PIONEIRO NO PAÍS, CAMPO DE PROVAS DA GM COMPLETA 40 ANOS
- O Campo de Provas da Cruz Alta (CPCA) completa 40 anos em 2014 como o maior do hemisfério Sul e um dos mais modernos do mundo em sua categoria.
Localizado na cidade de Indaiatuba (SP), em uma área equivalente a 160 mil campos de futebol, o complexo da General Motors conta com sete laboratórios tecnológicos e 16 tipos de pistas de teste.
O propósito de toda essa estrutura é desenvolver e validar um veículo para que ele resista às mais variadas condições de pavimento, clima e tráfego que irá enfrentar ao longo de sua vida útil.
Além de auxiliar no desenvolvimento de projetos futuros, o campo de provas também é de extrema importância no aprimoramento constante de modelos em linha à disposição no mercado.
Isso ajuda a entender o porquê, no Brasil, os carros da Chevrolet são reconhecidos pelo elevado nível de robustez, conforto e segurança veicular.
Ao todo, mais de 600 profissionais - entre mecânicos, engenheiros e motoristas de teste, revezam-se dia e noite em testes laboratoriais e de pistas.
“Em seis meses conseguimos simular o desgaste que um automóvel sofreria se rodasse por dez anos em condições normais de trânsito”, compara Luciano A. Santos, diretor do CPCA.
Uma das etapas é passar pelas pistas de durabilidade, que reproduzem o uso do veículo em condições severas. Para isso, possuem uma variedade de tipos de pavimento, como asfalto irregular, buracos, valetas e até paralelepípedos, possibilitando a análise dos resultados de deterioração estrutural do veículo e de seus componentes em tempo reduzido, para antecipar possíveis correções.
Um dos circuitos que mais despertam curiosidade é a Pista Circular. Com 4,3 quilômetros de extensão e uma inclinação que chega a 56 graus, ele simula uma reta infinita. A 160 km/h, o carro contorna sem que o motorista precise girar o volante. Entre os testes feitos ali, estão os de arrefecimento do motor, consumo de combustível e velocidade máxima.
Mas antes de um carro novo chegar aos testes de rodagem, cada um dos seus componentes e sistemas precisa ser minuciosamente validado.
Um dos laboratórios pelo qual o item passa é o de Testes Estruturais. Lá, há robôs que executam movimentos repetitivos para certificar, por exemplo, que o fecho do cinto de segurança e a trava da porta são capazes de funcionar por milhares de vezes, interruptamente.
“Para cada tipo de componente há um nível padrão de exigência de durabilidade. O sistema de capô de um carro Chevrolet tem de funcionar ao menos 30 mil vezes”, cita Marcelo Silva, gerente do laboratório.
Só depois que a peça é completamente aprovada pode começar a ser produzida em série. E caso haja qualquer mudança no material ou no desenho do item, por mais sutil que seja, o processo precisa ser repetido para garantir que não haverá risco de falha.
Crash test
Por fim, um protótipo ainda precisa passar por testes de impacto. A GM certifica seus produtos para que ofereçam proteção aos ocupantes em colisões dianteira, lateral, traseira e capotamento, além de proteção a pedestres.
O Laboratório de Segurança Veicular tem capacidade de executar testes atendendo todos os padrões internacionais de segurança.
Os ensaios de impacto são tripulados por bonecos especiais, conhecido como dummys. Pela complexidade tecnológica, alguns deles chegam a custar mais de US$ 500 mil (cerca de R$ 1,2 milhão) e possuem sensores capazes de mensurar com precisão a gravidade das lesões.
Um automóvel moderno tem, em média, 4.000 peças e tudo precisa ser testado. Por isso que o ‘período de gestação’ de um carro, desde o desenho até o lançamento no mercado, dura de dois a três anos.
Até mesmo uma simples reestilização na grade ou no para-choque do veículo exige uma nova rodada de experimentos, pois é preciso verificar se a mudança não influenciará negativamente a captação ou o direcionamento do fluxo de ar que vai para o motor, o que resultaria em perda de desempenho e até maior nível de ruído.
O segundo maior campo de provas da GM no mundo, atrás apenas do de Milford, nos Estados Unidos, o CPCA também presta serviços de testes a filiais internacionais e outras marcas da companhia, como a Cadillac.
O centro ainda desenvolveu as versões tailandesa e australiana da Trailblazer e da S10, além dos modelos Spin e Cobalt que são produzidos na Indonésia e no Uzbequistão para o mercado russo.
CPCA tem de Pista de Tortura a engenheiro que afina o som do motor
Com acesso restrito a visitas, o Campo de Provas da General Motors em Indaiatuba (SP) é um local que desperta a curiosidade das pessoas, pois é lá que a empresa desenvolve os veículos Chevrolet no Brasil, incluindo os futuros projetos.
Para que não sejam revelados antes da data de lançamento ao mercado, os protótipos circulam mesmo internamente camuflados.
Por ano, o Campo de Provas da Cruz Alta (CPCA) realiza cerca de 16 mil testes, entre os laboratoriais e os de rodagem. Suas instalações são uma das mais completas do mundo.
Entre as principais estruturas, destacam-se o laboratório de eletroeletrônica, o de segurança veicular e o de emissões. Há também o laboratório de desenvolvimento de sistemas de refrigeração e o de vibrações e ruídos.
Muitas das atividades desenvolvidas pelos engenheiros da GM no CPCA são bastante específicas. Há, por exemplo, um comitê responsável por “afinar” o som dos motores Chevrolet ao gosto dos consumidores da marca.
40 anos de evolução
O campo de provas conta ainda com 16 tipos de pistas de testes, uma para cada finalidade, como a Pista de Tortura, usada para medir a integridade estrutural do veículo. Nesse percurso, o motorista não consegue transitar acima de 20 km/h, pois o pavimento é cheio de “tartarugas” quadradas e irregulares, além de valetas dispostas em ângulos diferentes.
Nestas quatro décadas de existência do CPCA, mais de US$ 120 milhões foram investidos na modernização e na ampliação do centro, que, no início, tinha apenas a estrada de terra da propriedade e uma garagem, que servia de escritório aos técnicos.
Naquela época, as tecnologias disponíveis também era outras. Os crash tests, por exemplo, precisavam de dois veículos, sendo um apenas para “puxar” o carro que bateria contra a barreira fixa.
Hoje, é possível realizar os mais variados experimentos virtualmente (por meio de supercomputadores) e certifica-los fisicamente depois, com testes realizados em condições absolutamente controladas.
Uma das últimas grandes obras do CPCA foi a construção do “Black Lake”. Esse nome deve-se ao fato de ele parecer um grande lago negro de asfaltado – são 120 mil m² de área, essencial à validação de sistemas eletrônicos de estabilidade, por exemplo.
Localizado a 110 quilômetros de São Paulo, o complexo é o maior do gênero em todo o hemisfério Sul.
Sustentabilidade
Desde a compra do terreno em 1972, a GM procura preservar as características do local ocupada hoje pelo Campo de Provas de Cruz Alta, no interior do Estado de São Paulo.
Estão lá, intactos, os velhos casarões da antiga fazenda habitados durante décadas pela família Waldemarin, ex-proprietária das terras. Pistas, laboratórios, escritórios e oficinas foram erguidos de maneira a não romper o equilíbrio natural, preservando a fauna e a flora locais. Para evitar acidentes com os animais nativos, foram construídas cercas ao longo das pistas.
A água potável é proveniente de poços artesianos que garantem a autonomia do CPCA. Já uma estação de tratamento de afluentes permite que o esgoto seja 100% tratado.
A preocupação da GM com a sustentabilidade pode ser comprovada ainda pela imensa área verde: são mais de 500 mil árvores fruto de reflorestamento e mais uma reserva de mata atlântica intocada.
No local, também há atividades agrícolas, como a produção da noz macadâmia e do milho, em substituição ao café que era plantado no local no passado.
Estrutura do CPCA
- Principais laboratórios
- Laboratório de Análise de Emissões - Inauguração: 1979
- Atividades: O primeiro laboratório implantado no CPCA começou apenas com uma célula de análise. Hoje são cinco e mais uma série de equipamentos capazes de realizar os mais variados tipos de testes referentes à área, incluindo o de carros a diesel com tração 4x4. Uma das principais atividades deste centro é estudar soluções para a redução das emissões de gases. Para se ter uma ideia dessa evolução, um carro nacional atual polui cerca de 30 vezes menos que um do final dos anos 80.
- Laboratório de Segurança Veicular - Inauguração: 1997
- Atividades: Um dos mais modernos do mundo, o laboratório de Segurança Veicular do CPCA é o único na América do Sul com recursos para testar e validar veículos conforme padrões Europeus, Japoneses e Americanos de proteção ao pedestre em caso de atropelamento. Alguns dos equipamentos utilizados foram criados no próprio campo de provas por projetistas brasileiros. Mas o primeiro crash test realizado no campo de provas ocorreu em 1975, com uma Caravan, em um evento à imprensa, que marcou a inauguração da área para impacto de veículos contra barreira fixa.
- Laboratório de Ruídos e Vibrações - Inauguração: 1997
- Atividades: Como o próprio nome diz, identifica ruídos ou vibrações que possam gerar desconforto aos passageiros do veículo. Caso o componente não se enquadre nos rigorosos níveis de qualidade da GM, ele é retrabalhado física ou quimicamente. Esse desenvolvimento ocorre tanta antes de o modelo ser lançado no mercado quanto depois, seguindo a política de melhoria contínua praticada pela empresa. A câmara semi-anecóica, por exemplo, onde são feitas as medições acústicas, tem paredes de 1 metro de espessura e piso construído sobre amortecedores para que que não haja interferência do meio externo.
- Laboratório de Testes Estruturais - Inauguração: 2000
- Atividades: Testa a durabilidade da carroceria além dos componentes do veículo que são submetidos às repetições, como o sistema das travas das portas e os elevadores dos vidros. Essa tarefa fica a cargo de robôs que chegam a executar a mesma operação mais de 100 mil vezes interruptamente. Para verificar se o carro funciona nas mais adversas condições climáticas, há uma câmara cuja variação de temperatura vai de -40ºC à +85ºC. O laboratório confere também itens de segurança passiva, por meio de testes estáticos que analisam a fixação dos bancos e dos cintos de segurança. Destaca-se também o simulador multiaxial: quatro pilares hidráulicos presos ao sistema de suspensão reproduzem os movimentos torcionais que veículo sofreria se tivesse transitando por pisos irregulares.
- Laboratório de Desenvolvimento de Ar Condicionado, Ventilação e Arrefecimento - Inauguração: 2000
- Atividades: Um superventilador capaz de gerar ventos de até 120 km/h é uma das ferramentas do laboratório para o desenvolvimento do sistema de refrigeração do carro, que precisa ser eficiente tanto em situação de pouca captação de ar, como em um congestionamento, quanto quando há excesso, como em estradas de alta velocidade. No caso de veículos pré-série, se os testes apontam falhas dinâmicas, o designer é obrigado a mudar o projeto, aumentando o tamanho da grade frontal ou redirecionando as aletas, por exemplo. Já a validação do ar-condicionado ocorre em uma câmara climática. Como alguns modelos da Chevrolet são exportados para países de clima muito quente, o aparelho tem de funcionar adequadamente até uma temperatura externa de 55ºC. Os níveis de qualidade e durabilidade exigidos pela GM a seus produtos são, em muitos casos, superiores até aos de marcas consideradas premium.
- Laboratório de Eletroeletrônica - Inauguração: 2009
- Atividades: Os carros estão ficando cada vez mais sofisticados e inteligentes graças, principalmente, ao avanço dos sistemas eletrônicos. Todos eles precisam funcionar perfeitamente em diversas condições de uso e por toda a vida útil prevista do veículo. No Laboratório de Eletroeletrônica, componentes recebem até descargas que simulam raios. É nesse local que ocorre ainda o desenvolvimento e a validação do sistema de som. Desde a escolha do posicionamento dos alto-falantes até um teste comparativo para saber qual antena melhor se adapta ao conjunto. Antes da inauguração deste centro, quase tudo isso era feito no exterior, o que demandava maior tempo e custo.
- Laboratório de Dinamica Veicular - Inauguração: 2013
- Atividades: Sofisticados equipamentos de medições permitem analisar, com extrema precisão, o comportamento dos sistemas de suspensão, pneus e rodas de um automóvel. Esses dados servem de base para que os engenheiros ajustem os parâmetros otimizando a melhor relação conforto e segurança, de acordo com a aplicação do modelo e a preferência do consumidor da marca Chevrolet.
- Principais pistas de teste
- Durabilidade Acelerada - Extensão: 4.000 m
- Atividades: É uma estrada de terra usada basicamente para testar carrocerias, componentes estruturais, transmissão e mecanismos de embreagem. Foi a primeira pista do Campo de Prova da Cruz Alta.
- Reta em Nível - Extensão: 5.200 m
- Atividades: Nela, são avaliados sistemas de freios, arrefecimento do motor, consumo de combustível, ruídos e vibrações e o desempenho do veículo. A pista é composta por duas retas paralelas e perfeitamente niveladas de 2.400 metros de extensão por 7 metros de largura, unidas por duas curvas com inclinações que variam de 10% (faixa interna) a 30% (externa).
- Poeira - Extensão: 2.900 m
- Atividades: É uma pista projetada para a formação de densas nuvens de pó. No circuito, de 2.900 metros, o veículo testado anda atrás de outro que levanta poeira. Assim, é possível avaliar a vedação da carroceria, bem como a eficiência do filtro de ar e de outros componentes.