LOTUS TYPE 66: UM CAN-AM ESQUECIDO QUE RENASCE COMO EDIÇÃO LIMITADA
A Lotus, além de seus planos de eletrificação da linha, criou um departamento muito especial e de alta personalização chamado Lotus Advanced Performance, que tem um objetivo muito claro: utilizar projetos das décadas de 60 e 70 do século passado como base para criar espetaculares e exclusivos veículos de alto desempenho e altíssimo preço.
A Lotus é uma daquelas marcas britânicas com um grande legado histórico em suas costas, e quer tirar vantagem disso. O retro está na moda e na indústria automobilística resgatar e reeditar velhas glórias está na ordem do dia.
O Lotus Type 66 é o primeiro exemplo: está baseado nos projetos encomendados pelo fundador da marca, Colin Chapman, cujo último objetivo era ingressar na série de corridas norte-americanas Can-Am lá pela década de 1970. No entanto, suas peripécias na F1 fizeram-no abandonar este projeto, que ficou na gaveta.
E foi precisamente daí que foi resgatado este Lotus Type 66, que ganhou vida meio século depois, com a tecnologia e métodos de construção atuais. Serão produzidos apenas 10 exemplares, a um preço de 1 milhão de libras esterlinas cada um, cerca de 6.3 milhões de reais ao câmbio de hoje.
O filho de Colin Chapman, Clive, atual diretor geral do Classic Team Lotus, foi uma peça chave para recuperar o material original que resgata este Lotus Type 66, que esteve guardado em 28 rolos de microfilme durante décadas em uma caixa à prova de fogo.
A Lotus Advanced Performance levou muito a sério este primeiro projeto. Logo mais ‘projetos perdidos’ que nunca viram a luz do dia como este Lotus Type 66 que foi mostrado na Monterrey Car Week serão resgatados também.
Para dar vida a esta criação retro-moderna, que teria compartilhado sua filosofia de design com o Type 72 F1 se tivesse se tornado realidade com seus radiadores laterais para melhorar a aerodinâmica, foram realizadas recreações digitais usando os desenhos em escala 1:4 e 1:10 feitos por Geoff Ferris naquela época.
É claro, foram agregados os padrões de segurança e elementos modernos, como a barra de segurança fixa, direção assistida, freios ABS (aperfeiçoados para seu uso em pista), transmissão sequencial com embreagem multidisco, marcha ré, etc.
O Lotus Type 66 foi criado em torno de um chassi de alumínio extrudado colado, como dos esportivos atuais da marca britânica, e uma carroceria de fibra de carbono, pintada para a ocasião com os típicos vermelho, dourado e branco dos F1 da Lotus naquela época.
A espetacular linha exterior é claramente dominada pelo enorme aerofólio traseiro, com uma largura superior à do próprio veículo, os pneus cobertos, a dupla saída de escape traseira de grandes dimensões e as trombetas que sobressaem do motor.
A nível mecânico, pelo fato deste Lotus Type 66 não ter saído da prancheta na época, não havia um motor designado para ele.
Mas a marca britânica procurou ser fiel ao que teria feito na época (um V8 de origem Chevrolet), de modo que optou por um propulsor V8 ‘equivalente’ ao da época. Estima-se uma potência de 830 cv a 8.000 rpm e um torque de 747 Nm a 7.400 rpm.
A Lotus assegura que seu novo Type 66 poderá alcançar níveis de desempenho que poderia ser comparado facilmente a um GT3 atual. Apenas 10 sortudos terão a oportunidade de experimentá-lo com os 800 kg de carga aerodinâmica capaz de gerar a 241 km/h.
Simon Lane, diretor executivo da Lotus Advanced Performance, comentou: “O Type 66 combina perfeitamente o passado e o presente. Leva os condutores de volta no tempo, ao design icônico, ao som e ao teatro puro do automobilismo há mais de 50 anos, com o desempenho e a segurança do século XXI. Este é um projeto verdadeiramente único e no ano de nosso 75º aniversário é o presente perfeito da Lotus, para os entusiastas de todo o mundo e para um punhado de clientes”.