JEEP COMMANDO 1972: O ELO ENTRE A TRADIÇÃO E A MODERNIDADE OFF-ROAD AMERICANA
No início da década de 1970, os Estados Unidos viviam uma fase peculiar no mundo automotivo. O público começava a se interessar por veículos que pudessem enfrentar trilhas e acampamentos, mas sem abrir mão de certo conforto e estilo. A Jeep, herdeira direta da lendária Willys que ajudou a vencer a Segunda Guerra Mundial, entendeu cedo essa tendência - e o Jeep Commando foi sua resposta.
Lançado originalmente em 1966, o Commando nasceu sob a insígnia Kaiser Jeep como um utilitário leve e versátil, destinado a competir com modelos como o Ford Bronco e o International Scout. No entanto, foi a versão de 1972, já sob o comando da AMC (American Motors Corporation), que marcou uma virada importante na trajetória do modelo.
A AMC promoveu uma grande reformulação mecânica e estética no Commando, aproximando-o dos gostos da nova década. O modelo abandonou a dianteira característica de nariz plano - herança direta do design Willys - e ganhou um capô alongado e grade integrada, visualmente mais próximo dos carros de passeio da época. Essa mudança visual dividiu opiniões entre os puristas, mas aproximou o Commando de um público mais amplo, que buscava um utilitário com apelo urbano.
Sob o capô, as novidades eram ainda mais expressivas. A partir de 1972, o Commando podia ser equipado com o motor AMC V8 de 5.0 litros, oferecendo cerca de 150 cv de potência - uma cifra respeitável para um veículo off-road daquele porte. Também estavam disponíveis motores seis-em-linha de 3.8 e 4.2 litros, oferecendo mais opções de desempenho e consumo.
O sistema de tração 4x4 permanecia fiel à tradição Jeep, com transmissão manual de 3 ou 4 velocidades e uma robusta caixa de transferência Dana 20. O chassi em longarinas e os eixos rígidos garantiam resistência incomparável, permitindo ao Commando encarar subidas rochosas, lamaçais e dunas com a mesma naturalidade com que cruzava avenidas suburbanas.
O interior, embora simples, refletia a nova filosofia da AMC: mais conforto e acabamento, com bancos revestidos em vinil, painel metálico com instrumentos redondos e detalhes cromados discretos. Algumas versões ofereciam direção hidráulica, freios assistidos e até transmissão automática - itens de luxo para um Jeep naquela época.
Entre as carrocerias, o Commando oferecia Station Wagon, Convertible e Pick-up, todas com o mesmo espírito aventureiro, mas adaptadas a diferentes estilos de vida.
Apesar das melhorias, o Commando 1972 teve uma carreira breve. Em 1973, a AMC descontinuou o modelo, substituindo-o pelo Jeep Cherokee SJ, um projeto mais moderno e voltado ao novo público dos ‘4x4 familiares’. No entanto, o Commando manteve seu legado como o último Jeep a conservar o DNA direto dos tempos da Kaiser - robusto, mecânico e essencialmente autêntico.
Hoje, o Jeep Commando 1972 é visto como um elo de transição entre a era dos utilitários puros e a dos SUV modernos. Um carro que ainda carrega a essência dos pioneiros de guerra, mas já com o conforto que anunciava o futuro.
É um verdadeiro símbolo do início da cultura off-road lifestyle americana - aquele espírito de liberdade, lama e horizonte que o Jeep sempre soube representar como ninguém.