PSA QUER RECEBER DE VOLTA METADE DO VALOR PAGO PELA OPEL À GM

A PSA quer que a General Motors lhe devolva metade dos 1.3 bilhões de euros pagos pela compra da Opel e da sua irmã gêmea britânica Vauxhall, argumentando que os motores de ambas as marcas são muito ineficientes para cumprirem as metas de redução dos níveis de dióxido de carbono (CO2), informou a agência Reuters.
O problema com os motores obrigará a PSA fornecer sua própria tecnologia, que é mais eficiente, paras os modelos da Opel e da Vauxhall, a um ritmo mais forte do que o inicialmente previsto, de forma a cumprirem com os novos limites para as emissões de CO2 que a União Europeia irá impor a partir de 2021.
A PSA alega que quando comprou as duas marcas europeias da GM não teria sido informada devidamente sobre o estado das motorizações no nível de emissões, e entrará nos tribunais competentes para reclamar uma compensação entre 600 e 800 milhões de euros.
De acordo com a nova legislação europeia, a partir de 2021 as marcas terão de garantir que o valor médio das emissões de CO2 das suas linhas de modelos não excederá os 95 g/km, contra os 130 g/km atuais. As multas pelo não cumprimento desses limites poderão, segundo a Automotive News Europe, atingir centenas de milhões de euros anuais.
A queda nas vendas de modelos com motores diesel, mais eficientes que os a gasolina em termos de emissões de CO2, veio dificultar os objetivos e obrigar os fabricantes a fazerem grandes investimentos no desenvolvimento de motores menores e de novos sistemas de propulsão com menores níveis de emissões, como os híbridos plug-in e os elétricos.
A PSA alega que a estratégia definida pela General Motors para que a Opel/Vauxhall pudesse cumprir as metas de emissões estava dependendo das vendas do modelo elétrico Ampera-e (na imagem), a versão Opel do americano Chevrolet Bolt, com um prejuízo de 10 mil euros por unidade vendida, indica a Reuters.
“A solução técnica da GM era economicamente inviável e teria levado a enormes prejuízos”, confirmou uma fonte da PSA à Reuters.
Uma das primeiras decisões da PSA depois de ter tomado o controle efetivo da Opel, no final de julho, foi suspender a venda do Ampera-e na Noruega, o maior dos mercados onde o modelo já estava disponível, com mais da metade das 1.500 unidades já vendidas até ao momento. Simultaneamente, e para evitar prejuízos, a PSA aumentou o preço do Ampera-e na Europa em mais de 5.700 euros.
De acordo com um estudo de novembro de 2016, antes da venda à PSA, a Opel já iria falhar com o objetivo de redução das emissões em 3,7 gramas, mesmo contando com vendas de 20 mil unidades anuais do Ampera-e. Com a suspensão e a redução das vendas desse modelo, o valor ficará perto de 6 gramas acima dos limites. A PSA alega que o valor do não cumprimento poderá subir a 10 gramas, dadas as previsões irreais de vendas do Ampera-e e de modelos com motores diesel, o que implicará um pagamento de 1 bilhão de euros em multas.
Entretanto, a PSA decidiu avançar rapidamente com versões plug-in dos Opel/Vauxhall Corsa, Grandland X e Crossland X, o que implicará em custos de desenvolvimento não previstos no plano inicial de recuperação das marcas, apresentado em março. Também foi decidido que toda a linha Opel/Vauxhall passará a ter plataformas e motores de origem PSA três anos antes do que o inicialmente planejado.
A compra da Opel/Vauxhall implicou um pagamento feito pela PSA de 670 milhões de euros em dinheiro e de outros 670 milhões em garantias que seriam posteriormente convertidas em ações da PSA. Em um negócio paralelo, a PSA e o BNP Paribas também compraram por 900 milhões de euros, a empresa financeira da Opel.