KOUGAR SPORTS: A ALMA SELVAGEM DOS ROADSTERS INGLESES RENASCE COM CORAÇÃO JAGUAR
A década de 1960 foi um período de ouro para o automobilismo britânico. Marcas como Jaguar, Aston Martin, MG e Lotus definiam o conceito de esportividade elegante, enquanto pequenas oficinas artesanais floresciam em garagens e galpões por todo o país, criando máquinas exclusivas movidas pela paixão e pela engenharia pura. Foi nesse cenário que surgiu a Kougar Cars, uma empresa fundada pelo engenheiro Rick Stevens, que via no design dos carros de corrida dos anos 1950 - especialmente o Jaguar XK120 e o lendário C-Type - uma fonte de inspiração para algo que combinasse o espírito clássico com a robustez moderna.
O primeiro modelo, o Kougar Sports, nasceu dessa visão. Construído de forma artesanal e lançado inicialmente como um carro para uso em pistas e rallys, o Kougar exibia uma carroceria leve e fluida, de proporções perfeitas, com longos para-lamas, grade ovalada e cockpit aberto - uma homenagem direta aos bólidos que brilharam em Le Mans e Goodwood poucos anos antes.
Mas o que realmente o tornava especial estava sob o capô. Stevens escolheu equipar o Kougar com mecânica Jaguar, aproveitando motores e componentes do Jaguar XK120, XK140 e, mais tarde, do Jaguar XJ6. O lendário motor de 6 cilindros em linha de 3.4 a 4.2 litros, com dupla comando de válvulas e cabeçote em alumínio, fornecia potência abundante e um ronco inconfundível - uma sinfonia metálica que unia suavidade e vigor.
Com chassi tubular, suspensão independente e peso reduzido, o Kougar Sports oferecia uma condução visceral, sem filtros, ao melhor estilo britânico. Era um carro que pedia estradas sinuosas, onde o vento e o som do motor criavam uma experiência sensorial pura - como dirigir um fragmento da história.
Visualmente, cada exemplar era ligeiramente diferente, já que a produção era limitada e personalizada de acordo com o gosto do comprador. Alguns traziam acabamento em alumínio polido, outros em pintura metálica profunda; todos, porém, exibiam o mesmo equilíbrio entre elegância e agressividade. O interior era simples, funcional e belo em sua honestidade: bancos de couro costurado à mão, instrumentos Smiths analógicos e volante de madeira de três raios.
Embora nunca tenha alcançado o sucesso comercial das grandes marcas, o Kougar Sports tornou-se um objeto de culto entre colecionadores e entusiastas. Sua combinação de engenharia Jaguar, estética de corrida e produção artesanal transformou-o em um ícone discreto - um verdadeiro tributo à era em que dirigir ainda era uma arte.
Nos anos seguintes, a Kougar Cars manteve viva essa tradição com outros modelos, incluindo versões modernizadas do Sports e o Kougar Monza, mas sempre preservando a filosofia original: desempenho com alma, feito à mão e movido pela paixão.
Hoje, o nome Kougar representa uma das últimas expressões autênticas do spirit of British motoring - aquela mistura de elegância, ousadia e romantismo que só os pequenos fabricantes ingleses conseguiram capturar com tanta sinceridade.
O nome ‘Kougar’ foi escolhido por Rick Stevens como uma brincadeira fonética com ‘Cougar’ (puma, em inglês), mas também para sugerir velocidade e agilidade. Já o emblema da marca - uma cabeça de felino estilizada - foi desenhado por um amigo artista em uma das primeiras oficinas da empresa, em Kent. Cada carro, até hoje, é montado com placa numerada e detalhes personalizados, preservando o espírito artesanal de sua origem.