NOVO FERRARI SF90 XX: DESEMPENHO DE CIRCUITO PARA O DIA A DIA

Ir ao circuito de Fiorano, o lugar onde são testados e desenvolvidos os modelos de rua e de competição da Ferrari, sempre é especial. Mas no caso da apresentação do novo esportivo do qual falamos hoje, faz ainda mais sentido.
Afinal de contas, o novo Ferrari SF90 XX Stradale (e sua versão conversível, o SF90 XX Spider) significa um novo conceito para a marca italiana, onde se fundem a filosofia das séries especiais da marca, como o F488 Pista e o F812 Competizione, e o programa de modelos XX (como os F599XX e o FXX-K EVO), destinado à uma condução exclusiva em circuito.
O resultado é um modelo único e em edição limitada, com uma regulagem e um desempenho focado no circuito, onde estão incluídos os últimos avanços em eletrificação da marca, e com o qual se pode circular legalmente por estradas abertas. Um plano perfeito.
Por tratar-se de uma série especial, falamos concretamente de 799 exemplares para o Stradale e de 599 para o Spider, com um preço de saída na Itália de 770.000 e 850.000 euros, respectivamente.
De acordo com fontes da marca, todos os exemplares já foram vendidos. Quanto às entregas, começarão no segundo trimestre de 2024 (último do ano, para o Spider).
Essencialmente, estamos falando de uma evolução do SF90 Stradale, de modo que este XX recorre a um esquema de propulsão híbrido plug-in, que toma como base o motor 4.0 V8 biturbo da marca (e seu espetacular som), para entregar uma potência máxima de 1.030 cv, que são exatamente 30 cv a mais que o modelo do qual deriva.
Entrando mais em detalhe, o motor a gasolina, localizado em posição central-traseira, aporta 797 cv ao conjunto, enquanto a parte elétrica entrega 233 cv, graças à utilização de três unidades elétricas: duas na frente e uma atrás, localizada entre o motor a gasolina e a transmissão que, aliás, é a F1 de dupla embreagem com 8 velocidades, com a mesma gestão eletrônica que no Daytona SP3.
Voltando à parte elétrica, recorre a uma bateria de íons de lítio de 7.9 kWh de capacidade, que oferece uma autonomia máxima de 25 quilômetros e permite ao carro circular em modo 100% elétrico até os 135 km/h.
É verdade que a redução de peso não é muito elevada em relação ao SF90 Stradale (10 quilos, para um total de 1.560), mas unido ao aumento de potência, permite baixar em dois décimos a aceleração de 0 a 100 km/h, parando o cronômetro nos 2.3 segundos, ou nos 6.5 segundos, se seguir acelerando até os 200 km/h.
Por sua parte, a velocidade máxima fica nos 320 km/h (20 km/h a menos que o SF90 Stradale), embora em circuito, compense isso com uma extraordinária carga aerodinâmica: a 250 km/h, o ‘downforce’ alcança os 530 quilos.
Nisso têm uma grande importância os dois novos dutos S-Duct, localizados no capô dianteiro e que geram 20% a mais de carga, assim como o splitter e o difusor dianteiro; este último assegura mais de 45 kg a 250 km/h.
Mas sem dúvida, o elemento aerodinâmico mais chamativo do carro é o novo aerofólio fixo traseiro, que arremata uma carroceria com certo ar ‘longtail’.
Um elemento que volta a um esportivo da Ferrari após décadas de ausência: de fato, o último modelo de rua que teve um aerofólio traseiro fixo foi o F-50, apresentado em 1995, e que seguia o caminho marcado pelo F-40 dos anos 80. Claro, nesta ocasião, também se combina com funções de aerodinâmica ativa.
Falando de dimensões, o carro alcança os 4.85 metros de comprimento, 2.01 de largura e 1.23 de altura, declarando uma distribuição de pesos entre ambos os eixos de 44/56. E no caso da versão Spider, se recorre a um teto duro retrátil (RHT), construído com painéis de alumínio, que pode ser removido em apenas 14 segundos, em uma velocidade máxima de até 45 km/h.
O eManettino do Ferrari SF90 XX, que mostra os seus modos de condução, permite a escolha entre quatro programas distintos: eDrive, para tração elétrica só com o eixo dianteiro; Hybrid, onde se prioriza usar a energia disponível; Performance, onde predomina a parte térmica; e Qualifying, ao mais puro estilo F1, para oferecer o máximo desempenho.
E é neste último modo onde aparece a função Extraboost. Com ela, se gerencia a parte elétrica para entregar um pico de potência extra ao condutor, durante um breve período de tempo, assegurando uma melhoria de 0.25 segundos em um traçado como o de Fiorano.
É claro, o sistema de freios não escapa das melhorias, com discos carbocerâmicos de 398 mm de diâmetro no eixo dianteiro, e de 390 mm no traseiro, complementados pelo sistema ABS evo, que atua nos modos Race e Qualifying.
Ele funciona determinando o deslizamento das rodas e otimiza a distribuição em relação a esta variável. É tão simples... e tão complexo. Claro, tampouco falta o eSSC ou electronic Side Slip Control.
Apresentado em Fiorano com a combinação de cores Branco Ártico e Laranja, para o Stradale, e Azul Dino e Amarelo Módena, para o Spider. No interior integra bancos do tipo bucket com estrutura de carbono, que passam a ser os mais leves da marca, assim como uma instrumentação digital de generoso tamanho e a clássica segunda tela, mais focada no passageiro.