OPEL MANTA: UM OBJETO DE CULTO PARA OS ENTUSIASTAS DOS AUTOMÓVEIS ESPORTIVOS

Alguém poderia perguntar por que foi o Opel Manta B e não o Opel Manta A que se tornou o modelo mais famoso da saga. Presume-se que foi simplesmente pela disponibilidade do B, porque o A já havia sumido no final dos anos 80 e início dos anos 90, antes da febre de ‘tunear’ quase qualquer veículo.
Além disso, o anguloso Opel Manta B tinha um aspecto muito mais masculino que seu antecessor, um pouco mais discreto. E por último, mas nem por isso menos importante, o B esteve mais presente nos esportes a motor, por exemplo, na forma do Manta 400 com Ari Vatanen ao volante no Campeonato Mundial de Rallys.
Mas vamos começar pelo início. O Opel Manta B de 4.44 metros de comprimento (entre-eixos de 2.51 metros) foi apresentado em agosto de 1975. Tecnicamente, era baseado diretamente no então também redesenhado Opel Ascona, mas o perfil era influenciado pelo Chevrolet Monza de 1975. O Manta tinha um design mais ‘esportivo’, que incluía um nariz inclinado que não era visto no Ascona, mas sim em seu irmão britânico, o Vauxhall Cavalier Mk1.
Aliás, não houve um Vauxhall Manta no Reino Unido: o equivalente do Manta era o Cavalier Mk1 Sports Hatch e o Cavalier Mk1 Coupe. Em outros países como Alemanha, existiam inicialmente as versões Manta, Manta L, Manta Berlinetta, Manta SR e Manta GT/E, que foram oferecidos em meados de 1976.
A potência do motor oscilava entre os 55 cv do 1.2 N e os 105 cv do 1.9 E do GT/E. Ao contrário do seu arquirrival, o Ford Capri, o Manta nunca esteve equipado com um motor de 6 cilindros de fábrica.
As características exteriores do Manta GT/E eram o spoiler dianteiro de série, o capô pintado em preto fosco e as molduras dos vidros em preto. Tinha um chassi esportivo com amortecedores a gás e pressão. Também contava com um volante esportivo e instrumentação adicional. No Manta SR, só a parte central do capô estava pintada de preto.
A campanha publicitária para o lançamento no mercado foi um embaraçoso fracasso. A Opel veiculou anúncios com textos como “Sonhei que conduzia por Mônaco com a Caroline no novo Opel Manta”, e no anúncio do filme se manuseava assiduamente o joelho da passageira.
Quando vários clientes potenciais escreveram à Opel dizendo que não comprariam o Manta por causa deste anúncio, porque temiam passar ridículo com este carro, a publicidade foi descontinuada.
Em setembro de 1978 chegou uma versão adicional com tampa traseira e carroceria de três portas, o Manta CC. Não sem segundas intenções, era parecido com o Opel Monza, muito mais caro, que foi apresentado ao mesmo tempo. Depois de tudo, a Opel fabricou quase 100.000 exemplares do CC em Amberes (Bélgica) até 1988, e um total de exatamente 534.634 Manta B saíram da linha de produção.
Ambas as versões do Manta receberam um facelift em 1982, que incluía um spoiler dianteiro de plástico, saias laterais para os modelos GT/E e GSi, um pequeno spoiler na parte traseira e entradas de ar quádruplas na grade do radiador. Os motores de 1.2, 1.6 e 1.9 litros também deixaram de ser fabricados e foram substituídos pelos motores OHC de 1.3 litros, OHC de 1.8 litros, e S e E-CIH de 2.0 litros (embora o 1.9 de 75 cv continuasse disponível em alguns mercados). O GT/E mudou de nome e passou a chamar-se GSi a partir de 1983 (exceto no Reino Unido, onde foi mantida a denominação GT/E).
Naquela época, o Opel Ascona C já estava há quase um ano nos concessionários, mas ao contrário do Manta de tração traseira, era de tração dianteira. Presume-se que por isso não houve um Manta C, sobretudo porque o Manta mais apimentado estava prestes a iniciar sua jornada nos rallys.
O Manta 400 foi apresentado no Salão de Genebra em março de 1981. Era o sucessor do bem-sucedido Ascona 400 de rallys, com o qual Walter Röhrl havia sido proclamado Campeão do Mundo de Pilotos em 1982. O Manta 400 era na realidade um carro de competição pura, mas teve que ser fabricado em um volume de pelo menos 200 veículos devido ao regulamento da FIA para o Grupo B da época.
O Manta 400 tinha um motor de 2.4 litros com cabeçote de liga leve, quatro válvulas por cilindro e dois comandos no cabeçote. A potência de série deste carro de rally, com um peso de 960 kg, era de 144 cv, mas dependendo da versão era possível alcançar até os 272 cv. Dentro do equipamento destacavam-se os quatro discos de freio (os dianteiros ventilados internamente) e um diferencial de deslizamento limitado.
Até 1984 foram construídos 245 exemplares do Manta 400. Podia ser escolhido entre a denominada carroceria estreita e a versão larga de rallys com os para-lamas de GRP mais largos na parte dianteira com extensões também de GRP nos arcos de roda traseiros.
Também contava com pneus mais largos: até 285 mm montados sobre rodas Ronal de 15 polegadas no eixo traseiro e 225 mm no dianteiro. Além disso, foi construído um protótipo do Manta 400 sobre a base do CC, que se parecia ao Irmscher i2800 e dispunha de toda a tecnologia do Manta 400.
Em 1986 a Opel havia decidido desenvolver um substituto direto para o Manta, embora o Kadett E GSi tentasse captar a clientela ávida por performances. Aliás, ambos custavam mais ou menos a mesma coisa em 1987 na Alemanha, mas o Kadett oferecia 20 cv a mais. Mas uma coisa era um ‘GTI’ e outra um autêntico esportivo, como demonstrou a Volkswagen em 1988 com o Corrado. No final do mês de agosto de 1988 as linhas de montagem do Manta foram interrompidas, e um ano depois o Opel Calibra causou sensação no Salão de Frankfurt. Mas essa é outra história.
Atualmente, os Opel Manta não só podem ser admirados em vídeos ou fotografias. Em 2023, o lendário Manta de corridas também fará sua reaparição na corrida das 24 horas de Nürburgring. Na verdade, este Opel especial de corridas era um carro de rally. O experiente preparador de modelos da Opel, Kissling Motorsport, o converteu em um coche de corridas de resistência no início da década de 1990 por encomenda de Olaf Beckmann.
Desde então, seu coração tem sido um motor Opel de 4 cilindros e 1.8 litros de deslocamento. O cabeçote de 16 válvulas foi doado por um Opel Kadett E GSi. O motor aspirado naturalmente produz uma potência de 255 cv.
Seu peso em ordem de marcha é de apenas 930 quilos. O seu sofisticado sistema de freios, um eixo dianteiro projetado de forma especifica, junto a um aerofólio traseiro da Porsche, para-lamas da BMW com o capô e as portas de fibra de carbono, tornam este Opel de corridas um exemplar único para se curtir ao máximo as curvas fechadas do Nordschleife. O Beckmann Manta já rodou mais de 100.000 quilômetros no ‘Inferno Verde’.