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Nos primeiros anos da década de 1990, em meio ao trânsito apressado e ao constante som dos motores diesel ecoando nas ruas de Londres, havia uma figura inconfundível: o London Taxis International Fairway. Produzido pela LTI - London Taxis International, esse modelo de 1992 representava o auge de uma linhagem de veículos que, mais do que simples automóveis, tornaram-se parte da própria identidade britânica.

A história desse táxi remonta ao pós-guerra, quando a Carbodies - empresa sediada em Coventry - começou a fabricar carrocerias para os lendários táxis Austin. Com o tempo, a marca passou por diversas transformações: Austin, Carbodies, Mann & Overton, London Taxis International, até finalmente se consolidar no século XXI como LEVC - London Electric Vehicle Company, braço de mobilidade elétrica do grupo Geely. Mas em 1992, o Fairway representava o ponto culminante dessa evolução clássica.

Visualmente, o Fairway era imediatamente reconhecível. Sua carroceria de linhas arredondadas e faróis destacados evocava uma elegância funcional, fiel às tradições dos táxis londrinos. O interior, espaçoso e pensado para o conforto dos passageiros, mantinha o piso plano e o amplo espaço para bagagens - características que garantiam a praticidade necessária ao serviço de transporte urbano.

Sob o capô, o modelo de 1992 utilizava motores diesel Nissan de 2.7 litros, substituindo as antigas unidades Austin. A transmissão manual de 5 velocidades e a confiável tração traseira conferiam-lhe uma condução previsível e robusta, capaz de enfrentar as longas jornadas típicas dos motoristas da capital britânica. Apesar do desempenho modesto, a mecânica simples e resistente era uma das chaves para sua durabilidade lendária.

Os motoristas, conhecidos como black cab drivers, consideravam o Fairway um verdadeiro companheiro de trabalho - fácil de manter, econômico e construído para durar centenas de milhares de quilômetros. Já os passageiros o viam como um refúgio de civilidade em meio ao caos urbano: silencioso, estável e, sobretudo, símbolo de confiança.

Com o passar dos anos, o LTI Fairway foi substituído pelo modelo TX1, mais moderno e adaptado às novas normas ambientais. Ainda assim, o Fairway de 1992 permanece na memória coletiva como o último dos táxis ‘clássicos’ de Londres - aquele que preservava o charme nostálgico de uma era pré-digital, onde as ruas eram guiadas mais pela tradição do que pela tecnologia.

Hoje, enquanto a LEVC se reinventa na era elétrica com modelos como o TX e o VN5, o Fairway continua sendo o elo emocional entre passado e futuro. Ele não foi apenas um meio de transporte: foi, e ainda é, um símbolo sobre rodas da alma londrina.

Um táxi que carregou gerações, histórias e o espírito imutável da cidade que nunca para.