REAPARECE O BUGATTI EB-110 GREENGAS ALIMENTADO POR GÁS METANO

A história da Bugatti Automobili no início da década de 90 é uma fonte de curiosidades, sobretudo relacionadas com os momentos posteriores à sua repentina e inesperada quebra, o que truncou numerosos planos da noite para o dia e deixou muitos clientes e modelos sem o devido suporte técnico e, portanto, órfãos depois de nascer.
E embora muitos aficionados tratassem de realizar um acompanhamento da história e documentar o futuro da marca e seus modelos desde então, incluindo um registro formal de todos os exemplares fabricados, ainda existe um bom número de unidades que continuam desaparecidas. Uma das mais interessantes e curiosamente mais desconhecidas era o Bugatti EB-110 #GT39049, um exemplar que foi utilizado pela marca como veículo de imprensa em inúmeras reportagens e testes, e que também conseguiu bater o recorde de velocidade para veículos de produção de propulsão alternativa com um sistema de alimentação de duplo combustível experimental, tecnologia que também havia sido desenvolvida pela própria marca.
Este exemplar foi fabricado no final de 1993 e sua primeira missão foi a de carro de imprensa. Como tal foi protagonista de numerosas manchetes e reportagens na Europa. Embora contasse com a configuração habitual da versão básica do modelo, com a carroceria azul, rodas estilo Royale e o interior com couro em duplo tom de cinza e painéis de madeira, a combinação com a qual havia sido apresentado o EB-110 em 1991, esta unidade contava com uma inexplicável raridade, um painel traseiro diferente onde se incluía o emblema da Bugatti e se modificavam as aberturas horizontais para deixar espaço. Um elemento que só foi aplicado a este exemplar e que nunca mais foi implementado em nenhuma outra unidade na linha de montagem, embora muitos clientes e especialistas tivessem adotado este design posteriormente em outros exemplares.
Após servir como veículo de demonstração, o EB-110 #GT39049 passou ao programa experimental da Bugatti, onde foi usado para desenvolver a versão do esportivo para os Estados Unidos. Por isso e pensando nas normas de emissões mais restritas da Califórnia, a Bugatti usou esta unidade para testar um sistema de alimentação de duplo carburante que havia sido desenvolvido por uma pequena empresa que também era propriedade da marca, a Bugatti Electronics, e que era dirigida pelo filho do criador desta tecnologia. Este sistema recebeu o nome de Ecogaz 2000 e contava com a colaboração de várias empresas energéticas italianas como parte do programa GreenGas, vocábulo que logo passou a ser o apelido deste protótipo.
A intenção da empresa era dupla, por um lado desenvolver um sistema compatível com qualquer outro veículo, e por outro criar uma versão do Bugatti EB-110 que fosse capaz de reduzir seu consumo e emissões com a finalidade de atrair mais clientes em mercados preocupados com a poluição, como a Califórnia. A maneira mais rápida que encontraram para captar a atenção midiática para o projeto foi precisamente criar este protótipo e tratar de bater um recorde de velocidade.
O sistema se baseava em injetar metano na mistura de gasolina e ar, de modo que o veículo contava com a configuração habitual mais os novos elementos do sistema de gás. Para isso, o protótipo recebeu numerosas modificações, pois além do sistema de alimentação em si, seus dutos e a eletrônica que o gerenciava, foi eliminada grande parte do habitáculo para instalar o enorme tanque de metano e um banco de competição com cintos específicos para maior segurança.
O teste foi realizado no dia 3 de julho de 1994 no circuito de Nardò com Loris Bicocchi ao volante, o piloto de testes da marca, e o objetivo não era outro que melhorar o recorde prévio estabelecido anteriormente pelo Bugatti EB-110 em sua versão GT. A equipe conseguiu a proeza nesse mesmo dia, alcançando uma velocidade máxima de 344.7 km/h na pista italiana.
Depois disso, o veículo foi exposto junto aos outros exemplares batedores de recordes da marca e inclusive chegou a protagonizar um teste da Road & Track, onde o Bugatti EB-110 GreenGas era comparado com um Ferrari F456 GT, um Jaguar XJ220 e um Porsche 911 RUF BTR para comprovar qual modelo era mais rápido.
Em 1995 foi modificado novamente e recuperou o interior completo original, além de suas rodas Royale, mas manteve muitos de seus elementos do sistema experimental de alimentação, incluindo os adesivos que distinguiam o protótipo. Inicialmente foi vendido na Itália, mas de acordo com o EB-110 Registry, pouco depois foi trasladado aos Estados Unidos, onde se acredita que esteve vários anos exposto no museu ‘The Museum of Bus Transportation’, na Pensilvânia. Mas depois desses vagos relatos foi perdida sua pista durante anos. Agora, segundo fontes deste mesmo registro, o modelo está prestes a ser anunciado por um museu da Pensilvânia, provavelmente o mesmo onde esteve exposto.
De modo que o exemplar #GT39049 voltará à luz, o que permitirá dispor pela primeira vez de imagens em alta resolução deste modelo, pois todas as fotografias que existem deste exemplar têm cerca de 20 anos e são de baixa qualidade e resolução.