LOTUS EXCEL 1988: O EQUILÍBRIO BRITÂNICO ENTRE LEVEZA E SOFISTICAÇÃO
Nos anos 1980, a Lotus vivia um momento de transição. A genialidade de Colin Chapman ainda pairava sobre Hethel como uma sombra inspiradora, mas o futuro exigia novas respostas. Depois do carismático Esprit ter se tornado um símbolo da esportividade britânica em sua forma mais pura e angulosa, a marca buscava algo diferente: um carro que mantivesse a precisão de condução de um esportivo, mas oferecesse o conforto e a praticidade de um Gran Turismo. Assim nasceu o Lotus Excel - um coupé que parecia equilibrar o melhor de dois mundos.
O Excel começou sua trajetória em 1982, evoluindo discretamente até o final da década. O modelo de 1988, em especial, representava a maturidade dessa ideia: um carro refinado, preciso e surpreendentemente versátil. Sob a carroceria de fibra de vidro - uma assinatura da Lotus - repousava um chassi de aço galvanizado, leve e rígido, que conferia ao coupé um comportamento dinâmico de tirar o fôlego.
No coração, pulsava o motor Lotus 912, um bloco de 4 cilindros e 2.2 litros com duplo comando de válvulas e cabeçote em alumínio. Entregava 180 cv na versão SE, o suficiente para levar o Excel de 0 a 100 km/h em cerca de 7 segundos, mantendo a tração traseira viva sob o comando de uma transmissão manual Toyota - fruto de uma parceria que adicionou confiabilidade sem roubar a essência artesanal da Lotus.
Por dentro, o Excel exibia um ambiente mais acolhedor do que os esportivos anteriores da marca. O painel, envolvente e bem instrumentado, refletia a tentativa da Lotus de se aproximar de um público que desejava esportividade, mas também conforto para longas viagens. Os bancos em couro, o acabamento caprichado e a ergonomia aprimorada mostravam que a marca havia aprendido com as exigências de um novo tempo.
Visualmente, o carro exalava sobriedade. As linhas de Oliver Winterbottom, com faróis escamoteáveis e proporções elegantes, expressavam o estilo tipicamente britânico da época - esportivo, mas sem ostentação. O Excel parecia querer passar despercebido, até o momento em que surgia uma curva sinuosa. Aí, sim, mostrava o que sabia fazer: leve, comunicativo e fiel ao asfalto como poucos.
Ainda que tenha passado despercebido entre os holofotes do Esprit e o futuro estrelato do Elise, o Lotus Excel tem seu lugar reservado na história. Foram produzidas pouco mais de 2.000 unidades, e cada uma delas carrega consigo a essência de um período em que a Lotus tentava provar que leveza e sofisticação podiam, sim, coexistir.
O Excel foi um dos primeiros modelos da Lotus a incorporar uma série de componentes mecânicos da Toyota, incluindo transmissão, diferencial e até partes da suspensão. Essa colaboração ajudou a marca britânica a conquistar um novo patamar de confiabilidade - sem jamais trair o lema que a consagrou: “Simplify, then add lightness”.