OS PREÇOS DOS V8 AUSTRALIANOS DISPARARAM ATÉ LIMITES INIMAGINÁVEIS

Os V8 australianos eram autênticos muscle cars da velha escola. Sedans de marcas generalistas dotados de enormes e potentes motores de 8 cilindros com transmissão manual e tração traseira, mas com um preço suficientemente barato para uma grande parte do público. Essa receita podia ser encontrada em vários modelos de diferentes segmentos, desde sedans de orientação familiar até coupes e inclusive as pick-ups monocasco, as populares UTEs, um produto tipicamente australiano como os cangurus e os koalas.
A existência destes modelos se sustentava em grande parte pelas medidas protecionistas tomadas pelo governo australiano durante décadas, que penalizavam os veículos importados em favor do produto de fabricação local.
Esse cenário desapareceu no início da década passada, quando os impostos foram relaxados e o mercado australiano se abriu pela primeira vez e por completo ao produto externo, o que inundou os concessionários de produtos manufaturados em diferentes países asiáticos, como Indonésia, com preços muito mais baixos. Isso significou uma rápida e inexorável queda das vendas das marcas locais, como Ford e Holden.
Diante da queda de vendas, em meados da década passada, tanto Ford como General Motors decidiram eliminar todas as operações de fabricação e em alguns casos, também de desenvolvimento nesse mercado, para substituir os produtos locais por outros modelos similares fabricados fora da Austrália. É bem sabido que isso significou o desaparecimento de modelos históricos como o Ford Falcon e o Holden Commodore e todos os seus derivados, e mais recentemente, o desaparecimento completo da Holden como marca.
A demanda pelos exóticos V8 australianos não foi suficiente para manter uma indústria funcionando, mas o bastante para influir notavelmente no mercado de usados, onde nos últimos tempos houve um aumento gradativo da cotação dos modelos esportivos anteriormente fabricados nesse mercado.
De acordo com a imprensa especializada australiana, o preço médio dos modelos V8 no mercado de usados foi incrementado em nada menos que 40%, inclusive nas versões mais básicas e que procediam de produtos de produção regular. No caso das edições limitadas e de divisões esportivas como a HSV podemos encontrar casos realmente surpreendentes.
Nos últimos anos de produção do Ford Falcon e do Holden Commodore, os fabricantes lançaram algumas edições limitadas de despedida, que agora se tornaram autênticas peças de coleção com preços tão altos que só estão ao alcance de milionários. Até o ponto de bater o recorde de veículo de rua mais caro fabricado na Austrália em várias ocasiões em um curto espaço de tempo, uma barreira que até poucos anos atrás parecia inatingível, pois se encontrava nos 920.000 dólares australianos (705.000 dólares americanos) de um dos únicos dois exemplares fabricados do HSV HRT 427 Monaro. Agora o novo recorde está em mãos de um dos únicos 4 exemplares fabricados do HSV GTSR W1 Maloo em 2017 e que não chegaram a estar disponíveis ao público.
Este já teve a honra de ser o Holden mais potente da história, graças ao seu motor procedente do Corvette ZR1, e foi leiloado pela LLoyds há várias semanas por 1.05 milhões de dólares australianos mais a comissão de 7.5% da casa de leilões, uma cifra que se traduz em 800.117 dólares americanos sem contar a comissão. Mas este não foi o único caso, já que nos dois últimos anos vimos várias unidades atingir esses valores, como o Ford Falcon GTHO Phase III pertencente ao piloto Jeff Thomson, que alcançou um preço de 1.03 milhões de dólares australianos, ou os mais de 300.000 dólares americanos que alcançaram duas raras unidades do HSV VL Commodore Walkinshaw Group A SS de 1988 e o HSV VS GTS-R de 1996.
Por enquanto, o preço mais alto de um veículo australiano mais caro continua sendo o Holden Commodore de corridas pilotado por Peter Brock nas edições de 1982 e 1983 da Bathurst 1000, que alcançou os 2.1 milhões de dólares australianos em um leilão em 2018.