foi obra do grande Tony Southgate. Seu desenvolvimento começou em 1988 e partiu diretamente do monocasco central de carbono do XJR-9 utilizado em competições, alargado para poder acomodar dois ocupantes. Trata-se do primeiro modelo de rua fabricado completamente em fibra de carbono e kevlar (chassi e carroceria).
Com um peso de somente 1.050 quilos, que junto aos 450 cv das versões de rua mais básicas, ofereciam uma relação peso/potência espetacular. Durante sua produção, a TWR lançou uma versão ainda mais radical, o XJR-15 LM. Este utilizava um motor V12 de 7.4 litros presente no XJR-9 que elevava a potência até 710 cv. Dessa versão foram fabricados 5 exemplares, facilmente reconhecidos por seu aerofólio traseiro maior e um discreto splitter dianteiro.
O Jaguar XJR-15 passou quase que despercebido pela história do automobilismo, mas um dos projetos posteriores derivados diretamente deste é muito mais conhecido, o Nissan R390 de Le Mans. Depois do projeto Jaguar, a Nissan contratou a TWR para o projeto R390, que utilizava o chassi e o cockpit do XJR-15, com novas partes dianteira e traseira, uma suspensão revisada e um motor da marca japonesa.
O Nissan R390 não venceu em Le Mans 1998, uma das edições mais concorridas da história com inúmeras equipes oficiais, mas obteve a terceira posição na classificação geral, além de colocar os outros 3 R390 na quinta, sexta e décima posições finais.