PONTIAC BANSHEE 1964: O VERDADEIRO ANTECESSOR DO CHEVROLET CORVETTE C3

Para a grande maioria, o Chevrolet Corvette de terceira geração era baseado nas linhas do protótipo Mako Shark II de 1965. Tratava-se de um show car de formas atrevidas que adiantava as linhas do Corvette C3 três anos antes de seu lançamento como modelo 1968. Entretanto, o modelo que aparece nas imagens guarda extraordinárias semelhanças com o Corvette 68, embora não conte com os emblemas da Chevrolet, e o que é mais interessante, trata-se de um modelo anterior ao Mako Shark II.
Sua semelhança com o posterior Corvette C3 é incrível. Tanto por suas proporções como por suas linhas principais, o Banshee de 1964 adiantava o desenho original do Corvette C3, um modelo que não se caracterizava precisamente por ter um perfil convencional. E como geralmente acontece nesses casos, o motivo dessa semelhança não é mera casualidade.
O Pontiac Banshee - posteriormente denominado Banshee I – recebeu na época o código de projeto XP-833 e era capitaneado por John Z. Delorean, o mesmo que deu nome ao famoso carro protagonista do filme ‘Back to the Future’. As intenções originais, segundo muitos afirmam, é que Delorean pretendia lançar um rival para o então recém-nascido Ford Mustang, para o qual, na Pontiac, idealizaram o que seria o seu primeiro esportivo real, um verdadeiro ‘sportscar’.
Após vários modelos em escala e contemplar diversas opções, o projeto se traduziu em duas unidades funcionais, um coupe de cor prata equipado com um motor de 6 cilindros em linha e uma versão conversível de cor branca, este último equipado com um motor V8. Em ambos os casos, as linhas principais são as mesmas, portanto, são meras versões de carroceria do mesmo desenho original.
Oficialmente, os Pontiac Banshee, tanto estes primeiros exemplares como o resto dos concepts que utilizaram esse nome em décadas posteriores, serviram ao propósito de serem veículos de inspiração, concebidos para explorar novas ideias e influenciar os designers da marca. No entanto, Delorean tinha outras intenções para o projeto de 1964.
Não são poucas as fontes que garantem que para os responsáveis da Pontiac tratava-se de um projeto real, que nascia com a intenção de ser levado à produção, no entanto, a cúpula da General Motors não via com bons olhos esse projeto, pois não só seria um claro rival do Chevrolet Corvette em termos de potência e desempenho no organograma de marcas e modelos da GM, pelo menos sobre o papel, como poderia inclusive superá-lo em certos aspectos, já que poderia utilizar os mesmos motores utilizados pela linha Corvette, mas com cerca de 230 quilos a menos.
O modelo como tal nunca foi levado à linha de montagem, mas há quem afirme que Delorean foi tão insistente que Ed Cole, então CEO da General Motors, disse-lhe para que tomasse o Chevrolet Camaro como base para criar um novo modelo esportivo, que no final acabou se tornando o Pontiac Firebird.
O desenvolvimento do Pontiac Banshee não terminou com a criação dos dois únicos exemplares funcionais, pois embora os executivos da GM tivessem dado ordem expressa para terminar com o projeto já em 1964, no final de 1965 determinaram que a equipe de design modificasse a versão coupe do Banshee, tanto a nível exterior como interior, para adaptá-lo à imagem da Chevrolet. O que significou o início para que o Pontiac cancelado para não competir com o Corvette terminasse se tornando o próprio Corvette de terceira geração.
Na verdade não se sabe quanto de influência tiveram tanto o Banshee como o Mako Shark II em Larry Shinoda, o designer que assinou as linhas definitivas do Corvette C3, mas se sabe que na mesma época que se dava a ordem para transformar o Banshee em um design da Chevrolet, era criado o Mako Shark II, tomando como base o Mako Shark Concept original e modificando sua carroceria.
Ambos os protótipos do Banshee, o coupe e o conversível, conseguiram sobreviver até os nossos dias e hoje se encontram em mãos privadas, embora o coupe tenha mudado de dono em várias ocasiões nos últimos anos. Apesar de serem exemplares bem conhecidos entre os colecionadores, não contam com a verdadeira importância histórica que merecem, sendo praticamente um modelo desconhecido para a grande maioria, assim como sua história.